O "Hotel da Peninsula" abriu pela primeira vez em 24 de Outubro de 1844, no palácio do industrial José Ferreira Pinto Basto - fundador da "Vista Alegre", em 1824 - no ,então , Largo das Duas Egrejas no Chiado, em Lisboa.
José Ferreira Pinto Basto (1774-1839)
Acerca do passado deste Palácio, conhecido pelo "Palácio dos srs. Ferreiras Pintos", "Palácio dos srs. Pintos Bastos" ou simplesmente "Palacio do Loreto", passo a transcrever uma passagem da revista "Olissipo" de Julho de 1957:
O Hotel da Península (1844-1848), bateu os dois outros hotéis que se lhe seguiram, em notoriedade e luxo. Dizia-se que «estava convertido na mais bela hospedaria de Lisboa. Logo após a inauguração, a 24 de Outubro, deu hospedagem ao enviado do Sultão de Constantinopla, Fuad Effendi, que três dias depois foi apresentado a Suas Majestades e a 24 do mês seguinte foi recebido pelo Duque de Palmela, no Paço do Lumiar, que lhe ofereceu um almoço-dançante, com jogo de xadrez.».
Na sequência do baile referido no anúncio anterior, o "Diario do Govêrno" de 3 de Abril seguinte, publicou a «Relação das pessoas que acceitaram convites para o Baile que teve logar no Hotel da Peninsula, ao Loreto, a favor deste estabelecimento, na noite de 20 de Fevereiro último», - com um «Producto liquido a favor do Asylo de 455$918 réis» - e concluiu com a seguinte mensagem:
Cumprindo-lhe ao mesmo tempo agradecer infinitamente, não só a todas as pessoas que tão louvavelmente concorreram para o bom resultado deste baile, e com especialidade aquellas que se dignaram de a auxiliar na laboriosa tarefa da distribuição dos bilhetes, mas igualmente ao Illmo. Sr. Jorge Whals, pela maneira tão generosa e distincta com que se prestou a franquear a casa da sua residencia no mencionado Hotel, para se dar o mesmo Baile.
Finalmente a Commissão entendeu que nenhuma outra applicação poderia dar ao producto liquido do referido Baile, que podesse merecer mais a approvação geral, do que ser votado em globo para a compra de roupas, e mais arranjos necessários para as duas novas camaratas, que se deverão abrir nos próximos annos de Sua Magestade a Rainha, elevando-se então o numero dos asylados a seu cargo de 510, que existe, ao de 600 de ambos os sexos, devendo-se por esta occasião remover para este pio Estabelecimento, de accordo com o Ex.mº Governador Civil, o maior numero que seja possível dos mendigos mais salientes, que costumam esmollar pelas ruas e sitios mais públicos desta Córte, e que se tornam mais recommendaveis pelo seu estado de cegueira e disformidades, convindo por isso muito que sejam afastados das vistas do publico.»
Entretanto era fundada a "Assemblea da Peninsula" a funcionar nas instalações do "Hotel da Peninsula"
«Dançou-se muito no prédio da família Pinto Basto», como no-lo afirmou o nosso Júlio de Castilho, pois a Assembleia da Península atraiu às suas salas «Lisboa inteira».
Do que era a vida da sociedade e ao que obrigavam as desenfreadas lutas políticas.» in: "Olissipo" de Julho de 1957
Já em 20 de Janeiro de 1848, a "Revista Universal Lisbonense", noticiava:
Os bailes começam de um modo brilhante. Domingo começaram as recepções da Corte. A primeira esteve concorrida e animada.
Ao Baile esplendido do Sr. Márquez de Vianna seguiu-se o de Hotel da Peninsula.
Este baile foi realisação de um pensamento, que ha muito andava na mente de alguns cavalheiros da sociedade mais escolhida. Queriam reunir-se dando um baile. Assim o fizeram. A reunião foi como se esperava, concorreram pessoas dos diversos partidos politicos, e não faltou quem observasse no meio de uma das salas dous generaes, que se abracavam e que ainda ha pouco, por desgraça desta malfadada terra, desembainharam a espada um contra o outro no campo de guerra das nossas tristes dissencões.»
Entretanto em Fevereiro de 1851 na "Revista Universal Lisbonense" podia ser lido o seguinte anúncio:
Já não é a Peninsula d'outros tempos. Neste baile não houve nada de notavel, que mereça ser lançado na acta.»
Na mesma página do anúncio anterior, e acerca do encerramento do café "Marrare do Polimento", instalado um pouco mais abaixo na Rua das Portas de Santa Catharina, e igualmente no mês de Março de 1851, ...
«Dizem que o «Club da Peninsula» alem de muitos outros improvements que vai introduzir nos diversos ramos da administração janotal, tem a peito estabelecer um café sumptuoso, que sera o forum nocturno, e a praça do commercio ordinaria destes negociantes de ociosidade, que se chamam janotas, e tambem dos que o não são. A séde do imperio muda-se de Roma para Bysancio. Dizem que o novo imperador será o Matta, que desta vez mata de de certo o Marrare.»
Com o encerramento do "Hotel da Peninsula" em 1848, seguiu-se-lhe em 1850 o "Hotel de Italia", que pertencente a Barradim, «dava uns finíssimos jantares de peixe às sextas-feiras, e tinha o melhor cognac conhecido em Lisboa». Já em 1850 ocupava o rico imóvel, onde se realizou o banquete oferecido a Constantino, rei dos floristas, a primeira vez que esse notável artista voltou a Portugal, tendo presidido Almeida Garrett.. Por lá ficou até cerca de 1865.
A partir de 12 de Janeiro de 1867, o palácio teria como novo inquilino o Ministério do Reino, data em que um incêndio destruiu as suas repartições situadas no extremo oriental do Terreiro do Paço. Seguiu-se-lhe, cerca de 1873 o "Grande Hotel du Matta", do formidável cozinheiro João da Matta, que o professor Mello Breyner apelidou de «príncipe dos cozinheiros portugueses». Terá ficado no palácio do Loreto até 1877.
Gravura de 23 de Outubro de 1874
fotos in: Hemeroteca Digital de Lisboa, DIGIGOV, Arquivo Municipal de Lisboa






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