Restos de Colecção: Estação da "Parceria dos Vapores Lisbonenses"

3 de março de 2024

Estação da "Parceria dos Vapores Lisbonenses"

A primeira estação (em madeira) da "Parceria dos Vapores Lisbonenses" foi implantada, em 1899, entre o Cais do Sodré e o Arsenal da Marinha, a meio caminho da Ribeira das Naus, em Lisboa e era designada por "Chalet da Parceria" ou por "Ponte dos Vapores do Caes do Sodre". Foi nesse ano que a esta empresa, com sede no Cais do Sodré, nº 8 - 2º andar foi constituída em 14 de Agosto de 1899, entre a "Francisco Burnay, Sucessores" e a "H. Hersent", concessionária do Porto de Lisboa.


"Chalet da Parceria" construído em madeira em 1899


 Frederico Guilherme Beaupin Burnay (1815-1888)


"Chalet da Parceria" à direita na foto


No "Diario do Govêrno" de 12 de Junho de 1903

Primitiva ponte dos vapores e barcas no Cais do Sodré

A escritura começava assim:

«TITULO I

Denominação,  objecto,  séde, duração

Artigo l.°  A  parceria  denominar-se-ha  «parceria  dos  vapores lisbonenses».
Art. 2.°  O  objecto  da  parceria  é :
1.° O  estabelecimento  e  exploração  de serviços  marítimos  para transportes  de  passageiros  e bagagens  e  reboques  no  Tejo  e portos adjacentes  da  costa;
2.° A  exploração  de  quaesquer  emprezas  ou  trabalhos  que digam respeito á  navegação  fluvial  ou  marítima;
3.° Em  geral  todas  e  quaesquer  operações  commerciaes,  industriaes, marítimas  e financeiras,  que  se  liguem  aos  objectos  aeima indicados;
4.° Especialmente  também  para  a  aequisição  dos  navios  e  seus aprestos  e  apparelhos  que pertencem  á  sociedade  Frederico  Burnay,  Successores,  e  exploração  nos  mesmos  serviços  marítimos a que  eram  destinados.
Art. 3.°  A  séde  da parceria  será n’esta  cidade  de  Lisboa.
Art. 4.°  A  duração  será por  tempo  indeterminado.»


1904

Esta estação fluvial do Cais do Sodré era para uso exclusivo da 'Parceria dos Vapores Lisbonense', sociedade de exploração de transportes de passageiros no Tejo, especificamente entre o Cais do Sodré e Alcântara, Belém, Pedrouços e, a partir de 1903, Cacilhas.

Lembro que o primeiro barco "vapor lisbonense" foi construído em Alcântara, nos estaleiros Hugh Parry, em 1860 denominado "Alcântara". Propriedade de Frederico Guilherme Beaupin Burnay (1815-1888), destinava-se à carreira fluvial entre Cais do Sodré e Pedrouços, carreira que foi inaugurada em Janeiro de 1861 e tinha escalas em Alcântara e Belém. O segundo foi o "Progresso", construído, igualmente por Hugh Parry mas no aterro da Boa Vista, lançado à água em 14 de Dezembro de 1861, e tendo feito a sua viagem inaugural em 12 de Fevereiro de 1862.


1875

Já em 1827, o movimento de vapores no Rio Tejo ...



26 de Março de 1827


4 de Junho de 1827


3 de Agosto de 1827

Em 1903 a "Parceria dos Vapores Lisbonenses", inaugurou o serviço de transporte de veículos entre as duas margens do Tejo.

A nova Estação Fluvial da "Parceria dos Vapores Lisbonenses" seria construída também em madeira, em finais de 1904, mas já de maiores dimensões e já frente à Praça Duque de Terceira e ao lado da estação, ainda improvisada, da linha de caminho-de-ferro que ligava o Cais do Sodré a Cascais, desde 4 de Julho de 1897.



Local onde viria a ser erguida a nova Estação Fluvial da "Parceria dos Vapores Lisbonenses"






1904


3 de Setembro de 1904


1908


Um violento temporal ocorrido em 28 de Janeiro de 1937, destruiria a ponte de acesso aos vapores, que viria a ser reconstruída. Esta estação esteve em funcionamento até finais dos anos 40 do século XX, altura em que foi demolida. 


28 de Janeiro de 1937




1924


1941


Temporal em 1941


1943


1943

fotos in: Hemeroteca Digital de LisboaArquivo Municipal de LisboaBiblioteca Nacional DigitalArquivo Nacional da Torre do Tombo

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