A papelaria "Au Petit Peintre", foi fundada em 1909 por Antonio Franco na Rua de S. Nicolau, 102 e 104, em Lisboa. Passado uns tempos Antonio Franco constituiu a firma "Franco & C.ª ", para mais tarde constituir a "Antonio Franco, Lda" que se mantem ativa ainda hoje.
Começou por funcionar como papelaria, onde se podia encontrar tudo o que era necessário em materiais de escritório e cartas: eram papéis, canetas de pena, tintas especiais para a escrita. Mas com o correr dos anos foi comercializando outros produtos como: artigos de pintura e desenho, óleo, aguarela, pastel, pirogravura, metaloplastica, fotominiatura, coreoplastia, esculptulina, etc., artigos para flores, fotografias para fotominiatura, postais, cópias de quadros dos melhores pintores, tintas a óleo e aguarela, vernizes e pincéis, telas a metro e engradadas, cobre e estanho para repousé, cavaletes, ranchetas, réguas para desenho e aguarela, papéis: Ingres, Wathmans continuo, vegetal, etc., papéis de luxo de alta fantasia para cartas, próprio para brindes. Era representante da marca "Lefranc" e, na década de 1930, para além desta já representava também as marcas "Winsor & Newton" (1832), "Lefranc Bourgeois" (1720), "Artisan", entre outras.
Interior da "Au Petit Peintre" na primeira metade do século XX
Na loja que "Au Petit Peintre" se instalou, a partir de 1909, tinha funcionado entre 1903 e 1908 a camisaria e gravataria "Uceda & Silva", que sucediam à camisaria "R. Oliveira" que ali funcionou só no ano de 1902.
Anterior inquilino em anúncio de 1906
Em 1910 a papelaria "Au Petit Peintre", funda o "Jornal da Mulher" (1910-1937), cujo nº 1 seria publicado em 5 de Julho de 1910, ainda composto e impresso pela "Tipografia Liberty". Distribuído em carroças por Lisboa, a partir de 1928, este jornal passaria a ser impresso pela e na própria papelaria. Teve como primeira diretora a escritora e poetisa Albertina Paraíso (1864-1954). O editor era José Henriques. A partir de Outubro de 1911, a diretora passou a ser Maria Luísa Aguiar, pseudónimo de Maria Brak-Lamy Barjona de Freitas, a qual contou com Carlos Cilícia de Lemos como secretário de redação.
1927
Em 10 de Junho de 1914, a propósito da publicação do "Catalogo Comico da Exposição de Belas Artes 1914" a revista "Occidente" escrevia:
Abre com um prefacio - Palavras a mais e ditos ... amenos, em que Carlos Simões, n'uma graça esfusiante, nos explica ao que vêm, usando d'estes termos que não resistimos á tentação de transcrever :
«O presente Catalogo Comico da Exposição será a rubrica leve, inoffensiva e insulsa, vista atravéz do monoculo da critica humoristica. Tocará a todos e a tudo o que na Exposição tenha uma nota comica, ainda que o trabalho seja uma obra prima ... irmã do Genio.»
Encontra-se n'esse gracioso catalogo a critica de télas de Columbano, Alves Cardoso, Falcão Trigoso, Almeida e Silva, Simão da Veiga, David de Mello, Velloso Salgado, Gyrão, Condeixa, etc., e a esculpturas de Netto, Moreira e Julio Vaz Junior. Algumas são magnificas e de facto só podem apreciál-as bem as pessoas que têem tido o prazer de vêl-as na Exposição.
O final da capa é uma excellente caricatura do sr. Franco, o proprietario do Au Petit Peintre.»
José Dominguez actual proprietário da "Au Petit Peintre", «recorda-se de ouvir dizer que o “patrão Carlos”, como era conhecido o responsável pela loja, ia dando todos os anos uma quota aos seus empregados para a casa não morresse. Mais tarde, o mesmo viria a ser feito pelo casal proprietário da casa, João Martins Viegas dos Santos e Natália Afonso Viegas dos Santos, que cederam a firma aos seus afilhados de casamento, José Dominguez e sua mulher.
O actual proprietário entrou para a loja em 1963, como empregado, mal tinha finalizado a Escola Primária. Lembra-se de ter entrado ao serviço na casa do vizinho e amigo da família, vestido de calções com suspensórios, camisa e gravata. Mais tarde, regressado da guerra em Angola, assumiu a responsabilidade da gerência da loja, aprendendo com o Sr. João Viegas dos Santos o método de como se deve estar no comércio.» in: "Circulo das Lojas de Carácter e Tradição de Lisboa".
Nos dias de hoje, e com mais de 100 anos de existência ... «Entre histórias e memórias, é possível encomendar uma moldura, comprar lacre e sinetes, cartas timbradas, tintas para carimbo, tintas de escrever, todo o tipo de artigos para pintura e para desenho, mas também para o escritório e para a escola; papéis químicos, antigas sebentas e cadernos diários.
(...) Sobrevive a tudo isto a simpatia e o entusiasmo de José Dominguez, que chama à sua loja um “museu vivo”, e nos fala longamente dela enquanto tal. Esta expressão relaciona-se com a panóplia de objectos que ali estão pela riqueza do espólio, produtos de antigamente; mas também pela maioria das pinturas em exposição que, não obstante poderem ser compradas, são uma forma de promover e dar a ver o talento de alguns clientes da loja. » in: "Lojas com História".
fotos in: Hemeroteca Digital de Lisboa, Arquivo Municipal de Lisboa, Lojas com História, Delcampe.net


.jpg)

.jpg)



.jpg)
.jpg)








.jpg)

.jpg)


Sem comentários:
Enviar um comentário