A casa "Barros & Santos", abriu as suas portas, pela primeira vez, no final do século XIX, na Rua do Ouro, 39-43 em Lisboa. Comercializava artigos masculinos de vestuário e chapelaria em vários pontos do país, exportando produtos para o Brasil e África.
«O amplo estabelecimento de Barros & Santos, rua do Ouro, 39 a 43 e rua de S. Julião, 158 a 168, constitue tambem uma das tradições brilhante do commercio Lisboeta.
Principiando por ser uma casa modesta, propria do tempo e do meio, foi-se gradualmente transformando nos importantes armazens de alfayataria, chapellaria, camisaria, gravataria, de artigos de viagem e impermeaveis que todo o publico lisboeta e a população flutuante, que nos costuma visitar, perfeitamente conhecem.
Em Valle Escuro, a casa Barros & Santos tem installadas as suas grandes fabricas que honram sobremaneira a industria nacional. Um verdadeiro formigueiro de operarios trabalha ali, de manhã á noite, confeccionando, por meio dos mais aperfeiçoados engenhos mechanicos, adaptados a tal fim, aquellas lindas camisas, aquelles elegantes colarinhos e punhos que fazem as delicias da nossa sociedade "chic". A sua exportação para as provincias, para as ilhas adjacentes, para as colonias, sobe a dezenas e dezenas de contos, tendendo sempre a multiplicarem essas transacções.» Textos em itálico in: jornal "A Capital" 29 de Junho de 1916.
Fruto da sua expansão, o proprietário da "Barros & Santos", pede ao jovem arquitecto Carlos Chambers Ramos (1897-1969) que elabore um projecto para modificação exterior e interior dum edifício na Rua do Ouro 234-242, ex-propriedade do "Banco do Minho" e que se encontrava desabitado. O projecto, consistia na transformação dum edifício de 6 andares sendo os dois primeiros destinados ao comércio e os restantes a serviços administrativos, propunha alterações substanciais, quer no seu interior quer exteriormente, introduzindo uma nova fachada com motivos "art-déco".
As obras tiveram início em 1921, quando ainda Carlos Ramos era ainda estudante no último ano do curso de arquitectura na Escola de Belas Artes de Lisboa, tendo dirigido a obra durante 16 meses. A inauguração da nova sede e loja da firma "Barros & Santos" teve lugar a 25 de Janeiro de 1922.
17 de Outubro de 1926
Esta empresa ali se manteve até ao seu encerramento definitivo em 1936. O edifício viria a ser adquirido e ocupado pela agência de notícias e publicidade francesa "Agence Havas" ("Agência Havas"), que se transferiu duma pequena loja, igualmente, na Rua do Ouro, 30. Em 30 de Setembro 1944, a "Agence Havas" daria origem às agências de informação "Agence France-Presse" e de publicidade "Havas".
Em 1983, este edifício seria vendido ao, então, "Banco Totta & Açores" (posteriormente "Santander Totta" ) e em 2003 é adquirido pela empresa "Amorim Imobiliária", para aluguer de escritórios.
fotos in: Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian, Hemeroteca Digital de Lisboa, Arquivo Municipal de Lisboa
4 comentários:
Interessantíssimo!!!
Consegue somente confirmar-me onde é o 'Vall Escuro' onde seriam as fábricas? Obrigada
Muito Bom! Este Valle Escuro seria onde?
Entre a Penha de França e o Alto de S. João.
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