Restos de Colecção: novembro 2011

30 de novembro de 2011

Porto de Lisboa (3)

                                                                  Cais de Santos, em 1910

 

                                          Armazéns da Administração Geral do Porto de Lisboa (AGPL)                           

 

                              Descarga de gado                                                Cargas e descargas em fragata e navio

 Porto de Lisboa.2

                                     Movimento no interior e exterior do Cais da Rocha do Conde d’Óbidos

 

fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian

29 de novembro de 2011

Laboratório Normal

Em 1904 a “Farmácia Costa”, na Rua da Prata, foi adquirida pela sociedade Pires & Mourato Vermelho em 1904, a qual mudou o nome da farmácia para “Farmácia Normal”. Pouco tempo depois iniciou a produção de medicamentos, principalmente injectáveis.

                                                        “Laboratório Normal”, em Mem Martins

                                          

Em 1908, já a “Farmácia Normal” anunciava o seu “Laboratório Normal” de produtos assépticos, onde se fabricavam pensos em geral em caixas hermeticamente fechadas, vaselinas, tópicos em tubos de estanho puro, ampolas hipodérmicas de todos os medicamentos injectáveis, artigos de sutura, soros, etc.

Durante a guerra de 1914-18, o corte do fornecimento de ampolas de vidro neutro alemãs, obrigou à criação da primeira oficina nacional para o fabrico de ampolas, o que permitia à firma, em 1917, exportar ampolas hipodérmicas. Em 1918, a “Farmácia Normal” possuía dois laboratórios, um laboratório farmacêutico de que Mourato Vermelho era director técnico e que preparava especialidades farmacêuticas, ampolas hipodérmicas e pensos esterilizados, e um de análises clínicas, de que o médico Vítor Fontes era director.

Em 1919, o “Laboratório Normal” inicia um processo de mudança de instalações, depois de uma primeira ampliação para os primeiros andares do edifício da farmácia e de um prédio fronteiro. Esteve durante algum tempo instalado no edifício da Sociedade Farmacêutica Lusitana e depois na Av. Duque de Loulé, até que se instalou na Rua Bernardo Lima, onde permaneceu de 1922 a 1970.

                                                      “Laboratório Normal”, na Rua Bernardo Lima

                                                 

                                                                            Fotos de 1947

 

 

1943

Depois da II Guerra Mundial, já após a morte do fundador em 1946, o “Laboratório Normal” procura acompanhar as tendências da indústria farmacêutica internacional, investindo no serviço de investigação e desenvolvimento de forma totalmente inédita em Portugal. Para o dirigir foi convidado em 1947 o professor de química da Escola de Farmácia, Alberto Ralha, que viera há pouco da Suíça, onde se doutorara e estudara com os professores Karrer e Reichstein.  Em 1951, o laboratório iniciou uma nova fase da sua história, desenvolvendo os contactos com os Laboratórios Eaton, EUA, sob cuja licença passou a fabricar e comercializar várias especialidades farmacêuticas, como a "Furadantina".

  

 

fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian

Em 1981 o “Laboratório Normal” foi vendido à empresa farmacêutica suiça “Ciba-Geigy”.

28 de novembro de 2011

Banco de Portugal em Coimbra

Por força do contrato celebrado com o Governo em Dezembro de 1887, o Banco de Portugal passou a exercer as funções de banqueiro do Estado e caixa geral do Tesouro, obrigando-se a criar agências em todas as capitais de distrito do Continente e Ilhas. Funcionando provisoriamente apenas para os serviços do Tesouro, as agências foram instaladas e organizadas em definitivo. Em 1895, com a criação da Agência de Angra do Heroísmo, todo o processo estava concluído.

No entanto, o Banco tinha já em funcionamento agências entregues “à comissão” a firmas de reconhecido mérito comercial , como a do Funchal e Faro, criadas em 1875, e a de Ponta Delgada, em 1876.
A cada agência estava ligada uma rede de correspondentes, em localidades de justificado movimento comercial, agrícola ou industrial. Além das agências distritais, o Banco foi abrindo ao longo do séc. XX agências concelhias, criadas basicamente para apoio ao sector primário. Muitas delas tiveram o seu início como correspondências privativas e só mais tarde se transformaram em agências.

                                                                      Anúncio em 1931

                                      

O edifício da Agência do Banco de Portugal em Coimbra, inseriu-se na decisão do Banco de Portugal, então um banco comercial e emissor, em instalar nas principais sedes de distrito de Portugal, em edifício próprios, Agências suas. De referir que esta Agência já tinha sido criada em Coimbra em 3 de Fevereiro de 1891.

                                      

Em 1910, o projecto do edifício ficou a cargo do arquitecto Adães Bermudes, que já tinha sido o responsável pelos projectos das agências do Banco de Portugal de Bragança (1902), Viseu (1907), Évora (1908). Viria posteriormente a projectar as agências de Vila Real (1912), Faro (1916) e de Ponta Delgada (1935). História do Banco de Portugal e estas agências podem ser vistas nos posts  intitulados Banco de Portugal e Agências do Banco de Portugal

                                                               Arquitecto Adães Bermudes

                                                          

A Agência do Banco de Portugal de Coimbra, situada no, então, Largo Príncipe D. Carlos, junto à Avenida Emídio Navarro e ao Hotel Astória foi concluída e inaugurada em 1912.

                                                                       O edifício em 1913

                                 

No pavimento inferior e subterrâneo do edifício,  albergava na época, armazéns e várias casas fortes blindadas, tanto para serviço da Agência como para o público que ali quisesse depositar valores em segurança. Este piso albergou, provisóriamente a casa da guarda, que posteriormente foi transferida para o piso ré-do-chão.

Foi no rés-do-chão, num espaçoso hall, que ficaram instalados os serviços de atendimento ao público. A sua cobertura é metálica e envidraçada com vitrais executados pelo mestre Cláudio Martins. O edfício estava equipado com aquecimento central, e a instalação eléctrica ficou a cargo da “Casa Hermann” de Lisboa.

                                                                                    Hall

                                   

No primeiro andar ficaram instalados os serviços da Caixa Económica, e uma delegação da Repartição de Finanças de Coimbra para comodidade do público, que assim evitava de ter de se deslocar à repartição do Estado instalada no Governo Civil.

                            Agência do Banco de Portugal e o Hotel Astória, nos anos 40 do século XX

                                   

fotos in: Hemeroteca Digital

As decorações exteriores, em pedra, ficaram a cargo de Francisco dos Santos & Filho, na altura os melhores profissionais no ramo, do país.

                                               Cheque do Banco de Portugal do final do século XIX

                                   

                                                                      Publicidade de 1913

                                          

Em 2000 sofreu obras de recuperação profundas, sendo totalmente alterado.

                                                                  Aspecto actual do edifício

                                    

A partir de 1977 inicia-se o encerramento das agências concelhias e, a partir dos anos 90, de algumas distritais, tendo Vila Real encerrado as suas portas em Maio de 2008.

27 de novembro de 2011

Antigamente (22)

                                       Templo Adventista na Rua Joaquim Bonifácio, em Lisboa

                          

                                                            Stand de camionetas «Talbot»

                           

                                                Cinema «Stadium» do “Sport Algés e Dafundo”

                            

                                          Hidroavião italiano «Savoia», em Lisboa no ano de 1927

                             

fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian

25 de novembro de 2011

I Salão Automóvel de Lisboa (2)

Na continuação do artigo anterior intitulado I Salão Automóvel de Lisboa (1), publico mais fotos alusivas ao evento. Lembro que esta Exposição teve lugar no Coliseu dos Recreios de Lisboa entre 4 e 13 de Julho de 1925.

        

         

                                 

        

        

        

                                       

        

        

fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian

23 de novembro de 2011

Casa da Moeda

A “Casa da Moeda’” de Lisboa é talvez o mais antigo estabelecimento fabril do Estado português, com uma laboração contínua desde, pelo menos, o final do século XIII. As mais antigas notícias da sua existência como estrutura oficinal fixa datam do reinado de D. Dinis, quando ela se localizaria perto da «Porta da Cruz», a Santa Apolónia.

No século XIV foi mudada para o local onde mais tarde esteve a cadeia do Limoeiro, junto à Sé, e no reinado de D. João I vamos encontra-la na Rua Nova, defronte da ermida de Nossa Senhora da Oliveira.

                                                                                           Limoeiro

Em meados do século XVI terá sido transferida um pouco mais para ocidente e funcionaria na Rua da Calcetaria, não longe do Paço da Ribeira, onde permaneceu até 1720.

                                                 Localização da Casa da Moeda no mapa de Bráunio, em 1596

                                                                          

Em 12 de Setembro de 1720, foi transferida para a Rua de São Paulo, conforme se lê numa «lembrança» registada a fls. 253 v do livro 2º do Registo Geral, que informa que nessa data:  «se fes mudança da fabrica e mais materiaes e o cofre da Caza da Moeda desta cidade de Lisboa a qual estava situada em a rua da Calsetaria pª o chão em q. estava situada a Junta do Comercio Geral, em o qual chão se adeficou noua Caza da Moeda.».

«Á beira do Tejo, para a parte do Poente de Lisboa, vê-se a Casa da Moeda, onde se fabrica o dinheiro, com tanta perfeição, pelo menos, como em França» in Description de la Ville de Lisbonne, 1730

                         Cédula de 2.400 réis de 1798                                        Cédula de 20.000 réis de 1798

         

Em 1845, com o Decreto de 28 de Julho, dá-se a fusão da Casa da Moeda com a Repartição do Papel Selado, sob uma mesma Administração-Geral, e a Casa da Moeda passa a designar-se Casa da Moeda e Papel Selado.

Com a introdução em Portugal, em 1853, dos selos postais, a Casa da Moeda e Papel Selado passa também a fabricar valores postais e sofre nova remodelação pelo Decreto de 7 de Dezembro de 1864. Em finais do século XIX a empresa ganha uma posição de maior relevo na garantia de qualidade dos metais nobres, quando, em 1882 as Contrastarias ficam subordinadas à Administração-Geral da Casa da Moeda e Papel Selado. Esta passou a fiscalizar a indústria e comércio de ourivesaria em Portugal, função que ainda mantém.

«Pouco importa conhecer que data tinham as primeiras moedas ali cunhadas. Basta que se parta da lei de 29 de Julho de 1854, e se vá perscrutar o numero de contos de réis de lá sahidos até hoje, nos diferentes metaes, desde o velho ouro, em que fizeram as delicias de muitos cordões de peixeiras dos nossos avós e ainda hoje são o adorno preferido de muita burgueza moradora na Baixa, dilletante de procissões e possuidora do seu pé de meia, até ao nickel, em que o ultimo ministerio houve por bem transformar aquelles pequeninos papeis, muito bem impressos, mas faceis vehiculos de todoso os microbios conhecidos e ignorados para as nossas carteiras.»

                                                          “Caza da Moeda” na Rua de S. Paulo, em 1891

                                     

                                                                 Director da “Caza da Moeda”, em 1891

                                                          

Desde 1854 a moeda que circulava até 1901 dividia-se em quatro espécies: « (…) o ouro que despareceu; a prata que arromba as algibeiras; o nickel que as suja; e o cobre que innunda o mercado».

Na grande reforma e ampliação do edifício da ‘Casa da Moeda’ na rua de São Paulo iniciada em 1889 e finalizada em 1901, além da fachada ter sido reconstruída, algumas oficinas foram alargadas e outras restauradas, obras dirigidas pelo arquitecto José António Gaspar. Nestas oficinas gravavam-se não só o cunho das moedas, como os selos de correio, os bilhetes postais e o papel selado. Outras oficinas faziam a cunhagem, ensaio e fundição, recorte, tempera, branqueio, laminagem laboratório e fieira.

                                                                “Casa da Moeda”, na Rua de São Paulo

                                                                Interior da “Casa da Moeda”, em 1901

                           Oficina de Fundição                                           Laminadores na oficina de amoedação            

        

                   Oficina de selos e máquinas de impressão                        Aparelho de branqueamento de metais

         

                              Máquinas de cortar papel                                           Depósito de papel selado e selos

                       

A notícia da conclusão destas importantes obras de melhoramentos concluía: «Sirva-nos ao menos isto de consolação no meio de tantos flagelos que nos perseguem sendo d'elles o mais temerosos o nosso deficit financeiro.» .....

                                                                                   Cédulas de 1891

              

                                                                        Cédula de 20 centavos, em 1925

                                                     Casa da Moeda.10 (20 ctvs 1925)

Aí permaneceu até 1941, quando mudou para o Bairro do Arco de Cego num novo edifício projectado pelo arquitecto Jorge Segurado, e mandado construir pelo engenheiro Duarte Pacheco, onde ainda hoje se encontra. As instalações da rua de S. Paulo mais tarde viriam a albergar o “Arquivo de Identificação”.

                                                               Maqueta do complexo da “Casa da Moeda”

                                

                                 

                                               “Casa da Moeda” no bairro do Arco do Cego, a partir de 1941

        

        

                                        Páteo interior                                                                    Sala de trabalho

            

                                           Casa forte                                                            Armazém de matérias primas

        

Fotos in: Hemeroteca Digital, Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian

Já no século XX a ‘Casa da Moeda’ depois de ver os seus serviços reestruturados sucessivamente em 1911, 1920, 1929 e 1938, fundiu-se finalmente, em 1972, com a ‘Imprensa Nacional’., formando a empresa “Imprensa Nacional Casa da Moeda” (INCM).