Restos de Colecção: Faróis Portugueses (3)

10 de setembro de 2011

Faróis Portugueses (3)

Em 1866 é criada a Direcção-Geral dos Telégrafos e Faróis, dependente do Ministério das Obras Públicas, e entram em funcionamento os faróis de Santa Marta (1868), do cabo de Sines (1880), e de Esposende (1886).

                                                 Farol de Santa Marta, em Cascais (1868)

 

                                                                     Selo dos CTT, 2008

                                                      

«Sabe o que é que eu fazia com este farol,antigamente?, disse eu, olhe, vou dizer-lhe, fazia uma brincadeira, vinha para este quarto e punha-me à janela, o farol tem três luzes intermitentes, uma branac, uma verde e uma encarnada, eu brincava com as luzes, tinha inventado um alfabeto luminoso e falava através do farol …»    António Tabuchi in:  “Requiem”

Em 1875 era editada a “Carta dos Pharoes Posições escolhidas ao longo da Costa de Portugal “, de Francisco Maria da Silva

                                                           Farol do Cabo de Sines (1880)

   

Construído em 1880, é composto por dois edifícios anexos e uma torre cilíndrica. Estava munido de um aparelho óptico de segunda ordem que possibilitava a visualização da luz, originada pela queima de gás de petróleo, a 25 milhas náuticas. Em 1915 este aparelho é substituído por um outro de terceira ordem, passando o alcance para 30 milhas náuticas..
 
O edifício do farol era composto de três corpos, sendo os dois inferiores compostos, cada um, de um pavimento, e o superior constituído por uma torre cilíndrica, tendo no coroamento uma varanda de ferro, e na parte superior um corpo cilíndrico de menor diâmetro, sobre o qual assentava a lanterna.
 
Em 1950 passa a funcionar como farol aero-marítimo e, por alteração da fonte luminosa, vê o seu alcance reduzido para 42 milhas terrestres. Em 1993 a sua torre é aumentada e o aparelho óptico removido. Foi, depois em 1995, substituído por um outro de quarta ordem com lâmpadas de 1.000 W, que lhe garantem um alcance de 26 milhas náuticas.

«Vai-se assim admirando por algum tempo uma série de enseadas azuis entremeadas de rochedos negros, com o terreno arenoso da duna aproveitado em magras culturas, que sebes de caniçadas resguardam do hálito salgado das ondas, até que á direita, no çeio do extenso areal, descobrimos o farol (…), erguido no cabo de Sines. (…) Do alto do farol a vista galga milhas até á Arrábidae o cabo Espichel, um pouco dissolvido na bruma.»    Raúl Proença in. “Guia de Portugal, Estremadura, Alentejo , Algarve”

                                                           Farol do Forte de Esposende (1886)

O Forte de São João Baptista de Esposende também conhecido como Castelo de São João Baptista ou Forte de Esposende, localiza-se na freguesia das Marinhas, cidade e Concelho de Esposende, no Distrito de Braga, em Portugal.

Forte de marinha, tinha originalmente a função de guarnecer a foz do rio Cávado. Foi edificado entre 1699 e 1704, sob o reinado de Pedro II de Portugal (1667-1706), tendo sofrido posteriormente alguns cortes na sua estrutura. Junto a este Forte ergue-se o Farol de Esposende.

                                                     Farol e Forte de Esposende, actualmente

                               

                                                                        Selo dos CTT, 2008

                                                         

«Logo ali adiante destaca-se, sobre os arruinados e truncados flancos do velho Castelo de São João Baptista, a torre do farol de Esposende. Embora de alcance médio, o presente farol é muito importante como referencial da navegação, neste trecho da costa, tão conhecida pela perigosa linha de rochedos designados os Cavalos de Fão»   Raúl Proença, “Guia de Portugal, Minho”

Somente em 1870 é que as Ilhas começam a ser alvo de atenção com o farol da Ponta de S.Lourenço (1870) na Madeira, seguindo-se o farol da Ponta do Arnel (1876) em S.Miguel , nos Açores,  e no ilhéu de Cima de Porto Santo (1900).

                                                              Farol da Ponta de São Lourenço

 

«Como se sabe, tinha o nome de São Lourenço o navio que João Gonçalves Zarco comandava por ocasião do descobrimento da Madeira, e ao demandar pela primeira vez aquela língua de terra, deu-lhe o mesmo nome da caravela que o conduzia. A extremidade desta ponta, ou antes um pequeno rochedo isolado que lhe fica fronteiro, foi sempre julgado o local mais apropriado para a montagem dum farol, pois que a sua acção iluminativa se estenderia por uma parte considerável do norte e sul da ilha, e ainda pela travessa que separa a Madeira do Porto Santo»   Padre Fernando Augusto da Silva in: “Elucidário Madeirense”

                                Farol da Ponta do Arnel, na Ilha de São Miguel, nos Açores (1876)

                      Farol da Ponta do Arnel                                                        Ponta do Arnel

 

                                                                        Selo dos CTT, 2008

                                                         

Este promontório do arquipélago doa Açores entrou para a história de Portugal no dia 20 de Outubro de 1918 quando um bote salva-vidas pertencente ao navio de guerra da Marinha de Guerra Portuguesa, o “Augusto de Castilho”, carregado do marinheiros encontrou terra após o seu afundamento pelo submarino alemão no dia 14 de outubro de 1918, após vários dias perdidos no mar. Acerca desta epopeido do “Augusto de Castilho” consultar post de 2 de Maio de 2011 com o título “Epopeia do Patrulha Augusto de Castilho”, na etiqueta ‘Marinha de Guerra’.

                                              Farol do Ilhéu de Cima, na Ilha de Porto Santo (1900)

O Farol do Ilhéu de Cima, é o primeiro farol a ser avistado pelas embarcações provenientes da Europa. Entre o Porto Santo e a Madeira avistam-se simultaneamente as luzes deste farol e o da Ponta de São Lourenço, distando-se uma da outra 30,5 milhas náuticas.

                                      

«Depois do farol de São Lourenço, sempre se reconheceu como de primeira e mais urgente necessidade a construção dum farol na ilha de Porto Santo. A falta de iluminação daquelas costas ocasionou vários desastres, com perda de vidas e embarcações, de que fazem menção os Anais daquela ilha.»  Padre Fernando Augusto da Silva in: “Elucidário Madeirense”

fotos antigas in: Leuchtturme Portugals auf historischen Postkarten, Prof 2000

Infografias de Carlos Esteves e Jaime Figueiredo in: Expresso

Citações in: Livro “Faróis de Portugal” de João Francisco Vilhena e Maria Regina Louro” - Gradiva - 1995

Continuação da história dos Faróis Portugueses, na próxima semana no post intitulado “Faróis Portugueses … (4)” na etiqueta ‘Faróis’

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