A “Fábrica de Chocolate Iniguez”, pertença da firma “A. J. Iniguez & Iniguez”, foi fundada em 1886. António Joaquim Iniguez foi o seu fundador, e seu filho Manuel António Iniguez foi o continuador da sua obra, desde a sua morte em 1907. Este industrial era auxiliado pelos seus dois irmãos mais novos, António Iniguez exercendo funções de chefe de escritório e Álvaro Iniguez que com 17 anos apenas já auxiliava o seu irmão mais velho em variadas tarefas. Também o cunhado de Manuel Iniguez, Constantino Lama trabalhava com ele na fábrica
Busto de António Iniguez Manuel Iniguez
Fábrica, na Avenida D. Carlos I com a Avenida 24 de Julho
Esta fábrica ficava situada na Rua D. Carlos I, fazendo esquina com a Avenida 24 de Julho em Lisboa e foi resultado da ampliação da primitiva fábrica de torrefação e moagem de café das colónias portuguesas e do Rio de Janeiro, tendo sido inaugurada em Junho de 1906.
Em 31 de Dezembro 1910, depois de mais uma ampliação e modernização das instalações, com novas máquinas deu-se uma outra cerimónia de inauguração. «Para assistir à inauguração destas novas instalações, o sr. Iniguez convidou os srs. ministro do fomento dr. Brito Camacho, governador civil dr. Eusébio Leão, presidente da Cãmara Municipal, Anselmo Braancamp Freire e presidentes da Associação Comercial e Industrial, imprensa, etc.»
Sucursal na Rua Aurea ( ao centro na foto)
Possuía máquinas a vapor, uma de 20 cv e outra de 50 cv, dínamo para a produção eléctrica de 110 volts e 82 ampéres, e duas caldeiras.
Caldeiras e Dínamo
Na oficina de torrefação funcionavam três torradores para café, um para cacau, do sistema Lehmann, e uma estufa para secagem da chicória.
Torrefacção de café, e as caldeiras
Moagem do cacau Fabricação do cacau em pó
Fabricação do Chocolate
Numa altura em que o fabrico de chocolates no país ainda era muito imperfeito, desconhecendo-se até o emprego de certas máquinas para o seu aperfeiçoamento. Com muito estudo e trabalho António Iniguez, desenvolveu os segredos da fabricação de chocolates finos como os melhores fabricados no estrangeiro. As melhores marcas estrangeiras eram: Menier, Suchard, Mariondo, Gariglio, etc.
Empacotamento dos bombons
O cacau, café, açúcar e canela eram os principais produtos empregues, na fabricação dos seus produtos e que eram importados. O cacau era importado da roça "Boa Entrada", em S. Tomé e que era pertença de Henrique Monteiro de Mendonça, grande amigo do industrial Manuel Iniguez.
Eram fabricados e comercializados , cacau em pó, chocolates finos, manteiga de cacau que era utlizada em produtos farmacêuticos, bombons, nougat e o “Cakula Iniguez” que se compunha de cacau, noz de kola a açúcar dirigido para pessoas débeis com tendencia para a tuberculose. Exportava para os Açores e África e possuía um depósito no Porto na Rua do Almada.
Sala de exposição e armazém
Obteve grandes prémios sendo os mais importantes o Grand Prix, com cruz e medalha de ouro na Exposição Internacional de Londres de 1903, e na Exposição Universal de St. Louis de 1904.
1906
Carro publicitário no Carnaval de 1909
Podia-se ler na “Revista Occidente” em 1906: «Com prazer registramos nas columnas do Occidente mais esta conquista do trabalho que representa um progresso apreciavel na industria portugueza e pelo qual muito louvor cabe ao sr. Antonio Joaquim Iniguez que tão dedicadamente se votou a uma indústria, por assim dizer, nova no nosso país no grau de perfeição em que está produzindo, e a que tambem rem dedicado seus filhos, dos ques duas interessantes meninas desempenham as funcções de guarda-livros, coadjuvadas por seu irmão o sr. Manoel Antonio Iniguez, um excellente rapaz trabalhador e activo, a quem seu pae agora premiou dando-lhe cociedade na fábrica, ficando a firma constituida por A. J. Iniguez & Iniguez.»
1910
Após 1918, a “Sociedade Industrial de Chocolates”, ficou com as marcas da firma “ A. J. Iniguez & Iniguez ” e adoptou, modificadas, as da firma “União & Frigor, Ltd.”.
fotos in: Hemeroteca Digital, Arquivo Municipal de Lisboa
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