Restos de Colecção: Martins & Costa

1 de fevereiro de 2024

Martins & Costa

Albino David Martins (?-1921) fundou, em 1887, uma mercearia na Rua Nova do Carmo, 39-41 (ex-primeira loja de "Custódio Cardoso Pereira", até 1892), em Lisboa, e para a qual constituiu a firma "Albino Martins & Commandita" com outros dois sócios: José Antonio David e Firmino José David. De referir que Albino David Martins era irmão de outro grande comerciante da praça de Lisboa, Eduardo David Martins, que com outro irmão Augusto David Martins, fundariam em 1889 a "Retrozaria Martins", futuros armazéns "Eduardo Martins & C.ª " na esquina da Rua Nova do Almada com a Rua Garrett.


1899

Em 28 de Março de 1896, Albino David Martins, por escritura dissolve a sociedade, «e cujo fim especial era o commercio de venda de generos de mercearia a retalho em uma loja na Rua do Carmo, nos 39 e 41» por comum acordo com os seus sócios, assumindo sozinho todo o activo e passivo da firma, continuando com o mesmo estabelecimento. Passa a designar-se por "Albino David Martins - Armazem de Viveres".

Em 13 de Julho de 1901 uma nota no jornal "Diario Illustrado":

«O nosso amigo Albino David Martins, proprietario do acreditadissimo armazem da rua do Carmo, 39 e 41, despachou hontem na alfandega sete caixotes com especialidades estrangeiras.
Ficam, pois, avisados os nossos leitores.»


1902


2 de Abril de 1903


24 de Dezembro de 1903

Entretanto outro armazém de viveres, fazia nome na mesma Rua Nova do Carmo, 73-75 o "José da Costa" de Joaquim José da Costa, especializado em artigos importados do Brasil. Por volta de 1914, toma de trespasse a mercearia e armazém de víveres de Albino David Martins, constituindo a firma "Joaquim José da Costa & C.ª ", ficando conhecida por "Frutariua Costa". Quanto ao seu estabelecimento nos 73-75, viria a trespassá-lo à livraria e editora "Portugalia", fundada em 1918, e que ali se instalou.


1908


1911

1916


Interior da "Frutaria Costa" aquando da "Semana dos Artistas", em foto de 23 de Janeiro de 1928

Albino David Martins, vivia em união de facto com a mui famosa vidente "Madame Joséphine Brouillard", de seu verdadeiro nome D. Virgínia Rosa Teixeira (1852-1925), que vivia no prédio, 37 a 49, do qual era proprietária. Esta já tinha sido casada, desde 1888, com Daniel Amílcar Barcínio de Campos do qual se viria divorciar. Era ali na sobreloja desse prédio que "Madame Brouillard" teve o seu consultório por muitos anos e que ali fez uma imensa fortuna. Albino Martins, cuja mercearia estava instalada numa das lojas do mesmo prédio pertencente a D. Virgínia, além de companheiro, também era administrador dos seus bens. Em 1910, foi seu representante legal na compra da Quinta da Caridade em Vila Real de Trás-os-Montes, e, a partir daí, iria acompanha-la sempre nas suas deslocações a esta cidade, onde era muito acarinhado. Ainda hoje a "União Artística Vilarealense" conserva o seu nome no quadro de sócios beneméritos que fazem parte da galeria de quadros do seu Salão Nobre. David Martins era um competente administrador dos negócios de D. Virgínia Teixeira, nomeadamente em Vila Real,onde se deslocava sozinho, principalmente na fase de construção dos vários edifícios. Albino David Martins viria a falecer em Março de 1921. Virgínia faleceria 4 anos mais tarde, em 4 de Setembro de 1925. 

D. Virgínia Rosa Teixeira (1852-1925), também "Madame Brouillard"


"Martins & Costa" (na elipse vermelha) no prédio 37 a 49 de D. Virgínia Teixeira

Voltando ao armazém de víveres, este viria ser trespassado a José Dantas Martins em 1939, que constituiria a firma "Martins & Costa, Lda.", nome pelo qual esta casa comercial ficou conhecida pelas décadas seguintes. Era uma loja especializada em frutas frescas refinadas, caça, peixe, bem como vegetais raros, além de mercearias e bebidas finas. Era realmente uma casa de qualidade com produtos que, como se costuma dizer, não se encontravam em mais lado nenhum. 

24 de Dezembro de 1944

Veio o terrível incêndio do Chiado em 25 de Agosto de 1988. O prédio da "Martins & Costa", foi dos primeiros a ser severamente atingido, tendo ficado completamente destruído. Aliás, viria a ser o único cuja fachada teve de ser totalmente demolida, para posterior nova construção.. Depois do incêndio este estabelecimento ainda se instalou na Rua Alexandre Herculano, onde esteve alguns anos, mas não daria continuidade à sua fama e sucesso, vindo a encerrar.

Após o incêndio do Chiado de 25 de Agosto de 1988, o que restou da "Martins & Costa"

A "Martins & Costa, Lda." viria a ser transformada numa sociedade anónima de responsabilidade e tornar-se-ia na "Martins & Costa, S.A." dirigida ao comércio por grosso de produtos alimentares, cash and carry, etc. com sede na R. Pereira Henriques (R. do Açúcar), na freguesia de Marvila, em Lisboa. Viria a fundir-se com a empresa "Dantas & Vale, S.A.", que actuava no ramo imobiliário. A sua cisão viria a verificar-se me 30 de Dezembro de 1996. A centenária "Martins & Costa, S.A." viria a entrar em processo de insolvência em Janeiro de 2016.

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