Restos de Colecção: Casa de Fados "Márcia Condessa"

5 de outubro de 2022

Casa de Fados "Márcia Condessa"

A casa de fados e restaurante-típico "Márcia Condessa", foi inaugurada na Praça da Alegria, 38 em Lisboa, em 5 de Junho de 1952, ainda com a designação de "Festa Brava". Era propriedade da fadista Márcia Condessa (1915-2006), e ficava no mesmo prédio do famoso "Hot Clube de Portugal" que tinha sido fundado em 1948, e destruído por incêndio em 23 de Dezembro de 2009. 



De seu nome verdadeiro Maria da Conceição, nasceu no Minho a 28 de Setembro de 1915. Sem possibilidade para seguir estudos, já que era de uma família humilde de agricultores, veio ainda muito nova para Lisboa, para trabalhar para uns familiares que tinham uma pensão em Lisboa, na esquina da Praça da Alegria com a rua, com o mesmo nome. Esta pensão estava localizada em frente da casa de fados "Solar da Alegria" que tinha aberto em 23 de Dezembro de 1923.

Márcia Condessa, inicia-se no fado num restaurante do bairro da Bica onde trabalhava como ajudante de cozinha onde, por vezes, cantava fados e algumas canções galegas. Depois de ganhar o título de "Rainha do Fado", em 1938, ao vencer o "Concurso da Primavera", e promovido pelo jornal "Canção do Sul" a fadista.  Por consequência, é apresentada ao grande público, na capa da referida edição desse jornal, e passa a actuar em várias casas de fado e espectáculos vários, até abrir, em 5 de Junho de 1952 o seu próprio restaurante típico a "Festa Brava" na Praça da Alegria, 38 em Lisboa. Nome inspirado na "Tertúlia Festa Brava" que estava instalada na cave do prédio.

1 de Junho de 1948


29 de Dezembro de 1950

25 de Abril de 1951

Em 2 de Julho de 1951 Márcia Condessa toma a administração da  casa de fados "Cave Regional do Porto", na Praça Marquês de Pombal, 15 em Lisboa. «A mais típica casa de Lisboa - a única onde não há calor.»

A partir desse ano, a fadista que tinha integrado o elenco durante vários anos na "Adega Machado", e outras casas de fado, veria a sua carreira ficar condicionada com a abertura do seu restaurante, já que além de proprietária, era gerente do mesmo, actuando ali todas as noites.

Esta casa de fados, já com a nova designação de Restaurante-Típico "Márcia Condessa" desde 1954, tornar-se-ia um ponto de referência nos circuitos de exibição dos fadistas mais destacados. Para além das actuações da própria Márcia Condessa, passaram por este espaço artistas como Celeste Rodrigues, Alcindo Carvalho, Teresa Nunes, Alfredo Marceneiro, Fernando Farinha ou Beatriz da Conceição.



Márcia Condessa cantando no seu restaurante


EP de 1962


Alfredo Marceneiro no "Márcia Condessa"




Souvenir do "Márcia Condessa"


5 de Junho de 1956

Por esta sua casa ficaria Márcia Condessa até finais de 1974, altura em que decide abandonar a carreira artística, passando o restaurante "Márcia Condessa" a ser gerido por um sobrinho seu e, posteriormente por vários sócios que foram mantendo o nome da casa. Em 1990 este restaurante, deixando o fado, mudou de nome para "O Púcaro". Já não existe, assim como o "Hot Clube de Portugal", estando o prédio devoluto.

Lista de casa de fados no jornal "A Capital" em 29 de Abril de 1974

"O Púcaro" e o vizinho "Hot Clube de Portugal"

Márcia Condessa, que nos últimos anos da sua vida viveu na "Casa do Artista", viria a falecer em 1 de Julho de 2006.

Fotos in: Museu do FadoFadistandoArquivo Municipal de LisboaObservadorHemeroteca Digital de Lisboa

2 comentários:

Valdemar Silva disse...

Como nos vem habituando, mais um interessante postal.
Mas, se reparar nas duas primeiras fotografias do prédio, parece que não são ambas de Julho 1967 como é indicado. A segunda fotografia parece bem posterior, embora até pareça mais antiga, já com escritos de demolição (?), a não ser que os escritos fossem colocados uns dias depois da primeira.
Ainda lá fui ao Hot Club.
E o prédio continua de pé.
Cumprimentos
Valdemar Silva

José Leite disse...

Grato por mais este seu comentário.
Não ligue muito às indicações das fotos que não sejam legendas no próprio artigo em si.
Quando guardo as fotos para posterior utilização, referencio as mesmas a partir das legendas do AML, que quanto a datas são muitas vezes imprecisas ou duvidosas.
Quando vejo que não corresponderão à verdade, não as indico nas legendas no artigo, como neste caso.

Cumprimentos
José Leite