Restos de Colecção: "J. Heliodoro d'Oliveira" - Armazém de Pianos

4 de abril de 2021

"J. Heliodoro d'Oliveira" - Armazém de Pianos

A "Casa Oliveira" foi fundada em 1853, por Jacintho Heleodoro de Oliveira sob a firma "J. Heleodoro d'Oliveira", na Rua dos Fanqueiros, 262 sobreloja, em Lisboa.

Em Junho de 1868 seria transferida para a Praça D. Pedro IV (Rossio), 56 -58 num prédio pertença da Duquesa do Cadaval. Este prédio tinha sido acabado de construir em 1819, tendo esta loja sido arrendada na altura a José Maria de Carvalho, e em 1863 ocupada pelo "Armazem de Moveis de Antonio Macedo dos Santos".


Loja que viria a ser ocupada pela "Casa Oliveira", a partir de Junho de 1868 (dentro da elipse)


"Casa Oliveira" dentro da elipse desenhada

Cinco anos após se ter instalado no Rossio, o fundador da "Casa Oliveira" faleceu, em 1873, passando o estabelecimento a ser dirigido pela sua viúva, sob a firma "Viuva Heleodoro d'Oliveira", comercializando pianos verticais franceses: Aucher Fréres, Thibouville-Lamy, Henri Herz, Ignace Pleyel, Erard, etc.

Em 1862 já estava estabelecida na Praça D. Pedro IV (Rossio), 66, - ao lado do botequim do Freitas  e futuro "Café Gelo" - a casa "E. Meumann & C.ª" comercializando pianos das marcas: Erard, Bord, Doerner e Spreoher


13 de Julho de 1864


Capa de partitura publicada pelo "Armazem de Pianos e musica de Viuva Heleodoro d'Oliveira" em 1877

«Um piano de Aucher Fréres, pequeno modelo, cordas verticaes, armado em madeira, vendia-se por 40 libras oiro; um modelo nº 2, medio por 44 libras. Era uso cotarem-se entºao os pianos em libras.
Um piano vertical Pleyel, modelo medio, vendia-se por 66 e um grande modelo por 90 libras. Um grande modelo vertical Erard custava 100 libras.
É de admirar como, apezar de notavel aperfeiçoamento na contrucção dos pianos, estes preços pagos em oiro, são ainda hoje os mesmos. Por 41 libras obtem-se um piano de cordas verticaes ou obliquas armado em ferro, e por 59 libras um bom instrumento com cordas cruzadas.


Piano Ignace Pleyel & C.º

(...) Aos oitenta annos do seculo passado crescia a importação dos pianos allemães, que começara depois da guerra franco-prussiana, operando-se uma verdadeira revolução no mercado da capital. Não tanto assim no Porto que, acceitando o piano alemão, se manteve mais fiel á tradição franceza.

Em 1884 tomára a casa Oliveira a honrosa representação da reputadissima da firma Rud Ibach Sohn, de Bermen. Em 1888 assumia ainda a representação da acreditada firma Carol Otto, para todos os seus modelos com excepção de um que continuou a ser fornecido exclusivamente á Casa Lambertini.» 



Dois anúncios publicitários de 15 de Julho de 1924

E quando um piano era vendido ... os galegos tratavam do transporte.


Em 8 de Março de 1900 falecia a viúva Oliveira, tendo deixado a firma a seu filho, José de Oliveira Garção de Carvalho Campelo de Andrade (1849-1931), em franca expansão. A "Casa Oliveira" de novo sob a firma "J. Heliodoro d'Oliveira" nome adoptado pelo pai do novo proprietário. "este esteve durante annos a limitar a sua acção ás relações exteriores, confiando a gerencia dos negocios internos ao seu empregado mais antigo sr. Francisco Pinto, em serviço na casa desde 1884."

"J. Heliodoro d'Oliveira" ao lado da "Companhia Portuguesa de Higiene, Lda. " (futura "Farmácia Estácio") , em foto de 04 de Janeiro de 1928 (Funeral do Comandante João Belo)

 

«Desenvolveu-se então o ramo de negocios em pianos de cauda Ibach. Em 1901 forneceu a casa para o Paço das Necessidades um piano de cauda de concerto, modelo Ricardo Wagner, o favorito do insigne maestro. Ibach recebeu então o diploma de Fornecedor da Casa Real.
Em 1908 forneceu a casa ao Conservatorio um piano Ibach de grande cauda de concerto, mediante concurso publico em que tomaram parte as grandes firmas mundiais representadas em Lisboa e Porto.»
citações in: jornal "A Capital",  Agosto de 1916.


A "Casa Oliveira", em 1916 ainda conservava todo o seu antigo pessoal com excepção do afinador, que nesse ano era Affonso Gaspin de Sousa "muito notavel não só pela sua aptidão technica como pela sua educação musical". Com o andar dos anos, e acompanhando o desenvolvimento da indústria musical comercializou auto-pianos, gramofones, discos, partituras musicais, etc.


1929

Com a morte do proprietário José de Oliveira Garção de Carvalho Campelo de Andrade, em 1931 este estabelecimento viria a encerrar, definitivamente em 1934, dando lugar ao "Café Portugal" inaugurado em 16 de Abril de 1938, e cuja história poderá consultar neste blog no seguinte link: "Café Portugal"

fotos in:  Hemeroteca Digital de LisboaArquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca Nacional Digital

Sem comentários: