A “Pâtisserie Benard” teve a sua origem na "Padaria Franceza" fundada por Élie Benard, na Rua do Loreto, próximo do Calhariz, em 1868. Oriundo de uma família de padeiros e conserveiros franceses, Elie Benard estabeleceu-se em Lisboa com os pais e irmãos, em meados do século XIX, e aqui abriu, na rua do Loreto, a mencionada "Padaria Franceza", inaugurada a 6 de Setembro de 1868.
Ao longo dos anos, na "Padaria Franceza" da rua do Loreto, foram produzidos e fornecidos pão abiscoitado, pão à Garibaldi, pão à parisiense, pão das quatro nações, pão de luxo para chá, pão à francesa, pão flute parisiennes, pão vienense, para além dos brioches à parisiensee de «diferentes bolos fabricados pelo sistema francês»
“Pâtisserie Benard” na Rua Garrett, ao lado da entrada do “Hotel Borges”
Élie Benard viria a ser um dos sócios fundadores da associação da classe dos confeiteiros cujos estatutos viriam a ser aprovados pelo Rei D. Manuel II em 9 de Junho de 1908. Participou, ainda, na criação da "Fabrica a Vapor Progresso", uma inovadora padaria mecânica e fábrica de massas italiana à qual associou a sua "Padaria Franceza" da rua do Loreto.
Outra loja da firma familiar “E. Benard & Cª.” e que existiu até ao incêndio do Chiado em 25 de Agosto de 1988, foi a casa “Maison Benard”, fundada em 1875. Tratava-se de uma loja de luvas, perfumes, loiças e brinquedos - artigos em grande parte provenientes de Paris.
“Patisserie Benard” e “O Paraiso das Creanças”, ambos da mesma firma familiar, em 23 de Dezembro de 1903
1906
Fabrico das brôas de Natal na fábrica da “Pâtisserie Benard” no Natal de 1912
Factura em 1919
Interior nos anos 40 do século XX
Em 1914 encerra para obras de melhoramentos e re-decoração, reabrindo em 30 de Outubro do mesmo ano. A propósito da reabertura deste estabelecimento a revista “Illustração Portugueza” noticiava:
No edifício da “Pâtisserie Benard” tinha existido, até 1902, outra confeitaria igualmente célebre: a “Gratidão”, que se tinha especializado em fruta cristalizada. As enormes cozinhas desta confeitaria viriam a ser aproveitadas para a nova “Patisserie Benard”, tendo os novos proprietários aproveitado o espaço ocupado por elas, para ampliação dos salões, no início dos anos 80 do século XX.
23 de Dezembro de 1901
«Nos menus desses acontecimentos – entre os “chauds”, os “froids” e os “entremets” –, pontificavam confecções tão originais e aprimoradas como os “croquettes de poulard trufée”, o “jambon d’York á la gelée” ou ainda os “filets de Boeuf glacê aux cressons”, a que se podiam seguir os “petits fours á la Française”, as "surprises á la Portugais" e os “fruits glacês á l’Italienne” – que cosmopolitismo! –, tudo regado com “vins, liqueurs et Champagne” da melhor qualidade! O francês, como se vê, continuava a ser a língua requintada por excelência, mas a verdade é que a designação se veio a alterar progressivamente para Pastelaria Benard depois da Câmara Municipal de Lisboa passar a exigir um pagamento às lojas que conservassem os seus letreiros identificativos em língua estrangeira.»
Em 1932, o minhoto Manuel José de Carvalho, que tinha começado a sua carreira no "Café Martinho" e no "Palace Club" e que tinha acabado de deixar a pastelaria e restaurante "A Garrett", bem perto, compra o trespasse da “Pâtisserie Benard” através da firma "Manuel José de Carvalho, Lda.", na qual o seu braço-direito Antonino Fernandes Dias era sócio.
Da sua acção resultou o franco desenvolvimento da “Pâtisserie Benard”, o que não impediu que Manuel José de Carvalho tomasse também conta da "Pastelaria Marques", reunindo assim, sob sua administração, os dois reputados estabelecimentos do Chiado.
“Pastelaria Benard”, ao lado da renovada entrada do “Hotel Borges”, nos anos 70 do século XX
No princípio da década de oitenta, constava que o fecho da Benard estaria iminente. Maria Augusta Montes, uma comerciante há muito estabelecida nas imediações do Chiado, não se conformava, porém, com a ideia de Lisboa perder a histórica pastelaria, lugar da sua predilecção. Contra a opinião dos filhos e apesar de não conhecer o ramo de actividade, decidiu avançar para a sua compra, concretizada em 1983.
Renovadas as instalações com um projecto que devolveu ao espaço todo o requinte e bom gosto de outrora, recuperado o fabrico próprio e com recurso apenas a ingredientes naturais, Lisboa pôde continuar a frequentar a Benard.»
“Pastelaria Benard”, actualmente
Bibliografia: site oficial da "Pastelaria Benard"
fotos in: Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Hemeroteca Digital, Arquivo Municipal de Lisboa
1 comentário:
Está incompleta a descrição, a Pastelaria Benard foi adquirida pela firma Manuel José de Carvalho Lda, tendo sido vendida à actual proprietária já depois de 1974.
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