O restaurante “Castanheira" abriu as suas portas em 16 de Abril de 1949, na Estrada da Torre, no Lumiar em Lisboa. O seu fundador e proprietário foi João Castanheira de Moura (1865-1961), nascido em Vila Seca, Tábua. Veio para Lisboa, onde se estabeleceu e, com o tempo, funda 246 estabelecimentos de produção e venda de pão, além de ter sido um dos fundadores da "FEP - Federação Espírita Portuguesa" em 1926.
Postal do restaurante “Castanheira”
Primeiro anúncio publicitário, em 23 de Abril de 1949, aquando da sua abertura
João Castanheira de Moura (1865-1961)
Artigo na revista “Illustração Portugueza” em 1 de Fevereiro de 1915 e anúncio de 1906
O restaurante “Castanheira” foi implantado na vasta propriedade do seu fundador, Sr. Castanheira de Moura, possuindo café-bar, 2 salas de restaurante que ladeavam um grande salão-restaurante com capacidade para 300 pessoas, e com pista de dança, onde aos Sábados e Domingos actuava uma orquestra privativa.
Entrada do restaurante “Castanheira”, na Estrada da Torre
Em 31 de Outubro de 1964, o jornal "Diario de Lisbôa", publicou o seguinte artigo acerca deste restaurante:
«Fundado por um homem, há tempos desaparecido, que deixou o nome marcado no comércio e na industria nacionais, Antonio Castanheira de Moura, o Restaurante Castanheira, instalado no Lumiar em magníficas e apropriadas instalações, oferece actualmente aos seus frequentadores um sem-número de vantagens que o tornam inigualável no género.
A impressão de sobriedade e bom gosto que nos ficou da visita que fizemos ao estabelecimento confirma igualmente o nivel da sua actual administração.
Circundando o edifício, existe um espaçoso parque que permite o estacionamento de automóveis, que em dias de banquetes ou de lanches de casamento são muitas dezenas, com a maior comodidade e segurança.
O Café-Bar do Restaurante, decorado com um invulgar bom gosto, acolhe, logo a seguir ao «hall» quem quiser tomar tranquilamente uma bebida.
O amplo e atraente salão de festas, de que damos uma imagem, destina-se a acontecimentos sociais, tais conto banquetes, lanches de casamento, ete., e ainda animados bailes, aos sábados e domingos, com a participação de excelente conjunto musical, privativo do restaurante.
Anexas a este salão, de lotação superior a 500 pessoas, existem mais duas salas, destinadas ao mesmo fim, e que podem portanto aumentar o já largo espaço da sala principal.
Na cozinha, que nos impressionou pelas suas proporções grandiosas. observa-se uma higiene rigorrosa no tratamento dos géneros mais variados, que irão depois de requintadamente preparados, deliciar os gostos mais apurados dos inúmeros clientes.
Completando o conjunto, de que alias só damos um apontamento, encontramos a conhecida Esplanada Cinema, extremamente agradável com bom tempo, que no Verão funciona de molde a permitir que os clientes que jantam no restaurante possam assistir à exibição de filmes de renome, e um parque ajardinado com belas árvores, onde frequentemente clientes e convidados de banquetes e lanches de casamento passeiam depois de lauta refeição, ou se deixam fotografar, como e de regra.
Para além das instalações, notámos ainda um facto que é tão importante num restaurante como as suas instalações: um serviço impecável e uma apresentação e confecção das refeições de nível internacional.
Vale pois a pena recomendar o Restaurante Castanheira a portugueses e estrangeiros, na certeza de que uns e outros sairão contentes com o que viram e com o que lhes serviram.
Ponto de reunião de uma clientela seleccionada, e factor a considerar no progresso do País e do turismo, o Restaurante Castanheira e merecidamente reconhecido de uttlidade turistica.»
“Diário Popular”, de 8 de Junho de 1955
Com um vasto parque automóvel, e, para completar este conjunto, estava equipado com uma “Esplanada-Cinema”, inserido num agradável parque que no Verão funcionava de molde a permitir que os clientes, que jantassem no restaurante, pudessem assistir à exibição de filmes. Mais tarde este parque veio a ser dotado de pequenas salas independentes tipo "moradia" para ali se fazerem banquetes de casamentos, batizados e outros eventos sociais.
Grupo do “Jornal do Comércio” junto ao écran do “Esplanada-Cinema”
«o cinema era ao ar livre (em principio só funcionaria no Verão), numa esplanada por detrás do restaurante numa zona cimentada, era um bocado pobre mas era o que havia, com o pessoal sentado em cadeiras e os filmes eram projectados num pano branco, íamos de eléctrico do Campo Grande até ao fim da linha que era no Lumiar que custava 5 tostões e depois a pé até ao Castanheira cuja entrada custava 10 ou 15 tostões?". Houve ainda mais dois cinemas naquela zona mas já um pouco afastados do Lumiar e que eram: O Cine Estrela no Campo das Amoreiras na Charneca do Lumiar e o Cine Texas na rua de Santo António também na Charneca do Lumiar.» in: “Citizen Grave”
Recordo que, o Sr. Castanheira de Moura, e seus herdeiros foram até aos finais da década de 60 do século XX, os proprietários dos terrenos, a onde foi construído o “Bairro da Cruz Vermelha”, no Lumiar, terrenos esses onde eram cultivados cereais para alimentar a fabrica de farinha que também era de sua propriedade, localizada nas traseiras do Restaurante.
Aspecto em Setembro de 2010, depois de encerrado nos anos 80 do século XX
Seria definitivamente demolido em Novembro de 2010.


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6 comentários:
Foi uma pena ter acabado este restaurante. Mas o terreno era enorme, mas existia muitos interesses urbanísticos.
Estava à procura da "FEP-Federação Espírita Portuguesa, e vim dar ao CASTANHEIRA, cujo o sócio era simultaneamente seu dirigente.
Fiquei contente de me ver na foto do grupo do JORNAL DO COMÉRCIO, nos nossos almoços anuais, eu era na época o mais novo de todos e de laço.(Influencia do coro da FNAT).
Um abraço
APS
Caro Agostinho Sobreira
Conheci muito bem este restaurante, quando era bem mais jovem.
Ia com os meus pais e uns tios, meus almoçar ao Sábado, almoço dançante, e noutros dias.
Nunca me esqueço que tinha para sobremesa um "Manjar de Príncipe" que era fantástico.
Abraço
José Leite
Gostaria de saber do filho do Snr. João Moura que é o Snr. João Castanheira de Pinho de quem era amigo. Alguém me poderá informar? Muito obrigado.
Porto, 12 de Janeiro de 2018.
Era um dos restaurantes preferidos do Pai. Íamos todos os fins de semana, almoçar, e dançar, na pista de dança e a orquestra a tocar naquela varanda lá em cima...coisa que os Pais sempre fizeram questão, era sabermos dançar, logo desde miúdos. Lá aconteceram muitas festas de casamento de Família, e muitos almoços de Natal numa das salas lá de trás. A festa de baptizado da minha Irmã, mais nova foi aí na sala principal. No Natal chegamos a ser 200 e tal, tudo Família, e temos filmes desses encontros. Nós os miúdos depois do almoço íamos para o jardim. e brincávamos no palco do cinema ao ar livre. Meu Deus que saudades, desse momentos, aí nesse restaurante maravilhoso!!!
Carlos Moreira de Pádua
Confesso que, nascido em 1971, nunca tinha ouvido falar neste restaurante.
Comprei um copo pirogravado com o seu nome deste restaurante, e fui pesquisar, tendo encontrado esta publicação.
Parabéns pelo artigo, e pelo blog, é extremamente interessante.
Um cordial abraço.
Luís Dinis
Boa Noite
Sou nascido na estrada da torre num prédio que tinha um café no RC frente ao colégio SÃO João de Brito também conhecido pelo colégio dos padres. Hoje existem lá dois cafés pelo já não sei qual o prédio exato pois são em prédios ao lado um do outro. Os meus avós maternos moravam na quinta de Santo António no final da Estrada da torre. O meu avô Mário de nome era conhecido em todo o Lumiar Pelo Ti Benfica tal era o seu fervor clubista e a mulher era a ti lúcia, ela vendia flores e ele legumes na praça do Lumiar, alguém conhece?
Assi fui várias vezes ao cinema e passei muitas vezes na estrada entre os edifícios da moagem, ainda me lembro da passagem superior por onde passavam os cereais e a farinha de um edifício para o outro. Alguém conheceu um taxista chamado Zé que aí morava com a mãe, tinha a alcunha do Zé da antena?
Tantas saudades e tristeza por nada já existir.
cumprimentos a todos
Paulo Garcia
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