Em 1937 a “Sociedade Administradora de Cinemas Lda.” apresenta à “Inspecção Geral dos Espectáculos” o projecto de um cinema, designado "El Dorado", a construir na Rua Vasco da Gama, na Freguesia de Santos, sob um projecto do arquitecto Raul Rodrigues Lima (1909-1979). Lembro que a “Sociedade Administradora de Cinemas Lda.” , do major Horácio Pimentel viria a inaugurar o Cinema-Teatro “Monumental” em 8 de Novembro de 1951 e o Cinema “Europa” (novo) em 28 de Março de 1966.
Alçado principal do projecto do “Cinearte”
Esta sala teria uma lotação de 790 lugares, distribuídos por plateia (478) e balcão (312). Em 1938 é licenciada a construção do novo cinema já sob nova designação "Vasco da Gama" e obedecendo a algumas alterações. Em 1939 / 1940 o projecto sofre de novo várias alterações de pormenor; por esta altura é já referenciado na documentação com a nova designação de “Cinearte”.
Largo de Santos antes do “Cinearte”
Terreno no Largo de Santos onde viria a ser construído o “Cinearte”
Em Fevereiro de 1940 a obra é concluída e em Março a licença de exploração é concedida sob a exigência de algumas alterações: limitação da lotação da sala a 967 lugares; colocação de corrimões nos 2 lados de todas as escadas. É inaugurado em 14 de Março de 1940, com a presença do Ministro da Educação Nacional, Presidente da Câmara de Lisboa e o Governador Civil de Lisboa, com a exibição do filme de Frank Capra, "Não o Levarás Contigo" ("You Can't Take It with You") de 1938 que tinha ganho dois Óscares da Academia (Melhor Filme e Melhor Realizador de 1938) e baseado num livro que tinha ganho o prémio Pulitzer.
Cartaz original do filme de inauguração do “Cinearte”
Entrada e Bilheteiras Foyer da plateia
Mais tarde, em Maio do mesmo ano a "Sociedade Administradora de Cinemas Lda.", empresária do "Cinearte", solicita autorização à IGE para instalar um cinema ao ar livre no terraço, integrando uma esplanada com mesas; o projecto é aprovado, limitando-se, no entanto, o número de mesas a 77
Em 1945 é feita nova intervenção na sala, sendo substituídas as cadeiras da plateia para obtenção de espaço entre as filas; a lotação passa de 610 para 588 lugares
Sala de cinema
Planta e preçário do 1953
Em 1972 a "Sociedade Administradora de Cinemas Lda.’"abandona a exploração do "Cinearte", passando a sua gestão para a firma "A. Ramos, Lda". Em 1973 a "Intercine - Sociedade Intercontinental Cinematográfica, Lda.", com sede na mesma morada que a firma "A. Ramos Lda.", surge como a entidade exploradora deste cinema.
Cabine de projecção com máquinas de projectar “AEG”
Em Julho de 1973 o “Cinearte” encerra para se procederem a obras de beneficiação no interior. Em Outubro estão concluídas as pinturas interiores, a revisão da instalação eléctrica, incluindo novo tipo de iluminação, os melhoramentos no espaço do auditório e nos espaços de circulação e apoio ao público.
Bar
Sala e esplanada do bar
Bilhete de Abril de 1960 Folheto publicitário de 1961
Bilhetes e folheto gentilmente cedidos por Carlos Caria
Quando a animação nocturna começou a implementar-se de forma maciça nesta zona sob a forma de bares e discotecas o “Cinearte” já estava em fase de declínio. Em 31 de Dezembro de 1981 encerrou e só em 1990 foi reactivado, mas como sala de Teatro, sob a designação de “Teatro Cinearte”, depois de ter sido adquirido pela companhia "A Barraca" onde apresenta as suas peças desde essa altura. Em 1993 construiu-se a “Sala 2”, segundo um projecto do arquitecto Rui Pimentel, que sacrificou uma parte significativa do espaço interno original.
“Teatro Cinearte” da companhia de teatro “A Barraca”
Tendo como responsáveis da companhia de teatro “A Barraca”, Maria do Céu Guerra e Hélder Costa a lotação “Sala 1” do teatro "Cinearte" é de 162 lugares e a da “Sala 2” é de 153 lugares.
fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian (Estúdio Horácio Novais), Universidade de Coimbra, Teatro A Barraca
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