Restos de Colecção: Augusto Vieira - Guitarreiro e Violeiro

21 de fevereiro de 2024

Augusto Vieira - Guitarreiro e Violeiro

Augusto Vieira, natural da Ilha da Madeira, instalou-se em Lisboa, a partir de, 1888 na Rua de Santo Antão, 4 com oficinas na Rua do Diário de Notícias 95-101, em Lisboa. Era fabricante de rebecas, violas, guitarras, bandolins e violas braguezas.


7 de Outubro de 1900


Loja de Augusto Vieira na área delimitada a vermelho


Oficina de Augusto Vieira ficava à esquerda (na foto) da carroça, que descarregava papel para o jornal "Diario de Noticias" à direita na foto

1904

A partir do início do séc. XIX , é possível encontrar registos da designação «guitarra portuguesa», possivelmente, num primeiro momento para referir em particular o modelo com 6 pares de cordas (seriam primeiramente 5), numa transformação que terá sido introduzida no instrumento já em Portugal. Já os primeiros instrumentos com as dimensões, estrutura mecânica e afinidade tímbrica com as atuais guitarras tiveram origem nos anos vinte do século XIX; os construtores mais afamados de então eram Augusto Vieira, seu irmão António Victor Vieira (herdeiro de Manuel C. Teixeira, por sua vez herdeiro do famoso Manuel Pereira dos Santos), João Pedro Grácio Junior e Álvaro Marciano de Oliveira.

1879


Rótulo de Manuel Pereira, aquando do concerto de uma guitarra


23 de Dezembro de 1896

Legenda do rótulo anterior: «Rótulo: são visíveis dois rótulos de oficinas diferentes, colados no interior do tampo fundeiro, com sobreposição. O mais largo e mais antigo será o do fabricante: «44, Rua de Santo Antão, 44 / Compra-se e vende-se toda a qualidade de instrumentos novos e uzados / Grande sortimento em guitarras». O guitarreiro Augusto Vieira tinha sua “Officina de instrumentos de corda” na Rua Eugénio dos Santos, vulgarmente conhecida por Rua de Santo Antão, rua onde também esteve estabelecido o fabricante Eduardo D. Rodrigues com a sua “Fábrica de instrumentos de corda”. Sobre este rótulo vem colado um outro, em forma de tira retangular com os dizeres impressos “Concerto por Manuel Pereira / Rua das portas de Santo Antão 189 e 191». Manuel Pereira foi um guitarreiro ativo em Lisboa nas décadas de 1860 a 1880 (ca. 1840-1889). in: blog "Guitarra de Coimbra V"


Fabricante de arames para violas e guitarras, em 1881



Nas revistas "A Arte Musical" de 31 de Outubro e de 30 de Novembro de 1914 


Conjunto musical na primeira década do século XX


Uma Tuna Académica não identificada em 1936

«Manuel Pereira (1840-1889) foi o construtor mais afamado do seu tempo, tendo construído guitarras que se encontram nos museus de Bruxelas, Milão, Roma e Lisboa .
O sucessor de Manuel Pereira na Rua das Portas de Santo Antão nº 189/191, foi Manuel C. Teixeira (activo a partir de 1880) autor da belíssima Guitarra, hoje em exibição na Casa-Museu Amália Rodrigues, em Lisboa e que apresenta embutidos de Pau-Santo sobre base de Ácer, representando figuras de sátiros e musas tocando instrumentos, figuração fitomorfica estilizada e cujo cravelhal em leque, em latão niquelado e gravado é encimado por uma cabeça de Leão entalhada e pintada de cor dourada. Esta peça, das mais decoradas que conheço, destinou-se certamente a satisfazer uma encomenda especial ou talvez a figurar na Exposição Universal de Paris em 1900, é construida com os melhores materiais (fundo e ilhargas de pau-santo, recoberto a folha de ácer e tampo harmónico de spruce, recoberto a folha de ácer).
Os irmãos Augusto Vieira e António Victor Vieira, talvez originários da ilha da Madeira, mas ambos instalados em Lisboa a partir de 1888 (o segundo foi o herdeiro da oficina anteriormente referida), foram dos mais notáveis e férteis construtores, sendo autores de numerosas guitarras de boa qualidade premiadas nas exposições Universais de Paris (1900) e St,Louis, USA (1904) e na Industrial de S. Miguel (Açores) em 1901.


1904


6 de Agosto de 1906


1913


1915


1913

Interessados pela pesquisa de novas formas, alteração de dimensões e até construção de modelos diferentes (veja-se o guitarrão de 1932, com o corpo em forma de cítara clássica, em exibição no Museu Nacional de Etnologia), chegaram a ter várias oficinas em produção simultânea, sendo os únicos a numerar, datar e inventariar a sua produção. Outro herdeiro desta tradição de qualidade foi João Rodrigues da Rosa, o qual funcionou na mesma oficina no princípio do século XX e depois no Largo de S. Martinho e punha nas suas etiquetas impressas: “João Rosa, único discípulo de Manuel Pereira”, reclamando para ele próprio o mesmo estatuto que 24 M.C. Teixeira e a empresa Rosa & Caldeira, os quais herdaram efectivamente as oficinas do grande mestre lisboeta.» in: blog "Fados Tradicionais" 


Rótulos de Augusto Viera

  

fotos in: Hemeroteca Digital de LisboaArquivo Municipal de Lisboa, "A Guitarra Portuguesa e a Canção de Coimbra Subsídios para o seu estudo e contextualização" de Luís Pedro Ribeira Castela (UC-FL) 2011, A Senhora do Monte

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