Restos de Colecção: Elevador da Bica

12 de dezembro de 2014

Elevador da Bica

O “Ascensor da Bica”, mais conhecido por “Elevador da Bica”, que liga a Rua de São Paulo ao Largo do Calhariz, através da Rua da Bica de Duarte Belo, foi projectado pelo engenheiro Raoul Mesnier du Ponsard, e Inaugurado em 28 de Junho de 1892.

 

Este ascensor do tipo funicular, foi o terceiro de uma série de cinco a serem construídos pela “Companhia dos Ascensores Mechanicos” fundada em 1882, e todos da autoria do engenheiro portuense Raoul Mesnier du Ponsard (1848-1914). O primeiro a ser construído tinha sido o “Ascensor do Lavra”, e inaugurado em 19 de Abril de 1884, e os que seguiram  seriam os seguintes: Ascensor da Gloria , inaugurado em 24 de Outubro de 1885; “Ascensor Camões-Estrella”, inaugurado em 14 de Agosto de 1890; “Ascensor da Bica”, inaugurado em 28 de Junho de 1892; “Ascensor da Graça”, inaugurado em 27 de Fevereiro de 1893; “Ascensor de São Sebastião”, inaugurado em 15 de Janeiro de 1899. Elevadores não do tipo funiculares, seriam construídos os seguintes: “Elevador de São Julião”, também conhecido por “Ascensor Municipio-Bibliotheca”, inaugurado em 12 de Janeiro de 1897 e o Elevador de Santa Justa-Carmo inaugurado em 10 de Julho de 1902.

Raoul Mesnier du Ponsard (1848-1914)

Panorama do Bairro da Bica, com a Igreja das Chagas de Cristo à esquerda, e as torres da Igreja de São Paulo à direita

Calçada da Bica Pequena

 

Estação na Rua de São Paulo

                   

Términus no Largo do Calhariz, ao lado do “Palácio Vallada-Azambuja”

Em 1888 é celebrado o contrato entre a Câmara Municipal de Lisboa e a “Nova Companhia dos Ascensores Mechanicos de Lisboa” que previa a concessão da instalação de um ascensor - “Ascensor da Bica” - que, pela Rua da Bica de Duarte Belo, ligasse a Rua de São Paulo ao Largo do Calhariz, concebido por Raoul Mesnier du Ponsard. As obras tiveram início em 1890, e em Maio do mesmo ano já a instalação da máquina motora estava concluída e em Novembro começava o assentamento das linhas.

Dificuldades de todos os géneros, nomeadamente a instalação do cano colector, abalroamentos e as próprias diferenças de declive, atrasaram a construção. Contudo, após sucessivos adiamentos realizaram-se em 27 de Junho de 1892 as experiências oficiais iniciando-se no dia seguinte o serviço de exploração.

Primeiras composições eléctricas

 Elevador da Bica.1

Guarda-freio

Composições eléctricas em 1960

 

O “Ascensor da Bica” é composto por duas carruagens, cada uma com três compartimentos desnivelados e de acesso independente, com capacidade para transportar 23 passageiros, funcionando inicialmente com máquinas a vapor, sendo principio do seu funcionamento similar ao descrito, pormenorizadamente, no artigo neste blog “Elevador da Glória”.

Em 1912 a “Nova Companhia dos Ascensores Mecânicos de Lisboa” assina com a Câmara Municipal de Lisboa um contrato de concessão que lhe permitia a electrificação de todas as suas linhas de ascensores, pelo que entre 1914  e 1916 têm lugar as obras de electrificação do “Ascensor da Bica”. Durante a conclusão dos trabalhos de electrificação verifica-se um acidente com um dos carros que, descontrolado, se precipitou de encontro à estação da Rua de São Paulo destruindo-se por completo. Na sequência deste acidente o ascensor da Bica permanece inactivo por vários anos. Em 1923 a Câmara Municipal de Lisboa exige o regresso ao funcionamento por parte do “Ascensor da Bica”, pelo que se procedem a trabalhos e à colocação de novos carros, fornecidos pela firma “Theodore Bell”.

 

                                

A “Nova Companhia dos Ascensores Mecânicos de Lisboa”, foi, entretanto, dissolvida em 1926, transferindo-se, então, a exploração e propriedade dos ascensores de Lisboa para a “Companhia Carris de Ferro de Lisboa”.

Foto na revista “National Geographic” em 1965

Actualmente, o “Elevador da Bica”, é considerado “Monumento Nacional”, desde 2002, a par com o Elevador de Santa Justa, o Elevador da Glória” , e o “Elevador do Lavra”.

 

 

 

Fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian, Hemeroteca Digital

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