Restos de Colecção: Casa Mello Abreu

12 de maio de 2021

Casa Mello Abreu

A "Casa Mello Abreu - Armazém de Musica, Pianos e Outros Instrumentos", foi fundada em 1853 em Cima do Muro, 240 (tendo sido transferida, mais tarde, para Cancella Velha, 11-27), na cidade do Porto, por Jose de Mello Abreu. A par desta loja foi criado, pelo mesmo, o "Salão Mello Abreu" ficando como propriedade do armazém de pianos - a mais antiga casa comercial de pianos da cidade do Porto. Este Salão foi palco de diversos concertos organizados pelo regente Bernardo Moreira de Sá assim como audições de alunos, na época vulgarmente denominadas de "ensaios" ou "exercícios" de alunos. 


No jornal "A Tradição" de 14 de Abril de 1914

A elipse desenhada indica a loja onde terá funcionado a "Casa Mello Abreu"

Este estabelecimento vendia, alugava e consertava orgãos-harmonios e pianos das marcas "Pleyel", "Erard", Steinway" e "Bord", assim como «Concertinas, Harmoniflutes, Orgãos, Caixas de Musica, differentes instrumentos para bandas marciaes e objectos correspondentes».

3 de Janeiro de 1860

8 de Abril de 1861



12 de Maio de 1888


22 de Novembro de 1889

No final do século XIX assiste-se à fundação da "Sociedade de Quartetos" (1874), "Sociedade de Música de Câmara" (1883) e "Orpheon Portuense" (1881) por Bernardo Moreira de Sá (1853-1924), - violinista, regente, pedagogo, promotor musical, musicógrafo, fundador e primeiro director do "Conservatório de Música do Porto" em 1917 e discípulo do violinista Joseph Joachim (1831-1907) - e ainda a Sociedade dos Concertos Sinfónicos por Raymundo de Macedo (1910).


3 de Setembro de 1897

A proliferação de lojas de instrumentos, a edição e venda de partituras e um número considerável de músicos que até à fundação do "Conservatório de Música do Porto" se dedicavam ao ensino musical privado, sendo o piano o instrumento eleito. Presente nas reuniões da sociedade da época, conforme relata a pianista Helena Sá e Costa: «tocar piano era um hábito, fazia parte da educação e muitos talentos se revelaram». 

O ensino particular de piano dava continuidade à tradição de aulas individuais semanais, culminando com apresentações públicas de alunos e professores em diversos espaços da cidade, na sua maioria salões associados às lojas de instrumentos (Centro Musical e Salão Bechstein, Sala Moreira de Sá, Casa Mello Abreu, Salão Beethoven, Salão Orfeo), mas também no Salão Nobre do Centro Commercial, no Clube Fenianos Portuense e Ateneu Comercial entre outros. Óscar da Silva, Raymundo de Macedo, Luiz Costa, Ernesto Maia, José Cassagne , estão entre os mais destacados pianistas e professores da época. Maioritariamente formados em Lisboa e na Alemanha, fizeram parte da geração que impulsionou a abertura do "Conservatório de Música do Porto", cujo primeiro corpo docente viriam a integrar em 1917.


Em 1 de Janeiro de 1903, no "Annuaire des artistes et de l'enseignement dramatique et musical"


Em 1 de Janeiro de 1905, no "Annuaire des artistes et de l'enseignement dramatique et musical"


Em 1 de Abril de 1909 no "Annuaire des artistes et de l'enseignement dramatique et musical"

Não consegui encontrar nenhuma referência a uma "Casa Mello Abreu" no Brasil, mas ... aquando dum concerto de uma sinfonia composta por Vianna da Motta, no Theatro Lyrico do Rio de Janeiro, José de Mello Abreu editou a mesma para ser oferecida a seus amigos de S. Paulo, em 1908, em nome dos editores "Chiafarelli e Mello Abreu - Casa Beethoven" de São Paulo. 

Viria a encontrar nas minhas pesquisas, uma factura deste estabelecimento, do mesmo ano de 1908 e que passo a publicar de seguida.

Se alguém me conseguir elucidar acerca desta «Casa Beethoven e Antiga Casa Mello Abreu», no Brasil ( com sucursais em São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro) fico grato. 

Entretanto, e pelo que está impresso na lateral da carta que publico a seguir, pode-se retirar que a "Casa Moreira de Sá", à data, era sócia-gerente da "Casa Mello Abreu".

Pelo papel de carta anterior pode-se retirar que a "Casa Moreira de Sá", à data, era sócia-gerente da "Casa Mello Abreu".

Por morte de Jose de Mello Abreu, ficou a viúva a tomar conta do negócio sob a designação de "Jose de Mello Abreu (Viuva)". Este estabelecimento terá encerrado definitivamente nos finais dos anos 20 do século XX.

1911


18 de Março de 1913

27 de Maio de 1918

14 de Janeiro de 1918

fotos in:  Hemeroteca Digital de LisboaArquivo Municipal de LisboaBiblioteca Nacional Digital, Arquivo Municipal do Porto

2 comentários:

JF disse...

Fabuloso.

Cumprimentos, de um cidadão Portuense.

José Leite disse...

Grato pela sua amabilidade
Cumprimentos
José Leite