A casa "G. Fontana & Cª", foi fundada em 1853 pelo harpista Galeazzo Fontana (1836-1875), na Rua das Portas de Sta. Catharina, renomeada no ano seguinte de Rua do Chiado, e futura Rua Garrett a partir de 10 de Junho de 1880, nos números 12 e 13 inicialmente e mais tarde nos 104 e 106. Para o efeito, constituiu a firma "G. Fontana & C.ª" e vendia pianos (ou alugados), orgãos, harpas, concertinas, cordas para harpa e rebecca, partituras de músicas, etc. Tinha como afinador de pianos o, então famoso, Tito Pagani que funcionava como ex-libris deste estabelecimento.
27 de Julho de 1872
Era na Rua Nova do Almada, Rua Nova do Carmo e Rua do Chiado que, na segunda metade do século XIX, se encontravam os principais estabelecimentos de venda e fabrico de pianos, instrumentos musicais, e pautas de músicas. Por esses lados, apareceriam outros tantos, com o caminhar do século XIX e início do século XX, numa concorrência lado a lado ou frente a frente, nas renomeadas ruas Garrett ou do Carmo. A referir os principais: "Matta Junior & Rodrigues", "Guilherme Steglich" "Sassetti & C.ª ", "Ernesto Victor Wagner", "Lence & Viuva Canongia", "G. Fontana & C.ª", "Salão Neuparth", "Companhia Propagadora de Instrumentos Musicos", "Salão Mozart" ou "Custodio Cardoso Pereira & C.ª ".
Nota: clicar nos títulos das lojas, que estão a dourado, para consultar as suas histórias, neste blog.
A maioria dos proprietários acumulava a profissão de músico, professor de música ou de instrumentos: Sassetti foi pianista, Ernesto Wagner tromptista e professor do "Conservatório Real de Lisboa", José Avelino Canongia clarinetista, Augusto Neuparth clarinetista e saxofonista, Galeazzo Fontana harpista no S. Carlos, etc.
O fundador e proprietário da "G. Fontana & C.ª ", Galliazo Fontana (1836-1875) era um dos três filhos de Caetano Fontana (1800-1884), um emigrado político milanês de 1835, que terá sido o primeiro harpista efectivo do "Real Theatro de S. Carlos". Seu irmão, Alfredo Fontana era «um verdadeiro prodigio, tocando violino, piano e harpa com egual facilidade. Todavia, apezar da sua grande vocação musical, Alfredo Fontana seguiu a carreira das armas, alistando-se no exercito italiano onde chegou a um posto superior.». E o outro seu irmão Achilles Fontana, «dedicou-se pela sua parte ao commercio, e dos seus antigos estudos musicaes conservou sómente o gosto pela arte, que tem satisfeito sendo um dos mais activos membros fundadores da orchestra da Real Academia de Amadores, como excellente contrabaixo» (*)
Quanto a Galliazo Fontana, nasceu em Lisboa em 1836 e foi um harpista notável, pena que teve uma vida curta tendo falecido tuberculoso em 1875 com apenas, 39 anos de idade.
A "Revista Universal Lisbonense", de 25 de Julho de 1844, relatou uma sessão no "Real Theatro de S. Carlos" donde retirei as seguintes passagens:
Todas as damas os haveriam devorado com beijos, nenhum dos homens, que os palmeavam, deixou de sentir um abalo de inveja, aos gosos secretos e inefaveis do progenitor. Que tres musicos distinctos se não adivinham já, sem grande metamorphose, n'este apertado e mimoso ramalhete de tres botões!»
Muitas casas de instrumentos musicais, procurando chegar a uma clientela mais vasta, promoviam o aluguer de pianos, pagamentos a prestações e abatimentos: na casa do harpista Galeazzo Fontana «alugam-se aos meses, e com abatimento aos trimestres e semestres, recebendo tambem em pagamento piannos usados», na "Guilherme Steglich" «vendem-se pianos a prestações mensaes», a "Companhia Propagadora de Instrumentos Musicos" anunciava com letras gordas «venda a prestações sema-naes e mensaes, pelo prazo de 36 meses e sem juro», S. Alberto Xisto envia «catalogos gratis a quem os requisitar com os instrumentos e partituras disponíveis, com 15 por cento de desconto sobre o preço do catalogo ou 10 por cento livre de todas as despezas, e postos na estação do caminho de ferro mais proximo da localidade dos destinatarios»...
A casa "G. Fontana & C.ª " em 1874 já tinha sido ampliada aos nos 112 e 114 da Rua do Chiado. Após a morte do seu fundador Galleazo Fontana em 1875, a empresa deixa os nos 112 e 114 e fica, de novo, instalada só nos 104 e 106, entre a entrada do "Grande Hotel Borges" e a loja de perfumes, luvas, e brinquedos "Maison Benárd" - futura "Livraria Sá da Costa" - na esquina com a Rua Serpa Pinto. Nos números 112 e 114, em 1893 uma nova casa de instrumentos musicais: "Matta Junior & Rodrigues ", que vendia instrumentos musicais para bandas e orquestras.
7 de Maio de 1877
1 de Janeiro de 1872
O estabelecimento "G. Fontana & C.ª ", ainda apareceria no "Annuaire des artistes e de l'enseignement dramatique et musical" de 1893 na secção de 1893. Encerraria em definitivo em um ou dois anos depois, dando lugar à "Confeitaria Gartidão", que. por sua vez, daria lugar à "Patisserie Benárd" em 1902.
25 de Dezembro de 1902
Entretanto, nas terceira e quarta portas, mais à frente, nos números 116 e 118 novo concorrente, a partir de 1886. O armazenista e oficina de pianos, harpas e harmoniuns : "Guilherme Steglish"" (que quando encerrou definitivamente, entre 1904 e 1906 deu lugar à retrozaria "Irmãos David" - mais tarde "David & David".
Retrozaria "Irmãos David" onde tinha estado anteriormente "Guilherme Steglich", em foto de 1960
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