Neste artigo anúncios publicitários no último ano do século XIX, 1899.
Bilhares - José Alexandre de Senna, na Rua Nova do Almada
"O Gato Preto", na Rua da Vitória
publicidade e fotos in: Hemeroteca Digital, Arquivo Municipal de Lisboa
Neste artigo anúncios publicitários no último ano do século XIX, 1899.
Bilhares - José Alexandre de Senna, na Rua Nova do Almada
"O Gato Preto", na Rua da Vitória
publicidade e fotos in: Hemeroteca Digital, Arquivo Municipal de Lisboa
Linha Aérea Lisboa-Madrid e Linha Aérea Imperial (Lisboa-Luanda-Lourenço Marques) em 1947
Actor Vasco Santana numa cena do filme "O Costa D' Africa" de 1955
Almirante Gago Coutinho no vôo experimental Lisboa-Rio de Janeiro num «DC4 Skymaster» em 1955
O primeiro vôo Lisboa - Rio de Janeiro efectuar-se-ia somente a 17 de Junho de 1966 utilizando um «Boeing 707», assinalando nessa data o 44º aniversário da chegada ao Rio dos aviadores portugueses Gago Coutinho e Sacadura Cabral. Até então a TAP já voava para o Brasil através dos «vôos da amizade», numa parceria coma a companhia brasileira "Panair do Brasil S.A.". Estes voos Lisboa -Rio de Janeiro via ilha do Sal em Cabo Verde, foram iniciados em 30 de Novembro de 1960 utilizando aviões «Douglas DC 7-C».
Douglas DC 7-C da «PANAIR-TAP»
«Douglas DC-4 Skymaster» no aeroporto de Porto Santo em 1960 abastecido por camião de combustível da Shell
«Douglas C54-A DC4 Skymaster» (1949-1960) «Lockheed L-1049G Super Constellation» (1955-1967)
«Boeing 747-282B» (1972-1983) da TAP, estacionado em Heathrow (Londres) em 1973
fotos in: Hemeroteca Digital, Gago Coutinho, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian, JetPhotos.net
Muitos foram os métodos e manuais de ensino da ortografia e aritmética para a língua portuguesa, utilizados ao longo dos séculos e que aqui ilustro com alguns exemplos.
"Orthographia da Lingoa Portvgvesa" de 1576 "Ortografia da Lingva Portvgveza" de 1671
"Nova Escola" de 1772
Algumas páginas da "Nova Escola"
Já em 1844 era publicado o “Resumo da Historia de Portugal” por Emilio Achilles Monteverde, cuja capa dum raro exemplar aqui publico, e que me foi gentilmente cedida pelo Sr. Pedro Cruz .
Em 1851, era publicado o “Almanak Democratico para 1852”, e dele retirei o seguinte artigo intitulado “Instrucção Primaria”.
Em 1853 era publicado pela Imprensa Nacional o "Metodo Castilho" , por António Feliciano de Castilho (1800-1875), «para o ensino rapido e aprasivel do ler impresso, manuscrito, e numeração e do escrever». - tratava-se da 2ª edição «inteiramente refundida, aumentada, e ornada de um grande numero de vinhetas».
Em 16 de Agosto de 1870 o Ministério dos Negócios da Instrução Pública decretava:
Em 1878 era publicada pela Imprensa Nacional a mui conhecida "Cartilha Maternal ou Arte de Leitura" por João de Deus
Anúncio no “Jornal do Porto” em 1877
1887
1887
Escola primária em Mafra, em 1905
Inauguração da “Escola-Monumento D. Luiz I” em 8 de Novembro de 1903
1907
1909
Durante a 1ª República, e logo a partir de 1910, os governos republicanos fizeram importantes reformas no ensino, das quais se destacam:
- Criado o ensino infantil para crianças dos 4 aos 7 anos;
- O ensino primário obrigatório e gratuito para as crianças entre os 7 e os 10 anos;
- Criadas novas escolas do ensino primário e técnico (escolas agrícolas, comerciais e industriais);
- Fundadas "escolas normais" destinadas a formar professores primários;
- Criadas as Universidades de Lisboa e Porto (ficando o país com três universidades: Lisboa, Porto e Coimbra);
- Concederam maior número de "bolsas de estudo" a alunos necessitados e passaram a existir escolas "móveis" para o ensino de adultos.
"Collegio Nacional"
Escola Primária de Gáfete no Alentejo em 1910
"A Cartilha Moderna" editada em 1910
“Escola nº 7 - Sexo Feminino - Ensino Gratuito”, na Rua das Praças em Lisboa
"Escola Portugueza" em 1912
"Escola Internacional" em 1913
A principal preocupação dos governos republicanos era alfabetizar, isto é, dar instrução primária ao maior número possível de portugueses. Mas, na prática, muitas das medidas tomadas não tiveram o resultado que se esperava, por falta de meios financeiros. Em 1920, mais de metade da população portuguesa continuava analfabeta cerca de 80 % …
O número de analfabetos era muito maior nas pequenas vilas e aldeias. Aí, o jornal, ou a correspondência pessoal, era lido em voz alta por algum letrado, enquanto os assistentes ouviam e comentavam.
A 18 de Abril de 1928, na véspera de completar 28 anos de idade, o engenheiro Duarte Pacheco, tomou posse como Ministro da Instrução Pública. Integrava a equipe governamental do coronel José Vicente de Freitas e manter-se-ia em funções até ao dia 10 de Novembro do mesmo ano.
«As actuais instalações da maioria das escolas particulares, obrigando as crianças a permanecerem em recintos acanhados durante horas consecutivas numa promiscuidade condenável e perigosa acumulação, não podem deixar de merecer ao Estado as devidas atenções, exercendo sobre elas uma fiscalização directa, no intuito de acompanhar o seu funcionamento (…) julga o Estado da maior conveniência a publicação imediata do presente decreto estabelecendo um mínimo de habilitação para o seu exercício». Decreto-lei de Outubro de 1928
Integrado no plano das comemorações do Duplo Centenário em 1940, e dada a urgência de iniciar os trabalhos, Duarte Pacheco teve a intenção de rapidamente iniciar a construção de 200 edifícios em todo o país a partir de 1935. Assim, cada Direção Regional, da Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, estudaria a localização de 50 escolas. Como os novos projetos ainda não estavam prontos, foram construídos, conforme a região, os projetos tipo dos arquitectos Rogério de Azevedo e Raul Lino com as alterações exigidas pelo Plano, isto é, os edifícios com mais de 1 sala seriam geminados de forma a poderem garantir a separação total dos sexos. Alguns pormenores das fachadas também foram simplificados. Contudo lembro que, o arquitecto Adães Bermudes, entre 1895 e 1917 já tinha projectado centenas de escolas, tendo sido autor,por exemplo, da Escola do Magistério Primário e do Instituto Superior de Agronomia.
Escola de Arrifana Escola de Milhão perto de Bragança
Os projetos tipo Rogério de Azevedo e Raúl Lino fazem parte dos projectos tipo regionalizados, desenvolvidos pela Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, em 1935, e destinados a serem construídos em série de harmonia com as características da arquitetura regional, impostas não só pela aplicação dos materiais próprios dessas regiões, como também pelas variações do clima.
Escola em Vila Viçosa Escola nº 3 de Vila do Conde
Cartaz de 1930
Lousa
Escolas Primárias no Largodas Escolas em Belém
Nos anos do Estado Novo, como antes, os rapazes e raparigas frequentavam escolas diferentes, e não existiam turmas mistas. O horário escolar era das 9h00 às 17h00 e o único recreio era à hora do almoço. As carteiras eram de madeira com os bancos pegados. Os alunos mais pobres usavam sacos de serapilheira para transportar o material escolar e alguma merenda se tivessem posses. Na cantina da escola ao almoço só davam a sopa e o pão.
Escola de “A Voz do Operário” na Rua S. João da Mata em Lisboa
Na lápide por cima da porta pode-se ler …
“AO EGREGIO CIDADAO DE LISBOA
AO ESTRENUO DEFENSOR DAS REGALIAS MUNICIPAES
AO 1º PRESIDENTE DA EXTINCTA CAMARA MUNICIPAL DE BELEM
ALEXANDRE HERCULANO DE CARVALHO E ARAUJO
HOMENAGEM DA CAMARA MUNICIPAL DE LISBOA
PRIMEIRO CENTENARIO DO SEU NASCIMENTO
1810-1910”
Após Duarte Pacheco ter regressado em Novembro de 1928 à direcção do "Instituto Superior Técnico", a reforma do ensino operada desde o mudar o nome das escolas, à alteração de programas, de professores e direcções, o Ministério foi paulatinamente esboroando a estrutura republicana do ensino.
Deste modo a "Reforma do Ensino", operada por António Carneiro Pacheco em 1936, não alteraria apenas a designação do Ministério, para Ministério da Educação Nacional, como iria implantar uma nova arquitectura do ensino no país. O organismo de Estado que em 1913 dera origem à Instrução Pública transformava-se em 1936 no repositório da Educação Nacional.
Em 1930 é criada a “Escola do Magistério Primário de Lisboa”. Foi um estabelecimento especializado de formação de professores para o ensino primário (hoje 1.º ciclo do ensino básico) que funcionou na cidade de Lisboa, em Benfica. Foi criado por transformação da Escola Normal Primária de Lisboa, assumindo as funções de escola de referência nacional para aquele tipo de ensino. Foi extinta em 1979, transformando-se na actual Escola Superior de Educação de Lisboa, que absorveu as suas instalações e pessoal.
Escola do Magistério Primário
Acerca desta escola, sugiro a consulta do artigo neste blog no seguinte link: Escola do Magistério Primário
Nas escolas primárias primeira coisa que os alunos faziam, quando entravam na sala de aula, era cantar o hino nacional. Todas as salas de aula tinham obrigatoriamente na parede três símbolos alinhados: uma fotografia do Dr. Salazar, outra do Presidente General Carmona (símbolos de afirmação autoritária e nacionalista) e um crucifixo já que o ensino era revestido de uma orientação cristã, ao abrigo de uma Concordata entre o Estado Português e a Igreja Católica.
Sala da Escola Primária Adães Bermudes, em Alcobaça
«Antes da Aula»
Todos: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Ámen.
Professor: Jesus, divino Mestre,
Todos: iluminai a minha inteligência, dirigi a minha vontade, purificai o meu coração, para que eu seja sempre cristão fiel a Deus e cidadão útil à Pátria.
Todos: Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.
Excerto do "Livro de leitura da Primeira Classe"
Sala de aula numa escola primária em 1938
«Depois da Aula»
Professor: Graças Vos damos, Senhor,
Todos: por todos os benefícios que nos tendes concedido. Ámen.
Professor: Abençoai, Senhor,
Todos: a Vossa Igreja, a nossa Pátria, os nossos Governantes, as nossas famílias e todas as escolas de Portugal. Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Ámen.
Excerto do "Livro de leitura da Primeira Classe"
Quanto a casamentos de professoras, o artigo 9º de decreto-lei 27-279 de 24-11-1936 «rezava» …
imagem gentilmente cedida por José Silva
Com o projecto do Ministro António Carneiro Pacheco, as primeiras letras bastariam para que a Nação aprendesse a lição de Oliveira Salazar.
Para comemorar o 10º aniversário da investidura do Dr. Oliveira Salazar como Ministro das Finanças, foi editada uma pequena colecção de cartazes intitulada "Escola Portuguesa" no ano de 1938. Estas gravuras foram desenhadas por Martins Barata eram colocadas nos estabelecimentos de ensino com se pode observar na foto anterior.
"Escola Portuguesa"
Sala de aula na "Tutoria da Infância"
As disciplinas ministradas nestas escolas primárias, eram a Matemática, História, Língua Portuguesa, Geografia, Ciências e Religião e Moral. Os manuais escolares da primária, mantiveram-se iguais durante décadas. Na escola chegavam a cantar a tabuada e tinham que saber, entre outras coisas, o nome de todos os rios com seus afluentes, serras e linhas de caminhos-de-ferro portugueses de Portugal Continental e Ultramarino.. Quando se queria ir à casa-de-banho, pedia-se para “ir lá fora”.
"Escola Primária Oficial das Azenhas do Mar" (exterior e interior)
Sala de aula da Escola do Bairro de S. Miguel
A "Escola Primária Oficial das Azenhas do Mar" foi inaugurada pelo general Óscar Carmona em 24 de Junho de 1928, nas Azenhas do Mar perto da Praia das Maçãs no concelho de Sintra. A sua construção foi fruto da iniciativa conjunta de uma comissão de melhoramentos local e do Dr. Alfredo Magalhães, Ministro da Instrução Pública do governo presidido pelo coronel José Vicente de Freitas.
Os lápis de cor "Viarco" em 1936, ano em que é registada a marca
Mapas utilizados nas escolas primárias
Material escolar comercializado na década de 40 do séc. XX
Campanha de Alfabetização de adultos Panfleto do Estado Novo de 1945
Escola para adultos na Rua Actor Vale em Lisboa
Colégio Sanches de Brito em 1940
Livro de Leituras para a 2ª Classe em 1941 Livro de Ciências para a 4ª Classe em 1941
Colégio de Santa Dorotea, feminino em 1941
"O Livro da Primeira Classe" editado pelo Ministério da Educação Nacional em 1950
Páginas deste livro
Na província os alunos tinham que pedir a bênção ao professor e “beijar a mão” uma vez que também eles eram seus educadores. Em Lisboa tinham de dar os bons-dias em coro ao professor. Em algumas escolas davam óleo de fígado de bacalhau, que era um complemento alimentar.
Só os filhos das famílias com posses tinham oportunidade de estudar e muitos dos nossos idosos ou não chegou a aprender a ler na infância ou concluíram a instrução primária. Muitos só em adultos concluíram a quarta classe.
Capa e contra-capa da Tabuada
Anúncio de 1872
Caderno de Significados
Era usual, como na minha escola, o uso da palmatória cujo número de reguadas era proporcional à gravidade da falta de saber ou castigo. Outros castigos eram aplicados como de pé virado para a parede, de joelhos debaixo da secretária da professora, etc … Na minha escola ao aparecer alguma visita na sala de aula, ou inspector do Ministério da Educação os alunos levantavam-se e faziam a saudação da "Mocidade Portuguesa". Apenas menciono este facto como pormenor, não sei se noutras escolas isso sucederia.
"Cena de Escola" de 1960
Minha sala de aula da Primária em 1965 no já desaparecido "Externato Infante D. Henrique" em Alvalade
No período do Estado Novo, concluída a instrução primária com um exame da quarta classe obrigatório na sede do concelho, apenas os filhos das famílias mais favorecidas seguiam estudos para o Liceu. O Liceu era encarado como a preparação para o ensino Universitário.
Outros livros escolares utilizados durante o Estado Novo
Para os filhos das famílias de classe média, a opção passava pelos cursos técnico-profissionais na Escola Industrial e Comercial. Exemplos são a Escola Comercial de Patrício Prazeres e a Escola Industrial Afonso Domingues. Às famílias economicamente mais desfavorecidas, a única alternativa que restava, aos pais quanto ao futuro dos filhos, era limitada à aprendizagem de uma arte ou ofício na freguesia ou áreas próximas.
«FINIS, LAUS DEO.»
Fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian, Hemeroteca Digital, Biblioteca Nacional Digital, Ministério da Educação e Ciência