Os "Armazéns do Conde Barão" terão sido fundados em 21 de Novembro de 1946, por Henrique Gomes Cachopo e José Pereira Dias, sob a firma "Rodrigues & Gomes, Lda. ", num edifício que tinha sido reedificado por João Lopes Fernandes em 1864, no Largo do Conde Barão, 42 em Lisboa. Esta empresa chegou a contar com 420 funcionários no ramo das confecções e operando nos estabelecimentos e filiais.
No início escrevi que «terão sido fundados» pelo facto de ter tido acesso ao anúncio que publico de seguida, de um estabelecimento com o mesmo nome e no mesmo local datado de 11 de Julho de 1907. Por outro lado publico mais abaixo uma ementa (datada de 21 de Novembro de 1971) do "Hotel Praia-Mar", em Carcavelos, por ocasião da celebração de 25º aniversário dos "Armazéns do Conde Barão". Devido à possível coincidência fico na dúvida se o ano de fundação indicado na ementa e comemorado será baseado na fundação da empresa "Rodrigues & Gomes, Lda. ", ou do estabelecimento propriamente dito.
No semanário ilustrado "Azulejo" de 4 de Novembro de 1907
Estes Armazéns, de estilo popular, com preços acessíveis era por isso muito frequentado, dando muita vida ao Conde Barão. à medida que foi crescendo, foi criando filiais instaladas em vilas e cidades de Portugal.
6 de Dezembro de 1973
Em 30 de Março de 1968 é inaugurada a sucursal de Vila Franca de Xira, sob a designação de "Grandes Armazéns do Ribatejo", tendo o jornal "Vida Ribatejana" noticiado o acontecimento:
Ao acto estiveram presentes os srs. Luis Rosado Féria Theotónio, ilustre presidente da Câmara e sua esposa; Joaquim Semedo Martinho, chefe da Repartição de Finanças; Luís Afonso, chefe da Secretaria da Câmara Municipal e outros funcionários municipais, comandante Miranda Branco, da G. N. R., chefe Lopes, do posto da P. S. P. desta vila, outras entidades locais, representantes da Imprensa, os sócios-gerentes dos Armazéns do Conde Barão, srs. Henrique Gomes Cachopo e José Pereira Dias, suas esposas e filhas, convidados relacionados com a gerência, etc.,etc.,etc.
Além das 6 unidades espalhadas por Lisboa, outras filias foram sendo abertas como as de Algés (30-04-1974), Queluz, Amadora (30-04-1971), Vila Franca de Xira (30-03-1968), Cascais (2 filiais), Torres Vedras, Moscavide, Caldas da Rainha, Ovar, Viseu, Cabanas de Viriato e Almada.
Em 1980, o fundador José Pereira Dias, associado ao proprietário da cadeia de estabelecimentos "PAGAPOUCO", Manuel Martins Dias adquirem os "Grandes Armazéns do Chiado"., que viria a ser consumido pelas chamas no grande incêndio de 25 de Agosto de 1988.
Durante os anos 90 do século XX, os "Armazéns do Conde Barão" entram na sua fase descendente e acabam por encerrar definitivamente. A sua loja no Conde Barão, e já encerrada há vários anos, viria a ser alvo dum incêndio em 25 de Dezembro de 2010, que destruiu o seu interior.
Como nos perguntaria uma funcionária de supermercado: "Precisa de saco?"
José Pereira Dias em 30 de Setembro de 2018 viria a ser homenageado, na sua terra Natal, Cabanas de Viriato, numa cerimónia organizada pela "Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Cabanas do Viriato", da qual é presidente da direcção.
fotos in: Hemeroteca Digital de Lisboa, Arquivo Municipal de Lisboa, Vila Franca de Antigamente, Farol da Nossa Terra
7 comentários:
A terra natal de José Pereira Dias não será Cabanas de Viriato?
Grato pela chamada de atenção.
Faltava a letra "a" ...
Cumprimentos
Algés chegou a ter duas lojas Armazéns do Conde Barão, uma na Rua Ernesto da Silva - loiças e acessórios - (24 era um dos nºs da porta) e outra mais abaixo na mesma rua mas que uma das entradas dava para a Rua Luís de Camões (ao pé da Praça de Algés), dedicada a pronto a vestir e roupas para casa. Os colaboradores tomaram conta desta última e ainda lá estão algumas das caras dos nos 80 (de setenta já não).
Obrigada pela memória!
Caro José Leite,
Pelo que descreve, devo ter assistido ao início de vida destes Armazéns que tanto quanto julgo lembrar-me, ocupavam apenas as instalações da loja no piso térreo. Era uma loja, popular, relativamente pequena.
Penso que o edifício só terá sido comprado já nos anos 60. Pelo menos é a minha ideia. Frequentei, com a minha avó que residia perto.
Em fins dos anos 70, ou já 80, talvez já com o “Paga Pouco”, terão feito armazém numa antiga garagem existente na rua Fresca, nas traseiras do edifício do palácio da Flor de Murta.
No Conde Barão, ao lado da primitiva, chegou a ter uma outra loja e também uma outra um pouco mais à frente, já na calçada Marquês de Abrantes.
Cumprimentos,
João Celorico
Caro João Celorico
Muito agradeço mais uma das suas habituais informações adicionais, que só enriquecem o artigo, e que muito agradeço.
Cumprimentos
José Leite
Caro Sr. Lima
Eu é que agradeço as informações adicionais.
Apesar de ter sido uma cadeia de lojas muito importante em Lisboa, "vi-me e desejei-me" para obter informações. Quanto a fotos, pelo que pode verificar, foi pior ainda ...
Os meus cumprimentos
José Leite
O meu pai foi fundador dos Armazéns do Conde Barão, onde trabalhou desde os 15 anos, até ao encerramento das empresas (Que se constituíam em várias, além de Rodrigues & Gomes, Lda, que somadas faziam o grupo). Posso até afirmar que o meu pai foi o que fechou a porta no dia fatal. Dedicou a vida inteira à empresa, numa entrega e honestidade que levou a Administração a colocá-lo na gerência da loja do Martim Moniz, que se dedicava à revenda e todos chamavam a escola da empresa, e posteriormente à Direção de Compras no pronto-a-vestir. Desde sempre foi conciliador entre colegas, respeitado. A minha memória fica para sempre com o meu pai. Que era ele? O Manuel Ribeiro Alves, mais conhecido pelo Manel do Conde Barão. E este blog já me fez sorrir e já me fez chorar, um bom chorar. Abraços.
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