A "Lithographia Nacional" foi fundada em 1894, na cidade do Porto, por João Ignacio da Cunha e Souza (1821-1905), capitalista, irmão do caricaturista Sebastião Sanhudo, e sócio deste na "Lithographia Portugueza", em sociedade com o seu filho, Ignacio Alberto de Souza, resultando a firma "C. Souza e Filho".
Já em 1877, João Ignacio da Cunha e Souza tinha fundado, como sócio capitalista, com seu irmão Sebastião Sampaio de Souza Sanhudo (1851-1901) e outro sócio, a "Lithographia Portugueza", (firma "S. Sanhudo & Irmão") conhecida pela "Lithographia do Sanhudo".
«Largas centenas de reproduções litográficas foram espalhadas por livros, calendários, anúncios, mapas e pela imprensa portuguesa, com um estilo realista mas crítico, irónico e fazendo uso dos meios e técnicas do seu tempo.» in: Arquivo Municipal de Ponte de Lima
Após o falecimento de João Ignacio da Cunha e Sousa, o seu filho daria continuidade à "Litografia Nacional", que em 1910, estava localizada Rua de Malmerendas (actual Rua Dr. Alves da Veiga), nº 22. Inácio Alberto de Sousa residia, bem perto, no Largo do Padrão, nº 20, sendo, naquela data, o seu pai já falecido há 5 anos.
Naquela ano, mais propriamente em 9 de Julho de 1910, Inácio de Sousa solicita à Câmara Municipal do Porto, autorização para ampliar as instalações da Litografia da Rua Dr. Alves da Veiga. Estas, acabariam por estender-se, mais tarde, até à Rua D. João IV, cuja área lhe era contígua, pelas traseiras e, por aqui, continuariam por muitos anos.
A "Litografia Nacional", nestas instalações junto da rotunda da Boavista viria, anos mais tarde, a ser a "Litografia Lusitana", sita à Praça Mouzinho de Albuquerque, nº 197 (na Rua Particular Meneses Russell, 197) e, que, até ao final da década de 80 do século XX, ainda era propriedade dos descendentes - a família Russel de Sousa.
Entretanto, uma "Real Tipografia e Litografia Lusitana", que tinha sido fundada, em 1865, por Apolino da Costa Reis, em 1885, já se tinha tornado na firma "Reis & Monteiro" e ficava na antiga Rua D. Fernando, depois, Rua da Bolsa. Em 1941, viria a ser adquirida por Inácio Alberto de Sousa, que a junta à sua "Litografia Nacional", e o património daí resultante, em 1947, permaneceria na rotunda da Boavista com a nova designação de "Litografia Lusitana", em local que já vinha sendo ocupado desde os anos 20 do século XX.
Julho de 1932
O negócio litográfico e tipográfico teve durante o regime do Estado Novo (1933-1974) um notável desenvolvimento, para o qual contribuiria a política de propaganda de António Ferro, o ideólogo do regime (SPN e SNI), que se apoiava muito pela mensagem através do cartaz. Eram épocas também, em que o regime, na mesma senda, incentivava as grandes empresas a apoiar socialmente os seus operários.
A "Litografia Nacional" do Porto e a "Litografia de Portugal de Lisboa, na "Exposição de Artes Decorativas" no Palácio Foz, em Lisboa no ano de 1949
Ignacio Alberto de Sousa (1874-1948), que veio a ser comendador, casou com Ângela Maria Bandeira Russell e desta teve dois filhos, dos quais o primogénito, António Russel de Sousa (1897-1969). Foi Presidente da Comissão Concelhia do Porto da "União Nacional", Procurador à Câmara Corporativa (II Legislatura), Presidente do "Grémio Nacional dos Industriais de Litografia e Fotogravura", Presidente da Comissão Municipal de Assistência do Porto, comendador, financeiro e industrial gráfico.
Em 1935, tinha sido já apresentado um requerimento dirigido à Câmara do Porto, por "Ignacio A. de Sousa e Filho", proprietários da "Litografia Nacional", solicitando que lhes fosse feita a vedação, arruamento e iluminação do terreno do antigo Bairro Xavier da Mota, um bairro operário que lhes tinha sido cedido, destinado a habitação para os seus operários, como prémio anual do trabalho, situado no Monte Pedral. A finalização da segunda fase de construção do bairro habitacional destinado aos funcionários da Litografia Nacional, ocorreria em 1956.
Exemplo de cartazes impressos pela "Litografia Nacional" de 1934 , 1935 e os dois últimos de 1936
Em 1976, a "Litografia Lusitana" estava ainda nas mãos do comendador António Russel de Sousa (neto de João Inácio de Sousa) que, depois da sua morte, a deixará à sua filha Maria Gabriela Dias de Almeida Russel de Sousa. A gestão da empresa passaria então a ser executada pelo marido de Maria Gabriela Russel de Sousa, o Dr. Fernando Adolfo Rocha Martins Barbosa que, em finais da década de oitenta, a acabará por vender a um grupo estrangeiro.
Fachada da "Litografia Lusitana"
Em 1998, a "Litografia Nacional, S.A.", é absorvida pela "Higifarma, SGPS, S.A.".
A "Higifarma, SGPS, S.A." tinha conseguido o objetivo da formação de um grande cartel empresarial na cartonagem e embalagens. Empresas como a "Lifresca S.A.", a "Etiforma Lda", a "José Henriques Lda", a "Eurembal Lda", a "Laboplaste Lda", as Packigráfica/Empreza do Bolhão S.A., a "Litográfica do Sul S.A.", a "Litografia Nacional S.A.", a "Unipromo, Noripex, Blister SA", a "Nova Proemba" e a "Eurodisplay" englobavam assim a ""Higifarma, SGPS, S.A.".
A "Litografia Nacional, S.A." foi dissolvida e liquidada em 2017.
Nota: o texto deste artigo foi baseado noutro, da autoria de Américo Conceição e Simão Gomes, proprietários do blog "Porto de Antanho", a quem agradeço desde já.
fotos in: Hemeroteca Digital de Lisboa, Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca Nacional Digital, Porto de Antanho
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