Restos de Colecção: Eduardo Martins & C.ª

9 de outubro de 2017

Eduardo Martins & C.ª

A pequena “Retrozaria Martins” da firma “Eduardo Martins & C.ª - Commandita”, foi fundada na Rua Nova do Almada, 113-115, em Lisboa por Eduardo David Martins e seu irmão, Augusto David Martins em 1889. Ali se dedicou ao comércio de retrozaria e novidades, iniciando nesse mesmo ano as suas visitas aos grandes centros de modas estrangeiros, especialmente Paris, facto que, dado o bom gosto de Eduardo Martins, lhe proporcionou uma situação destacável no comércio da especialidade.

Eduardo Martins

8 de Setembro de 1891


1903

Eduardo David Martins era irmão de Albino David Martins, um dos sócios da famosa mercearia "Martins & Costa, Lda" na Rua do Carmo, 41 (ex-primeira loja de "Custódio Cardoso Pereira" até 1892) cuja loja foi instalada primeiramente por Albino David Martins e fundada em 1887 como “Albino David Martins - Casa de Víveres”. Mais tarde havia de se juntar a José da Costa que também tinha a “José da Costa - Casa de Víveres” na mesma Rua do Carmo, e criariam a “Joaquim José da Costa & C.ª " que mais tarde se transformaria na, já referida "Casa Martins & Costa, Lda" , nas instalações do primeiro, nos números 39 a 41.

  

Publicidade de ambos em 1908

“Joaquim da Costa e C.ª”, futura Mercearia “Casa Martins & Costa, Lda.”, na Rua do Carmo

Entretanto, em 1894, a “Retrozaria de Eduardo Martins & C.ª” tomaria as portas contíguas, nos 103 a 107, onde então existira uma loja de rouparia de senhora, artigo que manteve e desenvolveu. O progresso crescente das duas casas levou-o a ampliar os seus estabelecimentos, ocupando para isso os nos. 1 a 11 da Rua Garrett, onde nesse tempo estava uma casa de modas, ramo que também se dedicou com êxito. 

Em 1905 procedeu a nova ampliação e remodelação dos estabelecimentos, que ficaram comunicando entre si, obedecendo tais obras a um projecto arrojado, cuja concepção invulgar foi então considerada verdadeiramente monumental. Viria a inaugurar esta nova fase em 18 de Dezembro de 1905, que, por enquanto, ocupava só as lojas do edifício que faziam a esquina da Rua Nova do Almada com a Rua Garrett.

  

18 de Dezembro de 1905

Os dois irmãos mantiveram a casa em crescente prosperidade até que, em 1918, resolveram distribuir pelos seus mais próximos e dedicados colaboradores alguns dos seus proventos, pelo que deram sociedade a seis dos mais antigos da firma "Eduardo Martins & C.ª Limitada", então constituída. Com pequenas alterações a sociedade manteve-se até 1938, ano em que Eduardo Martins, já então mais de «um lustre» de anos de trabalho e com a sua saúde debilitada, retirou-se da actividade comercial, cedendo a sua cota (principal) ao, então, sócio-gerente da firma Francisco Santos, que deu inicío a uma nova fase da casa, revolucionando o comércio da especialidade.

Até ocupar o prédio todo, que aconteceria só nos finais dos anos 30 do século XX, o 2º piso foi sucessivamente ocupado pela 1ª sede da “Sociedade de Propaganda de Portugal” (fundada em 28-06-1906), até 24 de Julho de 1907, data da fundação de “A Luzitana - Companhia Portugueza de Seguros” (1907-1929), e que se instalaria este 2º piso, até vir a ser ocupado pela firma importadora das máquinas de escrever “Remington”,  em 1930. De referir que a partir de 1908 já a “Eduardo Martins & C.ª” ocupava o 1º piso deste edifício. Nos anos 40 do século XX, o edifício passa para a posse da Companhia de Seguros “União dos Proprietários”, fundada em 1918.

Montras e entrada na Rua Nova do Almada        


Montras e entrada na Rua Garrett

A “Eduardo Martins & C.ª”, a partir de 1908 e como atrás referido, já ocupando também o 1º piso, e devido às grandes e profundas remodelações introduzidas, estabeleceu a ligação entre os vários compartimentos publicitando assim nos postais e revistas da época os seus artigos: «Grandes Armazéns de fazendas, modas, confecções e enxovais para noivas e crianças».

1913


1915

Largamente ampliada, em 1945 já ocupava todo o prédio , tendo nele instaladas, além das secções de rouparia, malhas, retrozaria, tecidos de seda, lã e algodão, confecções para senhora e criança, novas secções de panos brancos e atoalhados, fanqueiro, artigos para bébé, meias, perfumaria, chapéus de senhora, camisaria para homem, tecidos para fato e forros. Contava, ainda, com oficinas privativas para malas de senhora, bijuterias e ateliers de alfaiate para senhora. Explorava igualmente o comércio grossista para o que tinha instalados no 2º e 3º andares de ambos os lados armazéns de atacado.

                                           1924                                                                                          1933

 

A “Eduardo Martins & C.ª”, a partir de 1908 e como atrás referido, já ocupando também o 1º piso, e devido às grandes e profundas remodelações introduzidas, estabeleceu a ligação entre os vários compartimentos publicitando assim nos postais e revistas da época os seus artigos: «Grandes Armazéns de fazendas, modas, confecções e enxovais para noivas e crianças». Foi a primeira casa do Chiado a promover o pronto-a-vestir e a equipar o acesso entre os diferentes pisos com escadas rolantes.

 

1966

                  

Esta empresa, além de ter instalado os seus serviços administrativos, no edifício em frente e do outro lado da Rua Garrett, por cima da Antiga Casa José Alexandre”, era proprietário de outro importante estabelecimento em Lisboa, a “Lanalgo, Lda.”, fundado em 1942, na Rua de Santa Justa, e que ocupava um edifício com confrontações com a Rua de Santa Justa, Rua da Prata e Rua dos Correeiros. Este edifício viria a ser vendido em 18 de Julho de 2005, depois da “Lanalgo” ter sido declarada insolvente. Ficou célebre o seu lema: «Três entradas para uma saída feliz»

1969

 

“Lanalgo, Lda.” fundada em 1942

O edifício da “Eduardo Martins & C.ª” viria a ser completamente consumido pelo grande incêndio do Chiado em 25 de Agosto de 1988. O prédio, tanto na Rua Nova do Almada como na Rua Garrett foi demolido totalmente, e a sua reconstrução teve lugar anos mais tarde, modificado pelo arquitecto Siza Vieira, que deu nova imagem ao Chiado do século passado. As lojas hoje são ocupadas, principalmente pela “Zara”.

Início, durante e o escaldo do incêndio no “Eduardo Martins & C.ª, Lda.”

  

O edifício actual, em imagens retiradas do “Google Maps”

 

fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian (Estúdio Mário Novais), Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca Nacional Digital, Hemeroteca Municipal de Lisboa

4 comentários:

Anónimo disse...

É curioso ver um erro de ortografia logo no 1° anúncio: Eduado (caiu o "r"...). Terão, à época, reparado?
Cumprimentos
G.

Graça Sampaio disse...

Saudades dessa bela casa onde encontrávamos tudo o que era bom em vestuário! Eu era habituée...

António Da Costa disse...

Boas caro amigo, este Eduardo Martins não tem nada a ver com o Eduardo Martins das Bicicletas? Obrigado

José Leite disse...

Bom dia
Não tem nada a ver com essa loja de bicicletas.
Cumprimentos