Restos de Colecção: Cacilheiros (6)

28 de outubro de 2011

Cacilheiros (6)

                          O vapor «Luzitano» em aproximação à ponte-cais do Montijo, em 1928

                                

Em 31 de Março de 1907 tiveram início os passeios de vapor no Tejo. Começavam no Cais do Sodré e navegavam até São Julião da Barra, fazendo escala na Trafaria. Estes passeios eram animados com música e incluía um bufett a bordo . O seu custo era de 250 Réis por passageiro.

                                                         Dois vapores num passeio no Tejo

                                 

                                             Cacilheiro «Zagaia», de 1934 e gémeo do «Flecha»

                                 

O «Zagaia» , gémeo do «Flecha», foi construído em 1934 nos estaleiros da A.G.P.L. (Administração Geral do Porto de Lisboa), na Rocha do Conde de Óbidos pela “Sociedade de Construções e Reparações Navais”, por encomenda da “Parceria dos Vapores Lisbonenses” . Comportava 329 passageiros sentados e quatro tripulantes. Estava equipado com um motor de 330 hp. Em 1981 foi desmantelado para sucata.

Lembro que a “Parceria dos Vapores Lisbonenses”, foi fundada em 1899 e resultou da associação de um grupo da família Burnay com outro ligado à empresa Hersent, responsável pela obras do Porto de Lisboa. Em 1957 passa a designar-se “Sociedade Marítima de Transportes, Lda.”

                                                                              1941

                          

O transporte fluvial de passageiros entre Alcochete e Lisboa, então concessionado à “Empresa Portuguesa de Navegação Fluvial”, principiou a 2 de Agosto de 1904 com um velho barco adquirido na Alemanha e movido a carvão de seu nome «Alcochete». A linha foi sempre deficitária e dependente, em grande medida, de regular apoio financeiro da autarquia.

                                 Título de uma acção e gravura do primeiro “Alcochete”, de 1903

                           

No Verão de 1939, já com um segundo vapor também de nome «Alcochete» ao serviço, uma vez mais a empresa proprietária pede à câmara o fornecimento gratuito de água para a caldeira, de modo a reduzir as despesas e com isso poder manter a carreira, pelo que a câmara decide conceder um desconto de 50%.

                                                         Segundo vapor «Alcochete», de 1939

                            

              Em 1940 existiam quatro cais de embarque em Lisboa para travessia para a «outra banda»:

                                                      Cais das Colunas e Estação Sul e Sueste

                             

A “Estação do Sul e Sueste”, mandada construir pela “Companhia dos Caminhos de Ferros Portugueses”, foi inaugurada em 28 de Maio de 1932 e projectada pelo arquitecto Cottinelli Telmo

                                   Estação da “Parceria dos Vapores Lisbonenses”, no Cais do Sodré

                              

                                            Cais de embarque da “Parceria dos Vapores Lisbonenses”

  

                                                Estação Fluvial de Belém (inaugurada em 1940)

                          

                                                                     Interior em 1940

                          

A “Estação Fluvial de Belém”, foi projectada pelo arquitecto Frederico Caetano de Carvalho, e inaugurada em 1940 por ocasião da "Exposição do Mundo Português".

                                     “Rio Tejo Segundo” atracado no cais de Vila Franca de Xira

                                 

O serviço de transporte de viaturas entre as duas margens do Tejo foi iniciada em 1903.

                                    Primeiro navio movido a motor diesel em Portugal foi o «Évora»

                        

fotos anteriores in: Hemeroteca Digital, Alernavios, C.M. do Seixal, Arquivo Municipal de Lisboa

Este navio, mandado construir para a “Companhia de Caminhos de Ferro Portugueses” , na Alemanha entregue em 1931 transportava cerca de 350 passageiros sentados e estava equipado com 2 motores diesel de 6 cilindros desenvolvendo cada 250 hp. Este navio foi destinado às ligações entre Lisboa e Barreiro. Este navio ainda hoje navega, depois de profundamente alterado e restaurado, fazendo cruzeiros no Rio Sado e ao longo da costa da Serra da Arrábida.

                                                    «Évora», actualmente a navegar no rio Sado

                                   
                                     foto in: Barcos No Rio Sado

Em 1975 eram 5 as sociedades privadas e por quotas que operavam o tráfego fluvial de passageiros e viaturas:

  • Sociedade Marítima de Transportes, Lda
  • Empresa de Transportes Tejo, Lda.
  • Sociedade Nacional de Motonaves, Lda.
  • Sociedade Jerónimo Rodrigues Durão, Herd., Lda.
  • Sociedade Damásio, Santos e Vasques, Lda.

Foram todas nacionalizadas, em 1975, dando origem a uma única empresa de seu nome “Transtejo”. Da frota nacionalizada ainda se mantêm ao serviço os ferries mistos de viaturas e passageiros o “Eborense” (1953) e o «Alentejense» (1957) ambos construídos nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo e ambos tendo pertencido inicialmente à «Parceria dos Vapores Lisbonenses».

                     «Eborense», actualmente                                                 «Alentejense», actualmente

 

                                         «Eborense»,  em 1977 ainda na sua configuração inicial

                              
                               foto in: Blogue dos Navios e do Mar

Ferry-Boat «Eborense» foi construído pelo “Estaleiros Navais de Viana do Castelo”, em 1953, reconstruído em 1991 e remotorizado em 2004. Tem capacidade para 346 passageiros e 30 Veículos.

Características:

  • Comprimento: 50,25m
  • Boca: 11,20m
  • Pontal: 2,65m
  • Calado: 2,10m
  • Arqueação Bruta: 460 tons
  • Velocidade Máxima: 11 Nós
  • Motor: mtu/Mercedes 12V183TC91

                                                                    «Alentejense», em 1958

                                      

Ferry-Boat «Alentejense» foi construído pelo “Estaleiros Navais de Viana do Castelo”, em 1957, remotorizado em 1991 e remodelado em 2004. Tem capacidade para 375 passageiros e 10 Veículos.

Características:

  • Comprimento: 38,54m
  • Boca: 8,15m
  • Pontal: 2,56m
  • Calado: 1,60m
  • Arqueação Bruta: 354 tons
  • Velocidade Máxima: 10 Nós
  • Motor: mtu/Mercedes 12V 183 TC61

Proponho a consulta do post intitulado: Empresas de Navegação a Vapor, para mais completa informação acerca do início da navegação a vapor em Portugal.

2 comentários:

Anónimo disse...

Gostei muito. Pena não dizer quando terminou a Empresa Portuguesa de Navegação Fluvial, porque só disseram quando começou.. o que eu também não sabia. Obg pelas informações. Bom trabalho! Adriano Silva (BPMP)

José Leite disse...

Caro Adriano Silva

Não indiquei quando terminou a actividade a Empresa Portuguesa de Navegação Fluvial, porque também não sei.

Os meus cumprimentos
José Leite