Quanto a cabeleireiros, praticamente tudo o que foi referido, no artigo "Modistas em Lisboa no Século XIX", publicado neste blog, em relação às chegadas e percursos comerciais das modistas estrangeiras em Lisboa, se poderá replicar para alguns cabeleireiros estrangeiros, famosos da época, também na sua grande maioria «francius».
Exemplo de uma Barbearia e Cabeleireiro, esta do "Vidago-Palace Hotel" em 1916
Os cabelleireiros francezes desforram-se vendendo pomadas, tinturas milagrosas, espelhos, cabelleiras, chapéos, bengalas, jóias falsas, etc., muito mais do que o que diz respeito ao seu commercio. Ha mesmo uma que vende ramalhetes e rosas.» in: "Portugal de Relançe" , de Maria Rattazzi (1881)
«Os historiógrafos coscuvilham, que Mr. Beloné, foi cabeleireiro do infante D. Manuel, irmão de D. Pedro V. Parodi, cabeleireiro dos Meninos de Palhavã, e Mr. Chautard, seu sucedâneo, brilharam no século XVIII. Não menos brilhou Pedro Raimundo da Paz, cabeleireiro de D. Pedro III. El-Rei D. João VI, na juventude, servia-se com o Antonio Cabeleireiro, a flor de liz dos Fígaros, quando Mr. Lafontaine se poleava para preparar as cabeleiras de seis andares de búcles sôbre a cabeça de D. Carlota Joaquina.» (*)
A Casa Real mantinha no seu quadro, dois cabeleireiro privativos: o Cavalluuci e Herculano Fragozo. O primeiro fornecia as cabeleiras aos arqueiros, sendo cabeleiras de nós para os sargentos, à generala para os cabos e de faccia com bôlsa para os soldados. Herculano Fragozo, fornecia cabeleiras de chicote para os cocheiros de almofada, cabeleiras de dois chicotes para os cocheiros tronqueiros e cabeleiras de França para os liteireiros.
5 de Junho de 1852
Encontramos um cabeleireiro histórico em Manuel Lopes de Carvalho, barbeiro e amigo de Bocage, estabelecido, de 1791 até 1820, na loja nº 41 moderno do Chiado, junto à rua Ivens, loja ainda hoje por uma barbearia. Mestre Lopes habitava na sôbre-loja superior ao seu estabelecimento. O dicaz Manuel Maria pagava-lhe um vintém, preço da época, por cada barbadela e flagelava-o com os seus rasgos satíricos. (...)
O Andrilliat, "Cabeleireiro de Sua Majestade", fizera as campanhas de Bonaparte e instalou, num 1º andar do Chiado, o mais elegante estabelecimento do seu tempo. O Jaques Plane e o Catelineau foram os artistas capilares que acompanharam a côrte para o Rio de Janeiro em 1807, sendo Catelineau o primeiro francês que abriu loja de cabeleireiro na rua do Ouvidor. Andava sempre a cavalo, a todo o galope, a fim de servir a sua clientela, pertencente à roda palatina de S. Cristóvão. Depois de 1821, o Catalineau, já em Lisboa, eo Andrilliat, manufacturaram chinós para D. João VI.»
Em 1808 era famoso o Girard, estabelecido no 1º andar da Travessa de Santa Justa, e que era cabeleireiro das princezas de Galles e de Angoulême. Outro artista capilar de renome, o Luiz Bonna, estava estabelecido na Rua Nova do Almada, «numa porta do oderno armazém de musica Neuparth.
Por outo lado ... «D. Maria II entregava os seus cabelos aos abraços dos pentes de Mr. Hilaire, Coiffeur de Sa Majesté La Reine, que recebia 960 réis por cada sessão de penteado ou, segundo os seus dizeres, leçon de coiffure. (...)
A Mr. Hilaire, sucedeu o Godefroy no logar de cabeleireiro de D. Maria II. Chegando a Lisboa em 1840, o Godefroy empregou-se na casa do Andrilliat, a quem substituiu. Mudou-se, em 1850, para um rés-do-chão, defronte de S. Carlos, outrora ocupado pelo Clube dos vinte e quatro, e fixou-se depois, definitivamente, na loja fronteira à igreja dos Mártires, na Rua das Portas de Santa Catharina, nº 7-1º que pertencera, até 1862, à modista de chapéus Madame Élise Gauthier, uma gordanchuda de peitos copiosíssimos.» (*)
Em 1842 estabelece-se o cabeleireiro A. Godefroy, sucessor de Monsieur Andrilliat ...
1842
Merecem, também, ser recordados: António Bartolomeu Pires, barbeiro aristocrático, que cultivou, paralelamente, a arte de curandeiro, e teve o seu estabelecimento no Campo de Sant'Anna, na loja de esquina com a Rua de Santo António dos Capuchos; Bento Machado, que fazia farripas e marrafas para os frades representarem no Convento de Mafra; Vieira Lavate que manufacturava cabeleiras para os espectáculos no Palácio de Queluz, no reinado de D. Miguel, tendo feito cabeleiras de mágico para este príncipe, bigodes à japonesa, guedelhas e cabeleiras de vilão e de figurão para os fidalgos, todos eles actores da ópera "D. Quixote" e da farsa "Manuel Mendes", ali representadas, em 1830.
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