Restos de Colecção: Cinema-Teatro Monumental

7 de julho de 2013

Cinema-Teatro Monumental

A elaboração do projecto para o maior conjunto de cinema-teatro existente em Lisboa, partiu de um Despacho do Ministro da Educação Nacional de 24 de Março de 1943, onde se podia ler: "(...) podia considerar-se o eventual funcionamento de uma Casa de Espactáculos como ainda não há em Lisboa, com um conjunto de instalações adequadas á realização ou exibição simultânea de várias formas de actividade artística ou cultural (...) uma casa com salas independentes para teatro de declamação ou música ligeira, concertos e cinema, dotada das dependências correspondentes.”

Dezembro de 1951


Abril de 1952


Espaço do futuro “Monumental”, era ocupado pelo “Colégio Normal de Lisboa” (em foto de 1939)




Com base nesta sugestão do Ministro Mário de Figueiredo, o arquitecto Raúl Rodrigues Lima - que já tinha assinado o projecto do Cinema Cinearte, inaugurado em Fevereiro de 1940 - elabora o projecto do Monumental, cinema e teatro, onde, num único edifício existe um teatro para 1182 espectadores, um cinema para 2170, um café-restaurante e uma sala para exposições artísticas.

      Raúl Rodrigues Lima (1909-1980)                             Alçado principal sobre a Praça Duque de Saldanha

              Rodrigues Lima            

        Alçado sobre a Avenida Fontes Pereira de Melo                             Alçado sobre Avenida Praia da Vitória

 
 
Janeiro de 1983
 
 

Na foto anterior, anunciava-se a peça teatral “As Taradas”, com os actores Octávio de Matos e Adelaide João, entre outros. Esta seria a última peça a ser exibida no “Teatro Monumental”, antes deste encerrar definitivamente a 3 de Março de 1983.

Nesta planta pode-se ver a disposição das 2 salas de espectáculos


Maqueta

 

O “Cinema-Teatro Monumental”, localizado na Praça Duque de Saldanha em Lisboa, e propriedade da "“Sociedade Administradora de Cinemas, Lda.”, do major Horácio Pimentel, foi inaugurado no dia 8 de Novembro de 1951, «único no seu género em todo o mundo» segundo alguns jornais da época, que acrescentavam: «um luxuoso edifício que, desde as linhas arquitectónicas do exterior à luxuosa comodidade dos seus interiores, oferece o tom moderno e de bom gosto da casa de espectáculos digna de figurar entres as melhores da Europa».
 
Major Horácio Pimentel
 

Espectáculos anunciados para as inaugurações dos Teatro e Cinema Monumental

 

Sala do Teatro Monumental    
 

 


Planta e preçário do “Teatro Monumental” em 1953




Programa

1951 Teatro Monumental (inauguração).1 
1951 Teatro Monumental (inauguração).2

A entrada principal do edifício, comum à salas de Cinema e de Teatro, fazia-se pelo grande vestíbulo principal semi-exterior que, comunicando directamente com a Praça Duque de Saldanha por meio de uma arcaria de volta perfeita, funcionava quase como um prolongamento desta. A sala de Teatro, com eixo central paralelo à Av. Praia da Vitória, possuía dimensões mais reduzidas de modo a aproximar os espectadores do palco. Deste modo, e por forma a rentabilizar melhor o espaço interno, o arquitecto Rodrigues Lima introduziu três balcões que se prolongam lateralmente até ao palco e ainda dois camarotes “avant-scène” ricamente decorados.

Enquadramento do “Monumental” na Praça Duque de Saldanha


A sala de cinema, com eixo central paralelo à Av. Fontes Pereira de Melo, possuía grandes dimensões permitidas pelo grande ecrã existente e pelos altifalantes que permitiam regular o som de acordo com as dimensões da sala. Comportando dois balcões, esta sala constituía a «referência mais imensa do espaço-cinema em Portugal : a sala cheia parecia uma cidade!» .

Entradas para o Cinema e Teatro Monumental, ao fundo bilheteira do Teatro


Ficha de bengaleiro


 

Passando o vestíbulo da entrada, existia um grande foyer que se desenvolvia por dois pisos. No piso térreo os acessos à sala eram feitos por quatro portas que davam acesso directo às plateias tanto do Cinema como do Teatro.
A partir do foyer do 1º andar, além do acesso ao 1º balcão  a partir de duas portas, dava acesso a um vestiário, um toucador para senhoras, ao bar, às instalações sanitárias e á escada que dava acesso ao último piso onde se encontravam a cabine de projecção e o escritório da gerência. Neste 1º piso, fazendo parte integrante do foyer, existiam, um salão de estar e outro de exposições. Estes equipamentos eram comuns ao Cinema e Teatro.

               O gigantesco foyer do primeiro balcão era imponente, com mármore, dourados, estátuas e lustres

 


Salão de Chá

   

A revista “Imagem” em 1950 escrevia: «Um dos mais arrojados empreendimentos dos nossos dias». Podia-se também ler num jornal da época: «Único no seu género em todo o mundo, um luxuoso edifício que, desde as linhas arquitectónicas do exterior á luxuosa comodidade dos seus interiores, oferece o tom moderno e de bom gosto da casa de espectáculos digna de figurara entre as melhores da Europa».

Antes da transformação para ecran gigante “Cinemascope”


 

 
Planta e preçário do “Cinema Monumental” em 1953
 

Adivinhando as necessidades futuras, esta sala viria a acolher todas as novidades a nível de ecrãs de cinema: ecrã gigante, “Cinemascope”.


Ecrã gigante “Cinemascope”


                                                                         Sala do Cinema Monumental

 

                                        Entradas para o 2º balcão do Cinema e Teatro e camarotes do Teatro
                  
                                   

                                          Sala de estar e entradas do 2º Balcão do Teatro e do Cinema

 Cinema Monumental.38

Cabine de projecção


 

Grandes filmes passaram por esta casa de espectáculos como: “E tudo o Vento Levou” (1939) de  George Cukor, Victor Fleming, Sam Wood; “Os Dez Mandamentos” (1956) de Cecil B. DeMille; “Ben-Hur” (1959) de William Wyler; “Spartacus" (1960) de Stanley Kubrick; "West Side Story" (1961) de Jerome Robbins e Robert Wise; “Lawrence de Arábia” (1962) de David Lean; “Cleopatra” (1963) de Joseph L. Mankiewicz; "My Fair Lady" (1964) de George Cukor; “Doutor Jivago” (1965)  de David Lean; "2001: Odisseia no Espaço" (1968) de Stanley Kubrick; “Um Violino no Telhado" (1971) de Norman Jewison; "Papillon" (1973) de Franklin Schaffner; "Star Wars" (1977) de George Lucas, entre outros.

Estreia do filme "Queda do Império Romano" em 15 de Setembro de 1964


Horácio Pimentel cumprimentando o Presidente da República Almirante Américo Thomaz


Estas duas fotos anteriores foram gentilmente cedidas por Rui Pimentel (neto do fundador)

 

 


Lembro que, antigamente a grande maioria dos filmes estreavam em Portugal, muitos meses depois, se não anos depois, de serem estreados nos Estados Unidos, ou noutros países. Exemplos: "West Side Story" (1961) de Jerome Robbins e Robert Wise, estrou em  Abril de 1963, “Doutor Jivago” (1965) de David Lean, estreou em Outubro de 1966. Casos raros de estreia no mesmo ano ocorriam em Portugal. Caso disso foi o filme "My Fair Lady" (1964) de George Cukor, que estreando em de Outubro de 1964 nos Estados Unidos, estreou no mesmo ano em Portugal, em 4 de Dezembro, conforme anúncio seguinte.

4 de Dezembro de 1964


Mais tarde, o Salão de Chá, cuja foto foi publicada mais acima, seria transformado para uma pequena sala-estúdio, o “Satélite”. Esta sala-estúdio, foi inaugurada em 25 de Fevereiro de 1971 com o filme “Coisas da Vida” ( “Les Choses de la Vie” ) com Romy Schneider e Michel Piccoli, e cuja receita reverteu a favor da “Cruz Vermelha Portuguesa”.


Na lateral da Avenida Fontes Pereira de Melo, este edifício albergou o  café, casa de chá e  restaurante “Monumental”, igualmente propriedade do major Horácio Pimentel e explorado por Amadeu Dias, que já detinha a exploração dos 3 bares do conjunto cinema/teatro "Monumental", Abriu as suas portas em 17 de Setembro de 1955, tendo a propósito, o “Diário de Lisboa” , neste dia, escrito:

«O projecto inicial da obra era da autoria de sr. arquitecto Rodrigues Lima, pois fazia parte do bloco das casas de espectáculo. O seu proprietário confiou, porém, o seu desenvolvimento, dentro das novas exigências funcionais da exploração, ao notável decorador José Espinho e a Fred Kradolfer, outro artista de extraordinários méritos, que resolveram, com inteligência e gosto, os problemas de decoração, construção e mobiliário.»


Café Monumental.2

Publicidade ao Café-Restaurante Monumental

1961 Café Restaurante Monumental

Outro cinema famoso de Lisboa o Império ,que viria a ser inaugurado em 24 de Maio de 1952, teria também a exemplo deste, um grande café-restaurante de seu nome “Império”, felizmente ainda existente.

Peça “Meu Amor é Traiçoeiro” estreada em 7 de Junho de 1962, publicitada também nas paredes exteriores do edifício

      

                                               Programas das três salas que albergou o conjunto Monumental

  

              

                                                       Dois espectáculos no Teatro Monumental  em 1966


                  

O anúncio anterior faz referência a um dos grandes acontecimentos que ocorreram nos ano 60 do século XX, no “Cinema-Teatro Monumental”, o “Concurso IÉ-IÉ” de 1966, que pode ser pormenorizadamente recordado num artigo neste blog, no seguinte link: “Concurso «IÉ-IÉ» em 1966”.
O arquitecto Rául Rodrigues Lima, ainda antes de morrer em 1980, projectou uma profunda remodelação deste espaço a fim de o integrar nos novos tempos. A sala de espectáculos seria dividida em pequenas salas, à semelhança do que se viria a passar com o Cinema São Jorge”, e a entrada aproveitada para instalação de pequenas lojas. Mas … como escreveu Luís de Camões: «Que outro valor mais alto se alevanta »…

                                               Notícia no “Diário de Lisboa” em 26 de Novembro de 1983

                                  



Fotos gentilmente cedidas por Rui Pimentel (neto do fundador)

Como já foi referido anteriormente, o “Teatro Monumental” encerrou primeiro, em 3 de Março de 1983, e o “Cinema Monumental”  só viria a encerrar a 27 de Novembro do mesmo ano. O último filme a ser exibido foi “ O Vale Perdido” …
A ordem da demolição surgiu em 1984. No mesmo local viria a ser construído um moderno edifício, também chamado “Monumental”, com escritórios, centro comercial  e quatro salas de cinema, de seu nome actual ”Medeia Monumental”, sendo a maior das quais uma sala cine-teatro com 378 lugares.

                                                                              Edifício Monumental

 Edifício Monumental.2

                                 

Do antigo conjunto “Cinema - Teatro Monumental”, restaram a esfera a esfera armilar, que se encontra actualmente, ao lado do Padrão dos Descobrimentos, e as estátuas que decoravam a fachada do edifício, e que se encontram nos jardins contíguos à Igreja de São João de Deus, na Praça de Londres.

45 comentários:

Manuel Tomaz disse...

Não imagino quantas vezes entrei no Monumental, mais no Cinema, mas também no Teatro. Isto na década de 60, depois a minha alterou-se e aí terminou. Às novas instalações, nunca as visitei. Quanto ao Café-Restaurante, o que mais frequentava era o "Monte Carlo", ali mesmo ao lado ( hoje uma loja Zara...). Nessa altura, aquele Café funcionava também como: sede de partidos políticos clandestinos; clubes de futebol; críticos de cinema, teatro e televisão; agencias de emprego por conhecimento, etc.. Assim era a vida naqueles tempos!
Os meus cumprimentos,
Manuel Tomaz,

José Leite disse...

Caro Manuel Tomaz

Grato pelas suas recordações e informações adicionais.

Os meus cumprimentos

José Leite

José Augusto Macedo do Couto disse...

Que MARRAVILHA de Edifício que era o Monumental!
Parabéns por mais esta excelente entrada.
Cumprimentos do
José Couto
Porto

José Leite disse...

Caro José Couto

Pois ... era ... ou melhor foi ...

Grato pelo seu comentário

Os meus cumprimentos

José Leite

Manuel Espinho Sr. disse...

Extraordinária reportagem revivalista a qual muito agradeço...o meu pai o decorador José Espinho que está mencionado não só foi o decorador de interiores do cinema e Teatro,mas tambem do Café Monumental e só recentemente a sua obra foi reconhecida com uma serie de eventos e exposições e livro lançado.Bem haja.
Cumprimentos

Manuel Espinho

Anónimo disse...

Boa tarde .Muito obrigado pela expressiva reportagem revivalista.Apenas gostaria de fazer uma pequena rectificação sobre uma passagem do texto.O meu pai José Espinho foi o decorador (hoje chamam lhes arquitetos de interiores) integral da obra (cinema ,Teatro e Café Monumental),Fred Kradolfer pintor e ceramista suiço radicado em Portugal e colaborador do meu pai em outras obras(Htel Continental em Luanda,Estoril Sol etc)apenas pintava ou paineis ou quadros( o Estorl Sol possuia 300 aguarelas -1 em cada quarto-Sendo José Espinho o designer exclusivo de mobiliario da Fábrica Olaio.todas as peças da referida obra(mobiliário) foram desenhadas por ele.Aproveito para mencionar já que o meu pai convidava variadissimos artistas nacionais para rechearem as suas decorações com obras proprias ,que havia uns grandes paineis que ombreavam o palco do cinema da autoria da pintora Maria Keil e que depois foram retirados .Desconheço o seu paradeiro.
Obrigado e bem haja

Manuel Espinho

José Leite disse...

Caro Manuel Espinho

Não tem que agradecer.

Muito agradeço a gentileza do seu comentário e informação adicional.

Os meus cumprimentos

José Leite

Ines Pimentel disse...

Bom dia
Obrigada pelo artigo e sobretudo pelas fotografias, o Monumental faz parte das memórias de todos os Lisboetas de uma certa geração.
Poder-se-ia imaginar que o proprietário deste lindíssimo cinema sofria de megalomania,mas a sua humildade era ainda maior do que a sua obra, pelo que, o seu nome nem é referido quando falamos do Monumental, do Cinearte e do Europa, frutos do seu sonho, e propriedade sua. Na simplicidade que lhe era reconhecida andou pendurado nos eléctricos de Lisboa até falecer, com cerca de 80 anos, não sei precisar... deixou grandes saudades na sua imensa família de 8 filhos e 40 e tal netos,e a sua morte desamparou imensas famílias que apoiava financeiramente! Deixo aqui estas palavras, não por soberba, apenas porque me orgulho, demais do meu avô Horácio Pimentel que faleceu há 49 anos (mais coisa menos coisa)!PS o laboratório Sanitas também era seu, de raiz!
Um boa dia para si
Inês Pimentel

José Leite disse...

D. Inês Pimentel

Muito grato pela informação adicional, e pelas suas amáveis palavras.

Também quero agradecer a recordação de Horácio Pimentel, mais um português que infelizmente se juntou ao rol dos "esquecidos".

Felizmente nem todos o esqueceram ...

Os meus cumprimentos

José Leite

J.C.Branco disse...

A sua demolição foi um crime de lesa-pátria. Não me lembro da história mas estou quase certo se disser que a demolição só existiu com a conivência do então presidente da CML. Quem foi o criminoso ?

Irene Flunser Pimentel disse...

Acabo, novamente, de consultar o seu blogue, que me é sempre muito útil, além de ser magnífico. Tal como a minha prima Inês, queria aqui também recordar o nosso avô, Horácio Pimentel, proprietário e fundador do cine-teatro Monumental.

José Leite disse...

D. Irene Pimentel

É muito gratificante, saber que, mesmo sendo familiares, as pessoas são públicamente recordadas.

Grato pelas suas amáveis palavras.

Os meus cumprimentos

José Leite

Anónimo disse...

Monumental é também este trabalho. este blogue grandioso em favor da cultura portuguesa. Gostaria de ver informação e imagem acerca do chamado teatro de mágica, bastante popular no séc.XIX e também anúncios de espetáculos de ilusionismo, de mágicos antigos, exibidores de lanterna mágica e afins.

José Leite disse...

Salamader

Grato pelo seu comentário.

Quanto ao seu pedido, à medida que me for aparecendo material que justifique um artigo digno, assim o farei.

Os meus cumprimentos

José Leite

cabindês disse...

Tenho 78 anos e orgulho-me de ter vivido uma época áurea da cidade de Lisboa e de Portugal, em que se privilegiavam os valores. Felicito-o pelo magnífico blogue que construiu que deverá ser divulgado para conhecimento das novas gerações e que eu farei.

José Leite disse...

Caro Rui Serrano

Muito grato pelas suas amáveis palavras em relação ao meu trabalho.

Os meus cumprimentos

José Leite

P M Pepe disse...

Parece quase criminoso ver como foi possível deitarem abaixo um edifício destes, tão majestoso, tão definitivo, perene.

Unknown disse...

Primeiro deixe-me agradecer-lhe este espólio fotográfico maravilhoso.
Como foi bom rever o Monumental nos seus tempo áureos...
A primeira vez que fui ao Monumental ainda não andava sequer... o meu querido e falecido Pai trabalhou lá muitos anos... o Monumental era a sua 2ª casa... a 2ª casa da nossa família...
só quem por lá andou horas perdidas poderá perceber as minhas saudades...
as festas de Carnaval, passagem de ano... as festas de aniversário e tantas outras...
quantas memórias e saudades...
obrigada :))

Anónimo disse...

Duas correções que a sua boa reportagem merece.
O Cinema Satélite nasce num espaço que era o Salão de Chá e do qual existem duas fotografias acima identificadas como bar, existiam realmente 3 bares, um por piso, mas não eram nesta localização.
Esses bares e o Café Monumental, foram explorados pelo Amadeu Dias, mas este nunca foi o seu proprietário, mas sim o Major Horácio Pimentel, dono de todo o edifício.
Um comentário anterior pergunta pelas estátuas, posso esclarecer que há data da demolição foi feito um levantamento pelo Arq. Bairrada de diversas peças que deveriam ser entregues à Câmara Municipal de Lisboa e entre elas estavam todas as estátuas interiores e exteriores, candeeiros de latão do hall das bilheteiras, corrimãos em latão das escadas de acesso ao 1balcão, alguns apliques de latão e meios lustres, etc.
Estas peças foram entregues e penso que algumas estátuas foram colocar a num espaço publico e que o resto ainda estará em armazém...
Cpts

José Leite disse...

Caro(a) Anónimo(a)

Muito grato pela sua gentileza nas suas correcções, sempre bem-vindas sempre que se justifique.

Os meus cumprimentos

José Leite


Alfredo Ramos Anciães disse...

Caro José Leite,

Vivi na Av. Duque D`Ávila, quase na esquina com a Av. República e junto ao Saldanha e Monumental. Era para o Café Monumental que ia tomar o meu café e ler algo (jornal ou materiais de estudo).

Apreciei o ambiente do Café frequentado nos anos 70`s e inicios de 80 por gente de cultura e modos de vida diversos. Era espaçoso, brilhante, tal como o Cinema e Teatro Monumental, fazendo parte de um conjunto, grande e magnífico. Para lá destes atributos,o edifício era uma rocha autêntica. Passava pelo local, mais ou menos, todos os dias quando foi demolido e posso atestar, pelos meses que demorou a sua demolição que não vislumbro coisa mais sólida do que aquela. Deste modo, porque é que foi demolido? Só lhe posso dizer (pela demolição do Monumental e pelos entraves na Rua do Carmo que depois permitiu que o fogo se alastrasse por falta de acessos aos Bombeiros) que o Presidente da Câmara, Abecassis e "entourage" nunca foram por mim apreciados.

Estas duas obras, uma de demolição e outras de entraves com o centro da Rua do Carmo construído com empecilhos, foram para mim, autênticos crimes de análise e abusos de confiança em relação à população.

O Monumental era ainda uma obra muito funcional, moderna e seguríssima. A sua demolição deveria ter passado pela barra dos Tribunais. É o que penso e sou normalmente tolerante e não justicialista.

Um abraço e parabéns pelo seu magnífico trabalho.

José Leite disse...

Caro Alfredo Anciães

Muito grato pelo seu elucidativo comentário, e pelas suas generosas palavras em relação a este blog.

Os meus cumprimentos

Anónimo disse...

No Monumental, para além de cinema numa sala e teatro na outra, vi e ouvi: Louis Armstrong, Benny Goodman, no início dos anos 60 as memoráveis tardes de sábado com rock português, etc, etc. Foi um crime destruir aquelas salas e clara que nunca mais lá houve teatro.
João Guerra

Anónimo disse...

Boa tarde,
Não posso dizer que frequentei este belíssimo edifício, pois nasci depois dessa época, mas é uma pena ver coisas tão belas e que projectaram a cultura de um "pequeno" país serem assim destruídas... em prol de quê??

Estive a ver este magnífico artigo e fiquei maravilhada com a sala inicial do Monumental, com que estupidez foi feita a sua demolição?!!...
Não há beleza ,rigor e cuidado em tantos detalhes que se comparem, hoje em dia.
Não sou dessa época, mas a minha mãe é e acho revoltante perder a nossa cultura e bem-estar. Se existisse mais gente como eu, que se revolta contra estas vergonhas, secalhar ainda hoje este belo edifício se mantinha em pé... Querem destruir mais monumentos nacionais?? Porque não a AR? Com muita tristeza destes "imbecis" agarrados ao dinheiro, e esquecem todo o resto... Mas infelizmente é o dinheiro que governa não a Humanidade, e nem me venham falar de racionalidade, pois basta ver que ela não existe!

Com os melhores cumprimentos e agradecida por esta magnífico artigo.

Joana G.

José Leite disse...

D. Joana G.

Eu é que agradeço a gentileza do seu comentário.

Os meus cumprimentos

José Leite

josé Júlio da Costa-Pereira disse...

Magnifica esta "postagem" de imagens e comentários.Pena não se faça refeência ao "Fradique-Que é "chic" a valer" Mais tarde Café Monte Carlo.Um Ícone daquuela área que vivi na minha mocidade onde ainda hoje vivo,quando estou em Portugal,Saldanha a minha aldeia.
José Júlio da Costa-Pereira

José Leite disse...

Caro Costa-Pereira

Grato pelo elogio.
Quanto ao "Monte Carlo" estava instalado prédio contíguo, pelo que não abordei.

Os meus cumprimentos

Alberto Pomar Freire disse...

A destruição do cinema e teatro Monumental foi um crime inqualificável. Lisboa e todos nós ficámos mais pobres.

José Leite disse...

Caro Alberto Freire

Se tivesse sido só este "crime" ... e já não era pouco.

Cumprimentos

Majo Dutra disse...

~~~
Gostei de rever o velho monumental.

Os melhores cumprimentos.
~~~~~~~~~~~~~~~~~

Unknown disse...

Lindas Fotos, que me fizeram recuar no tempo e lembrar o passado.

Fui, como milhares de pessoas dezenas de vezes ao MONUMENTAL, mas recordo com particular enfoque, quando eu e o meu colega Horácio Pimentel Carvalho Guerra ( um dos muitos filhos - 15 ou 16 - do proprietário), vínhamos a pé do colégio S. J. de Brito e por ali passávamos e entravamos. Brincamos em sua casa em Campo de Ourique por cima do Rei das Fardas, um prédio para a familia!

Ao ler também recordei o Designer Sr.º José Espinho, que conheci, pois o meu Pai foi o financeiro da Empresa Moveis Olaio e nas festas e encontros de pessoal da casa, convivíamos muito provavelmente também com o filho Manuel Espinho.

A vida tem destas coisas, tínhamos 12 / 13 anos agora temos 62 /63, passaram 50 anos, vim a ler este artigo por mero acaso aqui em Luanda, onde vivo e trabalho á mais de 15 anos.

Aos interessados Horácio Pimental Carvalho Guerra e Manuel Espinho, gostava de ter os vossos contactos o meu é vasco.murta@gmail.com um abraço. Vasco Manuel Balsa Marques Murta - N.º 37 do Colégio S. João de Brito.

pt disse...

Ao ler os comentários verifico que eles complementam e enriquecem este blogue. Gostei de ler o contributo dos descendentes do proprietário e do decorador. Assim como as memórias dos frequentadores. À semelhança destes, sou descendente de um grupo quase sempre esquecido em qualquer mega-construção: os «trolhas». Só por isso faço aqui referência - para homenagear todos os homens - grandes e pequenos na sua posição social, que contribuíram para erguer o Cine-Teatro Monumental.


O seu blogue é uma autêntica cápsula do tempo que presta um papel de registo e conservação de um património de maior importância. E como está na internet, nenhuma intempérie pode resultar na sua perda para sempre. Pergunto-me se foi isso que aconteceu com qualquer imagem que possa ter existido da construção do Cine-Teatro Monumental - pois todo projecto arquitectónico de grande envergadura, seja edifício, ponte, fonte ou estátua, é fotografado antes da construção, durante as obras e depois de concluído.

Sobre o Monumental só encontrei imagens do resultado final e, finalmente aqui, uma do local ANTES de se iniciar mudanças.

Deixo o meu obrigado pelo contributo histórico e HUMANO do blogue.

José Leite disse...

Quanto a fotos da sua construção nunca encontrei nenhuma, em alguns anos que já levo neste blog.

Resta-me agradecer a s suas amáveis palavras.

Os meus cumprimentos.

pt disse...

Obrigado pela resposta.
Desejo eternos anos de vida ao seu blogue.

Unknown disse...

Srº. José Leite

Aprecio o seu trabalho com este blog. A pesquisa que realiza e a categoria e qualidade dos documentários que coloca são dignos de um apoio mais que merecido. Mais, tem sempre o cuidado e a gentileza de responder a qualquer comentário ou sugestão que lhe é colocado.

Realmente um bem haja e creio não mentira quando refiro que não há muitos nem muitas como o Srº.

Obrigado

Luis Mota

José Leite disse...

Caro Luís Mota

Muito agradeço a gentileza e amabilidade do seu comentário.

Quanto ao responder aos comentários não faço mais que a minha obrigação porque eles ajudam, por vezes, a rectificar imprecisões ou erros, a bem da informação que pretendo o mais fidedigna possível. Por tal os leitores que os fazem merecem a minha consideração e estima.

Com os meus renovados agradecimentos, os meus cumprimentos.

José Leite

icosaedro disse...

Caro Sr. José Leite,

Comparando a esfera armilar (única) do Monumental com as duas esferas que ladeiam o Padrão dos Descobrimentos, verifica-se que não são idênticas. Idem para as duas esferas do Cinema Império, também apeadas.

melhores cumprimentos

Mário B. Santos

Anónimo disse...

Foram destruídos edifícios belíssimos para dar lugar a dois mamarrachos horrorosos: o novo Monumental e o Atrium...

Carmo disse...

Boa tarde
não há registo do pintor que reprodusia os anuncios dos filmes , que depois ficavam expostos no exterior (tamanho gigante) do teatro?
Uma vez vi na Tv e fiquei fascinada, com o talento do artista, mas nunca mais vi referência a ele!!!
Grata pela partilha
Cumprimentos

José Leite disse...

Boa tarde D. Carmo

Realmente, esses cenógrafos nunca passaram de "ilustres desconhecidos" ... eu diria antes ... "ilustríssimos", já que foram pintadas fantásticas telas e ainda por cima em tamanho gigante que ainda mais difícil se tornava.

Os maus cumprimentos
José Leite

Manuel Almeida disse...

Relembrar o Monumental é sobretudo um exercício de carácter cultural, social e arquitectónico. A grandiosidade daquele espaço foi destruída por interesses económicos e apagou da memória de Lisboa um espaço que poderia ser requalificado sem ser destruído. O edifício Monumental foi pela sua traça, escala e volume um edifício de "difícil digestão" para o Estado Novo ( creio que só mesmo pelo facto do seu autor ser tolerado pelo Regime, evitou a censura do lápis azul), que representava a modernidade pelas soluções construtivas adotadas, materiais usados e acabamentos. A demarcação das entradas principais do edifício, constituíam-se diariamente como ponto de encontro de milhares de lisboetas e no café / restaurante Monumental ilustres das Artes por ali passavam. No interior em ambas as salas, os todos os espaços eram de proporções generosas, sendo colossal o foyer no 1º piso. A saudade chama-se Laura Alves, grandiosa atriz que ali brilhou durante mais de 4 décadas. O que existe atualmente no lugar do Monumental não passa do que é...!

pdi8brg disse...

Obrigado por partilhar estas memórias de outros tempos.
Nunca fui ao Mojavascript:void(0)numental original, por ser de Braga e ter "apenas" 48 anos, mas como fã de arquitetura dos anos 50/60 não deixo de imaginar a grandiosidade que teve.
É um bom exemplo da destruição de valor que a ganância do imobiliario trouxe ao país, especialmente nos anos 80/90.
Um edificio patrionial não deve ser património histório apenas como critério da idade.
Paulo Dias

Anónimo disse...

Vi grandes filmes no Monumental e uma grande memória das passagens de ano nas salas adjacentes à sala de cinema, com música ao vivo. Anos 60.. Foi lamentável o fim deste GRANDE ESPAÇO.

Alberto Pomar Freire disse...

O cinema Monumental onde, pela primeira vez em Portugal se projectaram filmes em 70mm. Era uma sala linda e acolhedora servida por belos espaços exteriores.
O teatro Monumental localizado junto ao cinema do mesmo nome era uma lindíssima sala de teatro onde se representaram magníficas peças de teatro. De recordar a saudosa Laura Alves que foi muitas vezes cabeça de cartaz.
A destruição destas duas salas foi um grave crime contra a cultura e contra a Cidade de Lisboa.

Fernando Vidal disse...

Omitindo memórias mais "recentes" das idas ao Monumental: Cinema, Estúdio ou Teatro, não esqueço, enquanto adolescente, ter assistido à actuação do cantor Adamo ou das transmissões, nos enormes ecrãs, do Mundial '66... saudosamente acompanhado dos meus bons amigos e colegas Tó e João Pimentel Carvalho Guerra.
Seríamos muito infelizes sem estas e outras boas memórias daqueles tempos!