Restos de Colecção: junho 2018

28 de junho de 2018

Cinema Castil

O “Cinema Castil”, foi inaugurado no “Edifício Castil”, na Rua Castilho, em Lisboa, a 2 de Fevereiro de 1973, tendo sido projectado pelo arquitecto Edgar Mota com a colaboração do designer Eduardo Afonso Dias.

“Cinema Castil” em Dezembro de 1976

Esta sala de cinema, com 508 lugares, foi inaugurada com o filme "Que Se Passa Doutor", interpretado por Barbra Streisand e Ryan O'Neal, ainda com o “Edifício Castil” - projectado pelo arquitecto Francisco da Conceição Silva (1922-1982) - em fase de acabamentos vindo a ser inaugurado só a 1 de Novembro do mesmo ano de 1973.

“Edifício Castil” e o “Cinema Castil” no canto inferior direito do mesmo

A concessão, desta sala de Cinema foi entregue à "Sociedade Administradora de Cinemas, Lda.", proprietária do "Cinearte" no Largo de Santos, e do Cinema-Teatro "Monumental", na praça Duque de Saldanha e cujos sócios, nesta data, eram: Major Horácio Pimentel; Dr. Silva Ferreira; Dr. Almeida Faria e Machado Barreto. Todos eles estiveram presentes na inauguração assim como o director-geral da "Columbia Pictures Industries, Inc." em Portugal, Samuel Parker, assim como o vice-presidente da empresa distribuidora “Columbia & Warner”, Frank Pierce, «que se deslocou de Londres expressamente para assistir à sua estreia».

  

Quanto às características do “Cinema Castil” o jornal “Diario de Lisbôa” descrevia:

«O Cine-Castil é dotado de amplos "foyers", distribuídos por vários pisos, onde existem zonas de estar, até ao bar, que permite a visão do interior do cinema, o que possibilita a quem chegue tarde não perder o filme e, por consequência não transtornar o funcionamento da sala.
O novo edifício dispõe também de um parque de estacionamento com capacidade para 200 viaturas. No acto da compra dos bilhetes será entregue aos espectadores uma senha, que permitirá uma redução no pagamento da taxa de estacionamento. (...)
No programa, seguir-se-á a película "Perdido por Cem" de António Pedro de Vasconcelos, um dos nomes do novo cinema português.»

       

 

                                                 Programa e bilhete gentilmente cedidos, pelo blog “IÉ-IÉ” e por Carlos Caria, respectivamente

O “Cinema Castil” viria a encerrar definitivamente em 27 de Outubro de 1988, após a última exibição do filme “Poltergeist III - Eles Estão de Volta”. O seu espaço viria a ser ocupado por uma agência do “BBVA”.

                                  27 de Outubro de 1988                                                               28 de Outubro de 1988

                                        

 

fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, “Percursos do Design em Portugal - Vol III - Imagens” de Vítor Manuel Teixeira Manaças

26 de junho de 2018

Hotel Fénix

O "Hotel Fénix", localizado na esquina da Praça Marquês de Pombal com a Rua Joaquim António de Aguiar, foi inaugurado em 22 de Outubro de 1960. Projectado pelos arquitectos José de Lima Franco (1904 - 1970 ) e Manolo Gonzalez Potier (1922 - ). Era seu proprietário Américo Ferreira.

 

No terreno onde se viria a instalar o “Hotel Fénix”, tinha existido um palacete, que tinha sido o “Quartel-General da Região Militar de Lisboa” (e Quartel-General das forças revoltosas em 5 de Outubro de 1910) e posteriormente a sede “Obra das Mães pela Educação Nacional”, fundada em 15 de Agosto de 1936, tendo por objetivo estimular a acção educativa da família e assegurar a cooperação entre esta e a escola nos termos da Constituição da República Portuguesa de 1933.

Palacete com sede “Obra das Mães pela Educação Nacional”

Enquadramento do Palacete na Praça Marquês de Pombal

“Hotel Fénix” em fase de acabamentos

O edifício do Hotel com o seu exterior seguindo o plano para a Praça Marquês de Pombal projectado, em 1958, pelo arquitecto Carlos Ramos, seria o segundo a ser concluído depois do “Palácio da Rotunda”, na esquina com a Avenida da Liberdade e concluído no mesmo ano de 1960 e meses antes deste. O projecto deste edifício, propriedade da firma “Imobiliária Palácio da Rotunda, S.C.R.L.”, ficou a cargo do arquitecto Porfírio Pardal Monteiro e ainda dos arquitectos Jorge Chaves e Anselmo Fernandes. Os primeiro inquilinos desse prédio foram, no rés-do-chão: as agências do "Banco Lisboa & Açores" e do "Turismo Italiano"; restaurante, snack-bar e grill do "Hotel Flórida" e da "Cidla". Nos pisos superiores: Cabeleireiro Eva”; escritórios da ”BOAC- British Overseas Airways Company", da “Canadian Airways”, da "Alitalia"; chancelaria da Embaixada do Brasil  e "Cidla" que ocupava os restantes pisos, do 5º ao 11º andar. O piso térreo, foi aproveitado para uma galeria comercial.

Praça Marquês de Pombal antes e durante a construção dos edifícios “Palácio da Rotunda” e “Hotel Fénix”

 

Edifício “Palácio da Rotunda”

 

Praça Marquês de Pombal já com os edifícios “Palácio da Rotunda” e “Hotel Fénix” concluídos

Em 1980 Américo Ferreira vende o "Hotel Fénix" à cadeia de hotéis espanhola "HUSA - Hoteles Unidos S.A." - fundada em 1930 por Juan Gaspart Bulbena - e que já possuía, em Madrid, um hotel com nome similar o "Fenix Gran Hotel Madrid", actual "Gran Melia Fenix Hotel".

Seis anos mais tarde, em 1986, o “Grupo HF Hotels, S.A.”, sediado na cidade do Porto adquire o “Hotel Fénix”. Este Grupo está inserido noutro o “Grupo Imorey”, liderado pelo brasileiro Jacob Barata, tendo como accionistas empresários que emigraram para o Brasil e que regressaram depois para Portugal. É formado por um conjunto de empresas, sediadas em Portugal, que actuam na exploração hoteleira e imobiliário. Este Grupo chegou a deter a empresa de transporte de passageiros “Vimeca” - fundada em 1931 como “Viação Mecânica de Carnaxide” - recentemente vendida a outro brasileiro, Francisco Feitosa, em 2017.

 

Anúncio em 30 de Dezembro de 1960

Postais publicitários ao “Bodegón” Grill e Bar do “Hotel Fénix”

 

Etiquetas de bagagem

    

 

Entretanto o “Hotel Fénix”, em 2003, é alargado, remodelado e modernizado, sob projecto do arquitecto Miguel Nobre Leitão, passando de 123 para 193 quartos e classificado com 4 estrelas. No mesmo ano, o “Grupo HF Hotels S.A.”, adquire, na cidade do Porto, o Hotel “Ipanema Park”, (actual “HF Ipanema Park”, 5 estrelas e 281 quartos) depois de já ter adquirido, em 1991, “Ipanema Porto”, (actual “HF Ipanema Porto”, 4 estrelas e 150 quartos) e, em 2001 os hotéis “Tuela Porto” (actual “HF Tuela Porto”, 3  estrelas e 154 quartos) e o “Tuela Torre”, actual “HF Fénix Porto”, de 4 estrelas e com 148 quartos.

Em Julho de 2008, é inaugurado, em Lisboa, o primeiro hotel construído de raiz pelo Grupo, o  “HF Fénix Garden”, de 3 estrelas e 94 quartos, contíguo ao actual “HF Fénix Lisboa”, na Rua Joaquim António de Aguiar. Dois anos depois, em Novembro de 2009, foi adquirido o “HF Fénix Urban”, com 148 quartos e localizado na Avenida António Augusto de Aguiar, em Lisboa.

Interiores do “HF Fénix Lisboa”, actualmente

 

 

 

Em 2015, seria inaugurado o segundo hotel do “Grupo HF Hotels” construído de raiz, o “HF Fénix Music”, de 3 estrelas e com 109 quartos, localizado na Rua Joaquim António de Aguiar, e contíguo ao “HF Fénix Garden”.

fotos in: Delcampe.net, Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian (Estúdio Mário Novais), Hemeroteca Municipal de Lisboa

24 de junho de 2018

J. C. Alvarez - Fotografia e Cinema

A loja especializada em artigos para fotografia e cinema “J. C. Alvarez, Lda.” foi fundada na Rua Augusta esquina com a Rua da Assunção, pelos fotógrafos J.C. Alvarez, Amadeu Ferrari e José Rego. Amadeu Ferrari possuía, igualmente, um laboratório fotográfico junto ao elevador de Santa Justa, para o qual J.C. Alvarez também trabalhava.

Fotografias em 9 de Agosto de 1938

 

Esta casa foi das mais famosas, no seu ramo, da cidade de Lisboa tendo estado no início de brilhantes carreiras profissionais de fotógrafos famosos, como Artur Pastor (1922-1999) e Eduardo Gageiro (1935 - ).

Quanto a Artur Pastor:
« A Casa J. C. Alvarez, Lda. proporcionou-lhe,  em outubro de 1949, uma exposição de  fotografias de aspetos da praia de Sesimbra,  nas suas montras na rua Augusta, em  Lisboa, a qual teve a visita do presidente  da Câmara Municipal de Sesimbra que  lhe enviou uma carta, em 25 de outubro, felicitando-o pela qualidade da exposição.  Embora noutra dimensão, também esta  exposição se revelara um êxito, conforme J. C. Alvarez diz na carta que lhe enviou em 26 de outubro, na qual reiterava a informação  do sucesso da exposição nas montras da sua loja, dizendo que foram “forçados a ceder 5  das suas fotografias a um senhor americano  que esteve de passagem por Lisboa somente  durante algumas horas, (…)”.
A Casa J.C. Alvarez tinha consciência  do valor do trabalho de Artur Pastor e do  que beneficiaria ao permitir a sua mostra nas respetivas montras por isso, em agosto  de 1950, voltaram a ser exibidas grandes  ampliações de fotografias de Artur Pastor  com motivos da vila e praia de Albufeira. » in:
“A vida do «franco-atirador»: Artur Pastor, seis décadas de fotografia
Contributo para uma biografia”,
de Ana Saraiva.

No “Concurso de Montras” promovido pelo “S.P.N.”, em Dezembro de 1942

 

1941

                               1942                                                                                        1946

       


                                          1947                                                                                          1947

 

Quanto a Eduardo Gageiro, numa entrevista ao jornal “Expresso”, em 29 de Julho de 2017, recordava:
«Primeiro fui ver os preços ao J.C. Alvarez, que era o sítio onde costumava comprar os rolos fotográficos. Mostraram-me duas: Uma Rolleyflex e uma Rolleycord. O senhor Amadeu Ferrari, um dos donos, disse-me que a Rolleycord era metade do preço da outra. A diferença é que uma tinha uma objetiva um bocadinho melhor e célula fotoelétrica. Mas ele disse-me que não precisava daquilo. E desenhou-me uma escala em papel com a fórmula das velocidades e das aberturas de acordo com a luz e o rolo. E assim pude prescindir da célula fotoelétrica. E ainda me disse: “Levas a máquina e pergunta ao teu pai como é que quer pagar isto.” E eu espantado: “Mas eu posso levar já a máquina?” Ainda agora me comovo com a atitude dele. Tinha 15 anos na altura e eles já tinham confiança em mim e deram-me a máquina antes de a ter pago.»

“J. C. Alvarez, Lda.” nos finais dos anos 60 do século XX

 

Esta loja encerraria definitivamente em Fevereiro de 2009 e a firma proprietária “J. C. Alvarez, Lda.” dissolvida e liquidada em Janeiro 2014.

fotos in: Delcampe.net, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian (Estúdio Mário Novais), Hemeroteca Municipal de LisboaArquivo Nacional da Torre do Tombo