Ernesto Victor Wagner (1826-1903), parente do grande maestro e compositor Richard Wagner (1813-1883), e casado com uma das filhas (Leopoldina Carolina Neuparth) de Eduardo Neuparth (1784-1871), foi marceneiro e músico de grande qualidade, fundou, em 1848, de sociedade com o fabricante de pianos Carlos Augusto Habel, uma fábrica destes instrumentos, a primeira portuguesa, que, mais tarde, lhe veio a pertencer exclusivamente. Foi Mestre de trompa do D. Luís I de Portugal, então ainda Infante, que muito se lhe afeiçoou, sendo, em 1849, nomeado Músico da Real Câmara e, em 1861, mediante concurso, tornou-se professor do "Real Conservatório de Lisboa", leccionando a cadeira de instrumentos metálicos.
11 de Dezembro de 1852
Outro filho Leopoldo Manillius Wagner (1850-1927), dedicou-se aos negócios e consignações, apesar de também saber tocar trompa, ficando conhecidas as suas “sessões” instrumentais de trompa enquanto tomava banho. Estudou no "Instituto Industrial e Comercial de Lisboa", fez serviço militar na guarnição de Viana do Castelo, ingressando mais tarde na "Real Companhia Vinícola do Norte de Portugal", sediada no Porto. Finalmente em 1882 fixou-se em Lisboa onde veio a adquirir em 1894, ao Dr. Carlos Lima Mayer a "Fábrica Âncora" de licores, que geriu até à data de sua morte. Leopoldo Wagner casa-se com Virgínia de Oliveira Basto Wagner (1859-1939), também ela ligada à música, ficando reconhecida tardiamente pelas obras que compôs.
1909
Carlos Augusto Habel e Ernesto Victor Wagner desfazem a sociedade (c.1860) e o primeiro estabelece-se no Largo do Calhariz e o segundo, em 1865 estabelece-se na R. do Arco do Marquês à R. Formosa. Em 1880 continua a sua actividade, começada em 1848, já na Rua Nova da Trindade, 107-111, com o seu estabelecimento "Fabrica e Armazem de Pianos de Ernesto Victor Wagner", chamando a si os louros da invenção dos tampos harmonicos para piano "Patent Wagner"; para além da venda, consertava e alugava pianos, bem como instrumentos de arco, e variedade de cordas e pertences para instrumentos de arco. Nesta loja trabalhavam dois dos seus sete filhos: Herman Max Wagner (1850-1915) e Daniel Wagner (1856-1905) como afinador de pianos.
20 de Setembro de 1883
Na sua faina de constructor e adpatador de instrumentos antigos, Wagner produziu notaveis milagres de arte. No seu atelier, que era o seu santuario, elle estudava, analysava, desmanchava, reconstruia os instrumentos antigos que adquiria, e por tal forma elles sahiam perfeitos das suas mãos que os amadores mais distinctos e os professores mais considerados lhes disputavam a posse, cabendo a El-Rei D. Luiz dois soberbos violoncellos e outros varios instrumentos aos srs. Marques Pinto, Visconde de Charruada, Guerschey, Sauvinet, etc.» in: revista "Occidente" de 30 de Maio de 1903.
Após a morte de Ernesto Wagner a loja de pianos e instrumentos musicais, continuou na posse de seus filhos sob a designação de "Wagner & Wagner", pelo menos até 1919, ano em que foi endereçado por Herman Wagner a seu irmão Leopoldo, o postal que publico de seguida.
Em: "Welt-Adrebbuch der Musikinstrumenten-Industrie" von Paul de Wit (1912)
Era na Rua Nova do Almada, Rua Nova do Carmo, Rua do Loreto ou Rua das Portas de Santa Catharina (mais tarde, Rua do Chiado e Rua Garrett) que se encontravam os principais estabelecimentos de venda de pianos ou armazéns de música na segunda metade do século XIX. Manuel António da Silva, Sassetti, Wagner, Canongia, Steglich, Matta Junior, José de Figueiredo, Galeazzo Fontana, Neuparth ou Custódio Cardoso Pereira foram casas que preencheram durante décadas os letreiros do Chiado.
fotos in: Hemeroteca Digital de Lisboa, Biblioteca Nacional Digital
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