Eduardo da Fonseca (1863-1938) foi um professor de música, compositor e editor musical, natural do Porto, cidade onde fundou a casa editora de músicas "Armazem de Musica, pianos e outros instrumentos de Eduardo da Fonseca", na Praça de Carlos Alberto, n.º 8, no Porto. Recebeu as insígnias de Cavaleiro da Ordem Militar de N.ª S.ª da Conceição de Vila Viçosa em 1892 e da Ordem de S. Tiago da Espada. Foi sócio correspondente da "Societé des Auteurs et Compositeurs de Musique" de Paris e do "Centro Musical Paraense" no Brasil, membro da "Comissão Portuense de Música Sacra", consócio do "Orfeão Lusitano" e do "Grupo de Santa Cecília".
A casa editora de música mais antiga do Porto foi a "Villa Nova, Filhos & Comp.ª " (1850-188?) e fundada por Carmine Alário Villa Nova. A sua atividade deveria estender-se à revenda de partituras estrangeiras e comércio de instrumentos musicais, pois num anúncio inserido no "Mundo Elegante" de Fevereiro de 1860, Villa Nova menciona uma lista extensa de partituras vendidas no seu estabelecimento, a qual incluía edições estrangeiras e de outros editores nacionais. Possuía oficina litográfica própria. A sua actividade terminaria na década de oitenta do século XIX como "Viuva Alario Villa Nova, Editora".
Em 1876, estabelecia-se no Porto a "Costa Mesquita Casa Editora de Musicas", apresentando simultaneamente, no rodapé de imprensa das partituras, duas moradas, uma localizada na Rua D. Pedro 94-96 e, outra, na Rua Nova do Sá da Bandeira 194-196. A partir de 1882 abandona a primeira morada, passando a mencionar apenas a segunda e altera a razão social para «Costa Mesquita Casa Editora de Musicas», indicando oficina litográfica própria, onde passa a imprimir todas as suas edições. É neste segundo período que publica o periódico "Orpheon: Contribuições para a Litteratura Musical", publicação mensal, cujo redator era o músico e maestro Bernardo Valentim Moreira de Sá (1853-1924) que fundaria a casa de música "Casa Moreira de Sá" em 20 de Dezembro de 1900 na Rua de Santo António, no Porto. A actividade comercial da "Costa Mesquita Casa Editora de Musicas" terminaria em 1891 com a denominação de "Viuva Costa Mesquita".
E seguindo a ordem cronológica - indicando só editores de partituras - , chegamos a Eduardo da Fonseca que se estabelece na Praça de Carlos Alberto, 8, no Porto em 1890 com o seu estabelecimento "Armazem de Musica, pianos e outros instrumentos de Eduardo da Fonseca".
Para além de professor e editor de música, folclorista e compositor de música sacra, foi também autor de várias peças para piano, como valsas, polkas etc., anunciadas como de meia força ao serem publicadas pela sua casa editora de músicas no Porto.
5 de Março de 1890
As novidades musicais da sua casa editora de músicas anunciadas em 1892 incluíam já "A Portuguesa", a marcha patriótica de Alfredo Keil que está na origem do futuro "Hino Nacional". Uma outra edição anuncia a das "Cenas Portuguesas" n.º 1 a 3 de Viana da Mota (1868-1948). Entre outros autores de obras publicadas pela casa editora encontram-se Pedro Blanco, Júlio Moutinho, A. Soller, B. Gouveia, F. Roncagli, A. Viana, Mutz, Lowthian, A. Lobo, X. Lopes, N. Ribas e A. Ferreira.
Recordo que, Eduardo da Fonseca actuava como executante de violoncelo num concerto de Ciríaco Cardoso (1846-1900), no "Theatro Baquet" (1859-1888) na noite do seu incêndio em 21 de Março de 1888.
Colaborou no "Cancioneiro de Músicas Populares" de César das Neves e Gualdino de Campos (1847-1919), que obteve o Grande Diploma de Honra da Exposição da Imprensa de 1898. Foi autor da transcrição para canto e piano das "Poesias e Canções Populares" do concelho da Maia recolhidas por A. Monteiro e revistas por S. Rocha em 1900.
Uma curiosidade: Eduardo da Fonseca escreveu, em 1913, a música para a opereta em 2 actos, "A Vivandeira" sobre o texto de António Baptista Alves de Lemos. A curiosidade está no facto de Alves de Lemos (autor de vários libretos teatrais) ser o proprietário da "Farmácia Lemos & Filhos", também localizada na Praça Carlos Alberto, 31. É uma das farmácias mais antigas do Porto, fundada em 1780 pelos frades Carmelitas do Carmo., a quem pertenceu até 1801.
Em 21 de Junho de 1935, e no "Teatro Carlos Alberto", teve lugar um Sarau d'Arte comemorativo do XIII aniversário do "Orfeão Lusitano" em homenagem ao seu ilustre consócio e distinto musicólogo Professor Eduardo da Fonseca com direcção Artística do Professor Afonso Valentim. Foram oradores neste sarau o Dr. Bento Carqueja e o Eng. Osvaldo Maia. Actuaram, para além do "Orfeão Lusitano" dirigido por Afonso Valentim, o tenor Gastão Mineiro, que cantou obras de Eduardo da Fonseca, a violinista Maria Carolina da Silva e os pianistas Clotilde Lobo e César Augusto Ribeiro de Morais.
Abril de 1930
Com a morte de Eduardo da Fonseca, em 14 de Março de 1938, com 74 anos, terminaria a actividade da sua casa comercial, que funcionava já sob a razão social de "Eduardo da Fonseca & Filhos".
Bibliografia:
- "La edición musical en Portugal (1834-1900): un estudio documental" de Maria João Durães Albuquerque - Universidad Complutense de Madrid - Obtenção de Grau de Doutora em 2014.
2 comentários:
Gosto sempre das suas publicações.
Quero desejar-lhe dias santos abençoados
e um domingo de Aleluia muito feliz.
Cumprimentos
~~~~~~~
Muito obrigado, e igualmente para si.
Cumprimentos
Enviar um comentário