Restos de Colecção: Sacavem
Mostrar mensagens com a etiqueta Sacavem. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Sacavem. Mostrar todas as mensagens

28 de fevereiro de 2024

STET - Soc. Técnica de Equipamentos e Tractores

Pode-se dizer que a actual  "Caterpillar Inc." tem a sua origem quando, em 1904, Benjamin Holt iniciou seus testes com o protótipo do trator de lagartas movido a vapor. Em pouco tempo a máquina, que passou a ser usada para arar solos em sua fábrica em Stockton, na Califórnia, foi considerada um grande sucesso. Este tipo de tractor facilitava, em muito, as colheitas de plantas no solo úmido da Califórnia, onde cavalos e outros tipos de tratores muitas vezes ficavam presos. Dois anos mais tarde, em 1906, testou pela primeira vez o protótipo do trator de esteiras movido à gasolina. Uma evolução rápida e persistente que deu uma reviravolta na história de Holt, dos tratores e do mundo. E logo em seguida, em 1909, os Holts realizam a compra de uma fábrica no Leste de Peoria, Illinois.


Tractor a gasolina "Holt 75 Caterpillar"


Benjamin Holt (1849-1920)

Entretanto "Holt Caterpillar Company" (fundada em 1883) era representada em Portugal, em 1919, pela firma "Monteiro Gomes, Lda." (Engenheiros), fundada pelo engº António Vaz Monteiro Gomes (1887-1958), que vira a ser condecorado com o "Grau de Cavaleiro da Ordem Militar de Cristo", em 31 de Janeiro de 1921. Esta empresa portuguesa mantinha uma sucursal em Nova Iorque.

31 de Dezembro de 1919

Então no dia 15 de Abril de 1925, a "Holt Caterpillar Company"  e a "C. L. Best Tractor Co." (fundada em 1910) juntam-se formando uma nova empresa:  "Caterpillar Tractor Co.". Simultaneamente lançam a primeira linha de produtos da marca, composta por cinco tratores - dois modelos de Best e três de Holt.

Em 1931 a "Caterpillar Tractor Co." começou a produzir o seu primeiro modelo de trator a diesel, o "Caterpillar Diesel Sixty Tractor". O equipamento ainda não tinha cabine nem muitos itens de segurança mas já tinha toda estrutura de um trator de esteiras moderno, com sapatas, molas e outros componentes muito próximo do que temos atualmente. 

Tractor "Caterpillar 75" a gasolina

A "Caterpillar Tractor Co." óbviamente representada, exclusivamente, em Portugal, pela empresa "Monteiro Gomes, Lda.", em Lisboa. Esta firme veio a tornar-se uma grande empresa comercial que dominou o mercado de máquinas, ferramentas e produtos para a indústria em Lisboa até 1964. Em 1964, declara falência e é substituída pela "Vaz Gomes, Lda." constituída em 14 de Outubro desse ano.


1931






Tractor "Caterpillar" diesel puxando carrua "Davis" no Sabugal em 1939


Tractor "Caterpillar" diesel de arrasto

1949

Entretanto a representação da "Caterpillar Tractor Co." muda de mãos em Setembro de 1950 para a firma "SMEIA - Sociedade de Mecanização Industrial e Agrícola, S.A.R.L.", com sede na Praça do Areeiro, 8-B, em Lisboa. Em 1956 a sua sede já tinha mudado para a Avenida Padre Manuel da Nóbrega, 8 também em Lisboa.

                                               1950                                                                                            1952


1960


Instalações da "SMEIA" junto à "Auto-Monumental do Areeiro" (serviço VW) , em 1958

Em 1960, "Parceria dos Vapores Lisbonenses" (fundada em 1899), entrega um requerimento na Câmara Municipal de Loures datado de 27 de Dezembro de 1960, a submeter à apreciação da Câmara o projeto das novas instalações do Agente da "Caterpillar Tractor C.º ", no seu lote situado em Sacavém, Prior Velho. O requerimento relaciona-se com o pedido de informação feito pela "SMEIA - Sociedade de Mecanização Industrial e Agrícola S.A.R.L.". Este requerimento seria aprovado em 31 de Março de 1961.


Requerimento de 27 de Dezembro de 1960


Projecto para as novas instalações no Prior Velho, entrado na Câmara em 11 de Abril de 1964


Terreno (à direita na foto) junto ao acesso da "Auto-Estrada Lisboa-Vila Fraca de Xira" inaugurada em 28 de Maio de 1961, onde se implantaria a "SMEIA"

Em 1961 é constituída a "STET - Soc. Técnica de Equipamentos e Tractores, S.A.R.L.", após processo de cisão societária na empresa "Smeia – Sociedade de Mecanização Industrial e Agrícola S.A.R.L." e, com a mesma Administração, assume em exclusivo a representação da "Caterpillar Tractor Co." para Portugal e Cabo Verde. Com sede em Lisboa, a STET rapidamente alargou a sua rede comercial através de filiais próprias, concessionários e agentes marítimos autorizados. Entretanto as obras das novas instalações no Prior Velho teriam início neste ano.


Obras em 1961



Abril de 1961


1962



Excerto do Catálogo de Dezembro de 1965

Setembro de 1965

Nas imagens seguintes poderemos observar alguns aspectos dos interiores das instalações da "STET - Soc. Técnica de Equipamentos e Tractores, S.A.", no Prior Velho em 1967 e 1968.


1967


1967


1967

1968

Quanto a motores Marítimos, Industriais, Electrogéneos e de Camião ...


1968

A 20 de Março de 1972, mais uma vez a "Parceria dos Vapores Lisbonenses" submete à aprovação o projecto de ampliação das instalações da "STET - Soc. Técnica de Equipamentos e Tractores, S.A.", no Prior Velho. 

Em 1990 a maioria do capital social desta empresa é adquirida pela espanhola "Finanzauto, S.A." que já era distribuidora da "Caterpillar Inc." em Espanha.

Dois anos depois, em 1992 A "STET" e a "Finanzauto" são adquiridas por um dos maiores grupos sul-africanos, com sede na Namíbia, o "Barlow Rand Ltd", passando a denominar-se "Barloworld STET". Por sua vez a "Finanzauto, S.A." torna-se em "Barlword Finanzauto".

Em 2018 a "Barlworld STET" é adquirida pelo grupo italiano "TESYA Group", donde fazia parte a "Finanzauto, S.A", antiga proprietária da "STET". A actividade desta empresa continua a focar-se na comercialização de máquinas de construção civil e obras públicas, projectos de instalações de sistemas de energia, comercialização de peças, acessórios e contratos pós-venda, prestação de assistência técnica e formação.



fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian (Estúdio Horácio Novais), Hemeroteca Digital de LisboaBiblioteca Nacional Digital, Revista Técnica da AEIST, STET

24 de março de 2018

Estação Agronómica Nacional

A “Estação Agronómica Nacional”, nasceu em 16 de Novembro de 1936, depois de um período de alguma indefinição, caracterizado pelo advento e morte de várias estações agrárias de vida efémera. É herdeira de uma tradição iniciada com as primeiras investigações agronómicas efectuadas na “Estação Agronómica Experimental”, criada em 1869 e cuja vocação se dirigia à investigação sobre o emprego de substâncias fertilizantes na agricultura, à semelhança do que, na época, acontecia um pouco por toda a Europa. Aquela Estação, cujo nome, atribuições, estrutura orgânica e meios de trabalho foram variando ao longo dos anos, sofreu profunda reforma em 1936 através do Decreto-Lei nº 27 207 de 16 de Novembro de 1936 (“Reforma Rafael Duque”) que criou, à semelhança do “Laboratório Químico Central”, a “Estação Agronómica Nacional”. Em 23 de Março de 1937, tomou posse o seu primeiro Director, o Professor António Pereira de Sousa Câmara.

Exteriores da Estação Agronómica Nacional” na “Quinta da Aldeia”, na Bobadela

 

A instalação da “Estação Agronómica Nacional” na “Quinta da Aldeia”, na Bobadela, junto a Sacavém, implicou algumas alterações à propriedade cuja existência remonta ao século XVII. A quinta terá entrado na posse da família Braancamp Freire, em 1865, na sequência das obras do caminho de ferro que atravessou a propriedade. Com uma área de cerca de 67 ha, e integrando terra salgada, arneiros, olival e várzea, a quinta desenvolvia-se até à margem do rio Tejo.

Primitiva entrada para a “Quinta da Aldeia”

Foi então construído um novo edifício, segundo projecto do arquitecto Guilherme Rebelo de Andrade,  para albergar a "Estação Agronómica Nacional", paralelo à Estrada Nacional e sobranceiro ao rio Tejo. Este edifício albergava, laboratórios, biblioteca, anfiteatro e gabinetes da direcção. Era então constituída por sete departamentos disciplinares: Citologia e Genética, Fitopatologia, Melhoramento de Cereais e Forragens, Solos, Química, Sistemática e  Fitogeografia e Pomologia.

 

 

Estação Agronómica.9 

Fronteiro à área designada de arneiro, foram construídos abrigos, estufas, insectários e pequenos laboratórios. As várias construções existentes na quinta foram adaptadas para depósitos de plantas, celeiros, armazéns para as alfaias agrícolas, entre outros. A antiga casa da quinta, a partir de então designada de "Casa do Agrónomo", foi transformada em habitação para técnicos, especialistas de fora e estagiários.

A partir de 1950, a pressão motivada pela concentração industrial na zona envolvente de Sacavém, forçou a EAN a  procurar novas instalações. Mas, só em 1961 a “Quinta do Marquês”, em Oeiras, propriedade do Estado com mais de 130 hectares, foi entregue à “Estação Agronómica Nacional”, para que esta aí se instalasse e desenvolvesse investigação exclusivamente agrária. Mudar-se-ia em 1966, contribuindo directamente para a organização e desenvolvimento de outras
instituições de investigação nacionais, designadamente a “Estação Nacional de Fruticultura Vieira Natividade” (criada a partir do seu antigo departamento de Pomologia), a “Estação Nacional de Melhoramento de Plantas” e o “Centro de Investigação das Ferrugens do Cafeeiro”, hoje integrado no “Instituto de Investigação Científica Tropical - IICT”.

Interiores e actividades da “Estação Agronómica Nacional” na Bobadela

 

 

 

 

 

Quando a “Estação Agronómica Nacional”, mudou de instalações para Oeiras, em 1956, o espaço que ocupava na Bobadela foi transaccionado entre o Estado português e a "Sacor", - que tinha inaugurado a sua Refinaria de Cabo Ruivo em 11 de Novembro de 1940 - tendo como finalidade a construção de um bairro para alojamento do pessoal operário que trabalhava na empresa, A construção do "Bairro Salazar" teve início em 1956 e inaugurado em 30 de Julho de 1960. O edifício que serviu de sede à EAN passou, então, a equipamento social do bairro.

Entrada para o “Bairro Dr. Oliveira Salazar” ou “Bairro da Sacor”

Vistas aéreas do “Bairro da Sacor”

 

Com a criação do “Instituto Nacional de Investigação Agrária”, em 1974, a "Estação Agronómica Nacional", à semelhança de outros organismos de investigação agronómica, foi integrada naquele instituto de investigação. Com as reestruturações seguintes, a EAN constituiu sempre um dos serviços operativos do INIA e dos institutos que lhe foram sucedendo: INIAER, INIA e INIAP.

Campus em Oeiras

A “Estação Agronómica Nacional”, viria a ser extinta com a criação do “Instituto Nacional de Recursos Biológicos, I.P.”, prosseguindo a sua actividade científica no seio de diversas unidades de investigação e desenvolvimento tecnológico estabelecidas no âmbito da criação do “Instituto Nacional de Recursos Biológicos, I.P.”.

Bibliografia: “Arqueologia em Calendário” - Câmara Municipal de Loures
                    “Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária”

fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian (Estúdio Mário Novais), Hemeroteca Digital, Arquivo Municipal de Lisboa