O café-concerto, brasserie française, e café-teatro "Chat Noir", abriu no início de 1893, na Rua do Alecrim, 23 em Lisboa. Era seu proprietário um francês de apelido Vuatelet. Foi uma « ... casa francesa onde se fizeram grandes pândegas com mulheres.»
"Chat Noir" com a sua tabuleta, à esquerda na foto (no rectângulo a vermelho)
Em 18 de Novembro de 1881 era inaugurado o que viria a ser considerado o mais importante de todos os cabarets da história, génese do cabaret moderno: "Le Chat Noir". Fundado por Rodolphe Salis (1851-1897) no bairro boémio de Montmartre, em Paris, era um estabelecimento totalmente intimista e informal, ocupando pouco mais de 15 m2. Comportava aproximadamente cinquenta pessoas, que bebiam, fumavam e conversavam, enquanto assistiam a uma série de apresentações artísticas, apresentadas pelos próprios artistas do local, frequentemente acompanhadas ao piano. Era o que se chamava um "café-concerto".
Rodolphe Salis (1851-1897)
«Morto Salis, a cerveja e o espirito da rue Victor Massé nunca mais tiveram o sabor que então tinham. E o Chat Noir começou a decahir. Demoliram-lhe as tradições; agora estão a demolir-lhe a casa. Tout passe!» in: revista "Serões" de 2 de Agosto de 1905.
Seria no "Chat Noir" parisiense que em 9 de Agosto de 1889, teria lugar uma homenagem a Raphael Bordallo Pinheiro (1846-1905), numa em soirée oferecida por Rodolphe Salis, fundador e proprietário deste cabaret.
Na revista "Arte Musical" de 15 de Junho de 1907, a propósito dos "Chat Noir" francês e português pode-se ler:
No theatro do Chat Noir o espectaculo é, como se pode suppôr, leve e despretencioso, mas não descamba nas vergonhas artisticas que por cá temos presenciado em tentativas similares.»
«Ha uns trinta annos, pouco mais ou menos, havia dois cafés na rua do Alecrim: o café de Paris, defronte do actual Chat Noir, pertencente ao José Maria, que morreu corretor do hotel Alliance, e o café do Hoffmann, n'um primeiro andar junto ao Arco Pequeno.»
Três referências ao "Chat Noir":
Em 1899, no livro "Lisboa d'Outros Tempos" de Pinto de Carvalho (Tinop):
«Ha uns trinta annos, pouco mais ou menos, havia dois cafés na rua do Alecrim: o café de Paris, defronte do actual Chat Noir, pertencente ao José Maria, que morreu corretor do hotel Alliance, e o café cio Hoff- mann, n'um primeiro andar junto ao Arco Pequeno.»
Na revista "A Paródia" de 11 de Fevereiro de 1904 ...
-O senhor é um perfido ! O senhor é um estroina! O senhor, na sua edade e na sua posição, não devia sair de casa á noite!,
- Mas ... ,
- Aqui não ha mas; nem meio mas! Deixe-se de forças ! O senhor gasta tudo quanto tem com as pecoras do Chat noir e depois volta para casa sem trazer sequer com que occorrer aqui ás primeiras e mais sagradas necessidades ... »
No livro "Almas Femininas" de Maria O'Neill, de 1917 ...
- E é esse o caso de Jorge?
- Assim o creio. Tinha uma d'essas ligações passageiras com uma hespanhola elegante e graciosa, que encontrou n'um café que ahi ha, chamado o Chat Noir. Ella cançou-se de o aturar e deixou-o.»
O "Chat Noir" encerraria em 1905 e seria substituído pela "Cervejaria Alemã". Em 1943, já era o "Alecrim Bar".
fotos in: Hemeroteca Digital de Lisboa, Arquivo Municipal de Lisboa, Le Chat Noir Restaurant
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