A "Metalúrgica da Longra" foi fundada em 1920 no lugar de Longra, concelho de Felgueiras, por Américo Teixeira Martins (1893-1974), com a firma "Martins & Irmão, Sucessor". Inicia a sua actividade como oficina familiar, inicialmente, com 5 a 10 trabalhadores, fabricando ferramentas, alfaias agrícolas e móveis domésticos em ferro, como fogões, lavatórios, beliches e colchoaria.
Américo Martins aquando do seu regresso da I Grande Guerra Mundial (1914-1918), em 1918, foi licenciado do serviço militar, e voltou à oficina do seu pai, no lugar do Fojo, onde trabalhavam já quatro dos seus irmãos. Resolveu, então, estabelecer-se por conta própria, e, em Outubro de 1920, criaria na Longra, juntamente com o seu irmão mais novo Afonso, a sociedade "Martins & Irmão, Sucessor". Compra então, pela quantia de 500 escudos, o equipamento de uma oficina que, entretanto, havia fechado na Trofa, e toma por arrendamento uma terça-parte de um barracão, pertencente a José Xavier, onde, entre 1910 e 1918, teria existido uma oficina. A renda anual era de 250 escudos. Com a morte do irmão Afonso, em 1921, fica sozinho à frente dos destinos da oficina.
Américo Teixeira Martins (1893-1974)
Até 1924, vai ampliando e melhorando as instalações da empresa, alugando, inclusive, os restantes dois terços do barracão. Nos finais dos anos vinte dedica-se ao fabrico de mobiliário hospitalar, produzindo a primeira mesa de operações em Portugal. A partir da cama de ferro simples para uso doméstico, da cama de campanha e da caixa de prontos socorros, da fase inicial, através do dispositivo oficina de cunhos e cortantes, a firma "Martins & Irmãos Teixeiras, Lda." constituída em 1935, vai fabricar a primeira mesa de operações que incorpora o princípio da mecânica, a mesa de operações de elevação hidráulica, importante inovação com significativas repercussões económico-sociais na rede de hospitais que na década de 1940 começava a cobrir o país.
A empresa "Martins & Irmãos Teixeiras, Lda.", evoluia, com a ampliação e modernização das instalações fabris, que passam a empregar cerca de 200 funcionários, e juntamente com os "Laboratório Sanitas" criam a "Sociedade Metalúrgica da Longra, Lda,", em 1947. Fruto desta parceria, esta empresa, além de prosseguir o fabrico de mobiliário médico-cirúrgico, alarga a actividade a equipamentos para escritório. Depois, partindo já da cópia de catálogos de móveis estrangeiros, a "Metalúrgica da Longra" vai, pela introdução das sucessivas «linhas» de mobiliário metálico, assente no dispositivo tecnológico oficina de protótipos, tornar-se pioneira do design industrial de mobiliário, fruto da colaboração estreita, iniciada em 1961, com o reputado designer e arquitecto Daciano da Costa (1930-2005).
As linhas de móveis como a "Prestígio" (1962), "Cortez" (1963), "Mitnova" (1975), "Metropólis" (1988), "Logos" (1988) ou a "Práxis" (1991), desenhadas por Daciano da Costa, deixaram a marca de uma colaboração de trinta anos. A linha "Prestígio" chegou a vender 100.000 exemplares durante os vinte anos de produção da mesma.
Ao longo destes quatro ciclos, em que a empresa chega a empregar, entre as décadas de 60 e 80 do século XX, 600 funcionários, muitos deles oriundos das mesmas famílias, - operários, engenheiros, agentes técnicos, administrativos, desenhadores e controladores, afectos a diversas áreas especializadas: serralharia, polissagem, pintura, pré-montagem, cronometragem, galvanoplastia, marcenaria, estofaria, manutenção, armazéns. Os processos e a estrutura de fabrico passam também por várias fases de especialização e maior complexidade, segmentando-se, ao nível da estrutura organizativa, em administração, direcção fabril e comercial, organização comercial e financeira e gerência que superintende nos seguintes sectores: produção/fabrico; técnico; marketing; social e pessoal (com cantina, refeitório, escola, biblioteca, boletim, grupo desportivo e serviços médicos e de enfermagem); e administrativo.
Instalações fabris da "Sociedade Metalúrgica da Longra, Lda."
Depois de uma vida activa e produtiva, a saúde de Américo Teixeira Martins fragiliza-se, a que não foram alheias a sua participação na I Grande Guerra Mundial (1914-1918), e as suas sequelas, pelo que viria a falecer a 31 de Janeiro de 1967, com 74 anos.
Em 1990, a Câmara de Felgueiras atribuiu o seu nome a uma das ruas da cidade. Em 2009, em homenagem à «sua vida e exemplo», a Junta de Freguesia de Rande, deu o seu nome a uma das ruas da Vila da Longra.
Principais fabricantes nacionais de mobiliário para escritório nos anos 70 do século XX
A "Sociedade Metalúrgica da Longra, Lda,", encerrou definitivamente em 1993, e considerada insolvente em 1995.
Selo de 2003
Bibliografia:
- Maria Otília Pereira Lage - "Empresa Metalúrgica de Longra, um caso no modo português de industrialização…" - Revista da Faculdade de Letras - HISTÓRIA - Porto, III Série, vol. 11, - 2010
- Blog: "Longra Histórico-Literária"
fotos in: Longra Histórico-Literária, Portugal 1914, Zé Jesus (Facebook), Daciano Costa
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