O “Planetário Calouste Gulbenkian” junto aos Mosteiro dos Jerónimos e integrado no complexo do “Museu da Marinha”, foi inaugurado em 20 de Julho de 1965 - dia do 10º aniversário da morte de Calouste Gulbenkian - pelo Chefe de Estado Almirante Américo Thomaz, pelo presidente da “Fundação Calouste Gulbenkian”, Dr. Azeredo Perdigão, pelo Ministro da Obras Públicas e pelo director do Planetário, Comandante Conceição Silva.
O projecto do “Planetário Calouste Gulbenkian”, foi elaborado pelo arquitecto Frederico George, em 1963, com as obras de construção civil sendo da responsabilidade do Estado e a aquisição do equipamento técnico assegurada pela “Fundação Calouste Gulbenkian”, tendo para isso contribuído com 7.700 contos (7.700.000$00)
Fotos aéreas entre 1930 e 1932, onde se pode observar o local onde seria construído o Planetário, 30 anos depois
Nota: na foto anterior, o hidroavião C.A.M.S. (“Chantiers Aero-Maritimes de la Seine”) 37A da Aviação Naval, sediado no C.A.N. do Bom Sucesso. A Aviação Naval teve 8 aparelhos destes que estiveram ao serviço de 1927 a 1935.
Em 1964 o edifício é concluído, cujas obras se haviam iniciado em Novembro de 1963. Entretanto pouca mais de 1 ano após a sua inauguração, em Outubro de 1966, são suspensas as sessões de projecção devido a estragos causados por infiltrações na cúpula, tendo sido reatadas apenas em 12 de Janeiro de 1967, com a reabertura do Planetário após as obras. Em 1968, dentro do plano dos edifícios a construir de apoio às instalações do “Museu da Marinha”, acorda-se com o arquitecto Frederico George a elaboração dos projectos das Oficinas e do Observatório Astronómico.
Fases da construção do “Planetário Calouste Gulbenkian”
O “Planetário Calouste Gulbenkian” passava a fazer parte integrante de um centro científico e cultural, integrado no “Museu de Marinha” que tinha sido inaugurado em 15 de Agosto de 1962, na tão emblemática zona de Belém. Assim se satisfazia uma das aspirações dominantes da “Sociedade Astronómica de Portugal”, fundada em 1917, como se tornava realidade o antigo sonho de um Oficial de Marinha e brilhante astrónomo-amador, o comandante Eugénio Correia da Conceição Silva.
Comandante Eugénio Conceição Silva (1903-1969)
Com o seu espírito inventivo e meticuloso, decisivamente contribuiu para a instalação de um moderno aparelho de projecção astronómica numa sala de cúpula semi-esférica, semelhante a muitas outras infra-estruturas que começaram a ser construídas nas principais capitais europeias, permitindo visualizar as estrelas, em qualquer lugar e qualquer tempo. Um magnífico instrumento didáctico ao alcance de todos, permitindo desse modo uma ampla divulgação da ciência astronómica a um povo com uma tradicional vocação de navegadores e descobridores.
O primeiro projector de estrelas do “Planetário Calouste Gulbenkian” foi o modelo “UPP 23/4” da empresa alemã pioneira “VEB Carl Zeiss-Jena”. Um aparelho óptico-mecânico fisicamente constituído por um corpo cilíndrico com duas grandes esferas, em ambas as extremidades. No interior de cada uma delas estava instalada uma lâmpada de tungsténio de 1000 W, rodeada de 8 lentes semi-esféricas.
O primeiro projector de estrelas “UPP 23/4” do Planetário (1965-2004)
Anúncio do “Centro Técnico Hospitalar” referente à inauguração do “Planetário Calouste Gulbenkian”
Instalações do “Centro Técnico Hospitalar na Avenida da República, em Lisboa nos anos 60 do século XX
O primeiro projector de estrelas do Planetário (1965-2004)
Ao longo de 39 anos de actividade ininterrupta (tendo mesmo ultrapassado o limite da vida útil estabelecido pelo fabricante) e embora mostrando já evidentes sinais de cansaço, exibiu um magnífico céu estrelado para cerca de 3 milhões de espectadores.
O equipamento escolhido para substituir o "velhinho" UPP 23/4, instalado em 1965, foi o “Universarium IX”, fornecido igualmente pela “VEB Carl Zeiss-Jena”, mantendo-se, assim, a fidelidade a uma marca com 70 anos de desenvolvimento e produção de planetários, capaz de garantir um aperfeiçoamento técnico e melhoramento permanentes, a integração rápida dos resultados do avanço científico-tecnológico, a assessoria individual aos utilizadores e a assistência aos projetos . Há que referir, a propósito, que o princípio da projeção de estrelas é uma invenção da “Carl Zeiss Jena” com patente datada de 1922.
Projector de estrelas “Universarium IX” da “Carl Zeiss Jena”
Este equipamento baseia-se no conceito starball, com separação mecânica entre a projecção do céu estrelado e dos objectos dinâmicos. O starball e os projectores de planetas, Sol e Lua são controladas por software programável.
“Planetário Calouste Gulbenkian”, actualmente
Bibliografia: Planetário Calouste Gulbenkian (Museu da Marinha) e SIPA
Fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian, Planetário Calouste Gulbenkian
2 comentários:
Caro José Leite
Desejo-lhe uma boa entrada em 2015.
Que este seja um melhor ano.
Já agora, o hidroavião da foto é um C.A.M.S. (Chantiers Aero-Maritimes de la Seine) 37A da nossa aviação naval, sediado no C.A.N. do Bom Sucesso.
Na faixa diagonal tem o número 1 pelo que deverá ter o número de matrícula 38.
A aviação naval teve 8 aparelhos destes que estiveram ao serviço de 1927 a 1935.
Ver “Aeronaves Militares Portuguesas” de Adelino Cardoso.
Abraço,
Pedro Ferreira
Caro Pedro Ferreira
Muito grato não só pela informação adicional, como pela gentileza dos seus votos.
Aproveito para lhe desejar, também a si e sua família um feliz Ano Novo de 2015
Abraço
José Leite
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