José Maria Macieira, vivia em Lisboa com sua mãe e irmãos, gerindo a empresa "Viuva Macieira & Filhos", fundada em 1804, que na Rua da Madalena em Lisboa tinha uma loja e armazém de papel e trabalhos tipográficos.
Este armazém, era abastecido pela fábrica da família - "Fábrica de Papel do Boque" - fundada em 1861 por José Joaquim Paula no Lugar do Boque (Serpins-Lousã). Esta fábrica, depois de adquirida pela firma "Viúva Macieira & Filhos" nos anos 70 do século XIX, foi uma das mais importantes do país, tendo sido a única que começou logo com produção mecânica, instalando, desde a sua origem, uma máquina de papel contínuo. Por ironia do destino, foi também aquela que, ao longo de mais de um século de laboração, menos viria a desenvolver-se. Viria a encerrar definitivamente em Janeiro de 1986.
1942
18 de Janeiro de 1918
Este armazém, era abastecido pela fábrica da família - "Fábrica de Papel do Boque" - fundada em 1861 por José Joaquim Paula no Lugar do Boque (Serpins-Lousã). Esta fábrica, depois de adquirida pela firma "Viúva Macieira & Filhos" nos anos 70 do século XIX, foi uma das mais importantes do país, tendo sido a única que começou logo com produção mecânica, instalando, desde a sua origem, uma máquina de papel contínuo. Por ironia do destino, foi também aquela que, ao longo de mais de um século de laboração, menos viria a desenvolver-se. Viria a encerrar definitivamente em Janeiro de 1986.
"Fábrica de Papel do Boque"
Contudo, José Maria Macieira, seguindo o conselho de amigos, em 1865 funda a "Macieira & C.ª" e passa a comercializar vinhos, azeite e outros produtos alimentares que trazia da região Oeste, mais concretamente do Maxial (concelho de Torres Vedras), onde a família detinha uma quinta. Fazia destilação de aguardentes e terá sido essa a razão de ter mandado o filho, José Guilherme Macieira, estudar o fabrico de destilados em Cognac, região de França que dá nome à famosa bebida. Em resultado disso José Guilherme funda em 1865 a firma "José Guilherme Macieira & C.ª", para comercialização de vinhos, destilados, azeites e vinagres. Em 1885, cria a receita, ainda hoje secreta, do Cognac "Macieira" - "Real Fine Eau-de-Vie".
José Guilherme Macieira
José Guilherme Macieira
1885
1899
Com graduação alcoólica de 36º, 40º ou 43º, o "Macieira Royal Old Brandy", sendo o 2º cognac/brandy português mais antigo ainda em produção, depois do "Constantino" (1877) é obtida a partir da aguardente vínica com um envelhecimento mínimo de seis meses em cascos de carvalho. Resulta da destilação de uvas de castas diversas e assenta numa receita que permanece inalterada desde o seu lançamento.
Localização da loja "Macieira & C.º" na Rua Ivens, 47 em Lisboa (dentro da elipse desenhada)
Em 1892, o rei D. Carlos nomeou José Guilherme Macieira «fornecedor de vinhos e cognacs de vinho da Real Casa». José Guilherme Macieira também viu o seu engenho premiado. Foi ordenado cavaleiro da Legião de Honra em França e Comendador em Portugal.
Depois da firma mudar de designação para "Sociedade de Aguardentes Macieira, Limitada", no início do século XX, mudaria de novo em 1919, e definitivamente, para "Macieira & C.ª , Lda.".
Depois da firma mudar de designação para "Sociedade de Aguardentes Macieira, Limitada", no início do século XX, mudaria de novo em 1919, e definitivamente, para "Macieira & C.ª , Lda.".
1919
1923
O brandy vendia bem em Portugal e em mercados onde a comunidade portuguesa era numerosa, como o Brasil do início do século XX. Durante a II Guerra Mundial, o "Macieira" chegou a ser distribuída pelos Aliados, privados da produção das caves francesas. Em 1944, na "Feira Popular de Lisboa", na Palhavã, constituiu sensação uma Fonte que em vez de deitar água jorrava vinho, mas também uma “Farmácia Bar”, com uma tabuleta que informava que a direcção técnica era de "Macieira" e "Constantino" (outro brandy com muito sucesso).
No filme "O Costa do Castelo", realizado por Arthur Duarte em 1943 o cognac "Macieira" 3 estrelas é publicitado ... «Cognac ... tem 3 estrelas .. quer dizer que é bom!» informa Daniel (Curado Ribeiro). Ao que o sr. Silva (António Silva ) acrescenta: «então tem honras de general!».
No filme "O Costa do Castelo", realizado por Arthur Duarte em 1943 o cognac "Macieira" 3 estrelas é publicitado ... «Cognac ... tem 3 estrelas .. quer dizer que é bom!» informa Daniel (Curado Ribeiro). Ao que o sr. Silva (António Silva ) acrescenta: «então tem honras de general!».
Sequência no filme "O Costa do Castelo". No fotograma da direita Maria Olguim, António Silva, Curado Ribeiro e João Silva
Além fronteiras, na "Gazeta de Notícias" do Rio de Janeiro, em 7 de Novembro de 1947
Armazéns vinícolas da "Macieira & C.ª, Lda.", no Meixial em 1955
1955
1956
1985
Actualmente, a "Macieira" representa mais de metade do consumo de brandy no mercado português. Num primeiro momento, combateu o declínio das vendas com uma aposta na exportação. A "Macieira" tornou-se na marca do portefólio da "Pernod Ricard Portugal" com maior volume exportado, apostando na fama de que desfruta junto do mercado da saudade. A marca é exportada para mais de 30 países, estreando-se há dois anos na Rússia e China. A base do Bombarral, após a deslocação da produção da "Macieira" para Espanha, em 2014, produz e envelhece ainda as aguardentes "Aldeia Velha" e "D'Alma".
Oferta actual da "Macieira & C.ª, Lda."
Rótulos actuais
Últimas instalações da "Macieira & C.ª, Lda." no Bombarral
Antigos armazéns no Meixial, devidamente preservados
Quanto à firma "Viúva Macieira & Filhos, Lda." ainda existe e a sua actividade centra-se na compra e venda de bens imobiliários, fabricação de papel e de cartão e arrendamento de bens imobiliários. A sua sede é na Rua da Madalena, 18 - 2º esquerdo.
Local onde funcionaram a loja e armazéns da "Viúva Macieira & Filhos", na Rua da Madalena 10-22
Quanto à antiga loja da "Macieira & C.ª, Lda." na Rua Ivens, em Lisboa e actualmente ...
fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Hemeroteca Digital de Lisboa, Biblioteca Nacional Digital, Macieira
fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Hemeroteca Digital de Lisboa, Biblioteca Nacional Digital, Macieira
1 comentário:
A Velha Guarda (os poucos(as) que ainda estão vivos) sempre dizem que o Brandy da Macieira teve muita qualidade, porém em meados da Década de 1970 do Século XX fez-se deteriorar para passar a viver da fama, tornando-se numa bebida fraca e desagradável, consumida por parolos(as) e snobes desesperados por uma ilusão de estatuto.
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