A "Lithographia de Portugal, S.A.R.L." foi fundada em 27 de Março de 1893, por um grupo de conhecidos comerciantes e industriais de Lisboa, tendo-se instalado na Rua da Rosa , no Bairro Alto, em Lisboa. Os seus fundadores foram: Jacinto José Pinto da Silva - 1º administrador - Rogério Moniz, Alfredo Guedes - grande aguarelista e gerente técnico da empresa - e José Rufino Peres, que foi administrador por mais de 40 anos.
Esta empresa teve origem na aquisição da sociedade "Lithographia de Portugal" que estava instalada na Rua Vinte e Quatro de Julho, 282 a 288, em Lisboa, pelo valor de 10:500$000 réis. O novo capital social foi de 25:000$000 réis. Os nove maiores associados eram, por ordem decrescente: José Lopes Leal (12,4%), João Patrício Álvares Ferreira (12%), William Graham Junior & C.ª (6%), Knowles & C.ª (6%), Gualdino de Carvalho Junior (4,4%), André Michou (4%), Bensaude & C.ª (4%), Ernesto Pinto Basto & C.ª (4%) e o Dr. Henrique Carlos de Carvalho Kendall (4%), os quais assumiam, em conjunto, 56,8% da empresa.
Trabalharam na "Litografia de Portugal", embora não fossem dela funcionários, artistas como Casanova (grande aguarelista espanhol, litógrafo e professor dos príncipes reais), Constantino Fernandes, Roque Gameiro e Alfredo de Morais.
A "Editora de David Corazzi" (futura "Companhia Nacional Editora"), no Largo do Conde Barão e a "Lithographia de Portugal", foram os mais altos expoentes da arte litográfica, utilizando-a não só no livro e na revista como na embalagem e publicidade, colocando os seus enormes recursos técnicos e artísticos, já que estas duas empresas vieram revolucionar o meio gráfico daquela época e foram os percursores do grande progresso hoje alcançado pela Litografia.
Em 27 de Julho de 1907 a "Lithographia de Portugal", para solucionar problemas de apetrechamento, adquire, por 3.000$000 réis, a João Francisco do Livro, as oficinas da "Lithographia Universal", localizada no Largo do Carmo, 16 e 17, e que tinha sido fundada em 7 de Julho de 1898 - englobando na compra toda a maquinaria, pedras, utensílios e matérias primas assim como a própria firma de que nunca chegou a utilizar-se.
Em 1912, instala uma secção impressora sobre folha-de-flandres, - utilizada principalmente em latas de conserva - estendendo, deste modo, a sua acção por mais uma especialidade que, anteriormente, era privativo de algumas raras oficinas dedicadas exclusivamente a esta área.
A seguir alguns exemplos de pedras litográficas:
1939
A "Litografia Portugal" ao completar 75 anos de existência no ano de 1968, tinha como seu administrador Carlos Moreira da Silva Peres. Por cada máquina nova adquirida, a empresa cuidava da formação profissional dos que com ela iam trabalhar, e é assim que, no próprio ano do seu septuagésimo quinto aniversário, ao comprar um «scanner» electrónico da marca "Rudolf Hell", são enviados à Alemanha dois dos seus colaboradores que na sede da fábrica em Kiel ensaiaram a reprodução de dispositivos a cores.
Com o 25 de Abril de 1974, e devido ao período conturbado que se seguiu, a "Litografia de Portugal" não escapou a problemas de vária ordem. Mas a empresa estava bem preparada e estruturada, tinha sempre praticado uma política em relação aos seus funcionários que hoje se poderia denominar de concertação de interesses, visando o progresso da empresa, pelo que os desmandos revolucionários não a afectaram tão gravemente como noutros casos.
Em 1977 a "Litografia de Portugal" reinicia o seu processo contínuo de investimento e conquista uma sólida posição no mercado. A empresa disporá nesta altura, de um cortante a laser, o primeiro em Portugal, e será das primeiras empresas a procurar parceiros no estrangeiro e a fazer intercâmbio de conhecimentos técnicos.
Lutando com falta de espaço nas suas instalações do Bairro Alto, em 1987 a empresa adquire um terreno com 25.000 m2 (incluindo um edifício quase pronto) no Cabeço de Montachique, Fanhões no concelho de Loures. para as suas novas instalações. Assim em 1988 a empresa inicia a transferência das primeiras máquinas do sector de transformação e acabamento. Com a expansão da empresa, novas obras começam com a construção de um novo edifício destinado a armazém recepção e expedição de mercadorias com cais para cargas e descargas e báscula apta a receber camiões TIR até 5 tons. Assim a "Litografia de Portugal" passa a dispor de 9.000 m2 de área coberta de um reservatório de água captada por um furo artesiano. No primeiro edifício tinha sido construída uma placa de 1.000 m2, onde se instalaram os serviços comerciais, a secção de pré-impressão, de gravura e cartografia, salas de reuniões e gabinetes da administração.
Em 1990, a "Litografia de Portugal" dispõe de um moderníssimo parque de máquinas de nível do melhor da Europa, trabalham 209 funcionários que na parte oficinal são dirigidos por Carlos Manuel Correia da Silva Peres, director-geral, diplomado em Engenharia Gráfica pela Universidade Gráfica de Watford, em Inglaterra. Em 27 de Abril do mesmo ano a "Litografia de Portugal, S.A." aumenta o seu capital social de 100.000.000$00 para 200.000.000$00.
Em 1993 é celebrado o centenário da fundação da "Litografia de Portugal" em em 2002 é consumada a fusão de três empresas líderes na embalagem em Portugal, duas das quais a "Valentim Santos" de Vila Nova de Gaia e a "Litografia de Portugal", formando a "Graphicsleader", com sede em Seixezelo, tornando-se numa das maiores empresas de embalagens da Península Ibérica.
4 comentários:
Caro Sr. José Leite
Muito apreciável este, como todos os outros trabalhos que apresenta neste seu Blogue.
Eles são uma delícia para a vista e uma fonte constante de conhecimentos enriquecedores para qualquer leitor.
Informação clara, desenvolvida e sem lacunas importantes.
Resta-me apontar uma pequeníssima correcção neste caso:
Os poços feitos pelo processo de broca denominam-se "artesianos" e não "hertezianos" como, por lapso, saiu no texto.
Por tudo apresento-lhe os meus parabéns.
Manuel Alves
Caro Sr. Manuel Alves
Muito grato não só pelas suas amáveis palavras como pela correcção devida.
Os meus cumprimentos
José Leite
Exm.º Senhor,
Muitos parabéns pelo seu trabalho.
Aproveito para lhe remeter mais informação sobre a Lithographia de Portugal publicada no Diario do Governo, n.º 70, 28 de Março de 1893, p. 9, onde constam os nomes dos accionistas.
Os nove maiores associados eram, por ordem decrescente: José Lopes Leal (12,4%), João Patrício Álvares Fereira (12%), William Graham Júnior & C.ª (6%), Knowles & C.ª (6%), Gualdino de Carvalho Júnior (4,4%), André Michou (4%), Bensaúde & C.ª (4%), Ernesto Pinto Basto & C.ª (4%) e o Dr. Henrique Carlos de Carvalho Kendall (4%), os quais assumiam, em conjunto, 56,8% da empresa.
Como estou a escrever sobre a vida e obra de João Patrício Álvares Ferreira, meu tio-bisavô, encontrei estes dados que lhe poderão ser uteis.
Com os melhores cumprimentos,
Delfim Bismarck Ferreira
Caro Delfim Ferreira
Muito grato pelas suas amáveis palavras, e pela sua valiosa informação e colaboração.
Os meus melhores cumprimentos
José Leite
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