Restos de Colecção: Mobil Oil Portuguesa

1 de junho de 2014

Mobil Oil Portuguesa

A “Mobil Oil Portuguesa”, subsidiária da norte-americana “Mobil”, foi, até ao ano 2000, a empresa mais antiga a operar em Portugal. A sua actividade, no nosso país, remonta em 1896 quando se instalou em Portugal sob a primitiva designação “Vacuum Oil Company, Inc.”, fundada em 1866 por Matthew Ewing e Bond Hiram Everest, de Rochester, em New York.

Edifício-sede na Rua Castilho, em Lisboa

Resultado de diversas fusões entre a “Vacuum Oil Company, Inc.” com outras congéneres, foi mudando de designação, como aconteceu com a fusão desta empresa com a americana “Standard Oil”, de que resultou a “Socony-Vacuum Corporation”, permanecendo assim até 1931, ano em que passa a designar-se “Socony Mobil Oil Company”.

A partir de 1963, passa a designar-se como “Mobilgas” - em Portugal “Mobilgás” - e pouco tempo depois, apenas como “Mobil”.

          

Em Portugal, após a primeira designação com que aqui apareceu, “Vacuum Oil Company”, passou para “Socony-Vacuum Oil Company”, em 1941. Depois passa a “Socony Vacuum Portuguesa” em 1952 e finalmente, em 1955, adoptou a actual designação de “Mobill Oil Portuguesa”.

Sede da “Vacuum Oil Company” e mais tarde da “Mobil Oil Portuguesa” até 1971, na Rua da Horta Sêca

                                               1926                                                                              1927

         

1928

   

Desde os seus primeiros anos de actividade em Portugal que apoiou as provas desportivas automobilistas aqui realizadas, e edita também as suas primeiras cartas itinerárias do País bem assim como o primeiro Guia do Automobilista Português. Entre 1920 e 1928, a “Vacuum Oil Company” ficou largamente conhecida, pois instalou, por sua própria conta, milhares de sinais de trânsito nas estradas portuguesas.

                              1927                                                                         Vila Real de Santo António

 

Primeiros sinais de trânsito e patrocinados pela “Vacuum Oil Company”

Placas de Sinalização

Colaborando activamente com diversos organismos e organizações em Portugal, - “ACP - Automóvel Clube de Portugal”, “Diário de Notícias”, “CSV - Conselho Superior de Viação” - principalmente em 1928 ano em que, a 1 de Junho, se fez a inversão do sentido de marcha nas nossas estradas, da esquerda para a direita, tendo o “Diário de Notícias” publicado um anúncio de primeira página, durante uma semana, a “Vacuum” ter instalado milhares de panos de lona onde se podia ler “PELA DIREITA”, e o “CSV” ter enviado cartas a todos os padres e curas do País, para que estes elucidassem e avisassem os paroquianos que o transito passava a ser feito pela direita e não pela esquerda, como até então.

1 de Junho de 1928

A “Mobil Oil Portuguesa” foi também a primeira a fazer a distribuição de petróleo a granel em barris de madeira, utilizando carros de tracção animal, a que se chamavam «galeras». Em 1924  inicia em Portugal a distribuição de produtos por carro-tanque.

Entretanto, já em 1910 tinham começado a ser distribuídos, pela empresa concorrente “The Lisbon Coal and Oil Fuel Company”, combustíveis e lubrificantes com a marca “Shell”. Passados 4 anos instala-se no nosso país a própria “Shell”, com a construção e operação dum parque de armazenagem. Em 1930 a “Lisbon Coal and Oil Fuel Company” muda de nome para “Shell Company of Portugal”.

Depósitos de armazenagens de combustíveis em Lisboa, da “Vacuum Oil Company”

 

Em 1919 é constituída a firma “Costa & Ribeiro”, dedicada à comercialização de combustíveis e que estará na origem da comercialização dos produtos petrolíferos das marcas “Atlantic” e da “BP”, sucessivamente. A actividade da “BP” remonta a 1929 quando é criada em Portugal a “Companhia Portuguesa dos Petróleos Atlantic”. Em 1955 muda para “BP” abrindo o primeiro posto de venda a retalho em 1956.

A “Vacuum Oil Company” foi, também, a primeira a instalar bombas de fornecimento de gasolina auto-medidoras, - com indicativo “Auto-Gazo” - primeiramente manuais e depois eléctricas, bem assim como uma vasta rede de distribuição de combustíveis e lubrificantes para quase todas as finalidades. Foi também através desta empresa que se abasteceram os primeiros aviões a jacto nas suas ligações regulares entre a Europa e a América.

Dois postos da abastecimento com bombas “Auto-Gazo” na Avenida da Liberdade, em 1930 e 1939 respectivamente

  

Stand da “Vacuum Oil Company” no “I Salão Automóvel de Lisboa” em 1925

Abastecimento de um avião “Douglas DC-6  Super Clipper” no Aeroporto de Lisboa

Em 1933 é constituida a “SONAP - Sociedade Nacional de Petróleos” que inicia operações de distribuição. Instala um terminal no Norte do país e instalações industriais nos arredores de Lisboa. Cerca de 40 anos mais tarde a “SONAP” virá a ser integrada na “Petrogal” resultado da onda de nacionalizações em 1975.

Corria o ano de 1935 quando se desencadeia um «guerra de preços» envolvendo as concorrentes, “Vacuum”, “Shell” e “Atlantic”, que só terminaria com a fixação dum preço oficial (superior ao dobro do preço então vigente no mercado), pelo Ministro das Finanças de então, Dr. Oliveira Salazar.

Lista publicada em 1937

Em 28 de Julho de 1937 é fundada a SACOR - Sociedade Anónima de Combustíveis e Óleos Refinados, SARL, passando a ser a primeira empresa petrolífera portuguesa a dominar todo o processo, desde a importação, transporte, refinação e distribuição de produtos petrolíferos.

Presença nos Caminhos de Ferro Portugueses

                                          1953                                                                                         1964

 




Em 20 de Julho de 1956 a “Mobil Oil Portuguesa” inaugura as novas instalações em Cabo Ruivo, junto à refinaria da “Sacor”, para abastecimento de viaturas de transporte de combustíveis, manutenção e armazenagem de todo o tipo de equipamento para fornecimento e distribuição de produtos refinados.

“Mobil Oil Portuguesa” em Cabo Ruivo, junto à refinaria da “Sacor”

 

 

          

 

 

 

 

 

 

 

Presença da “Mobil Oil Portuguesa” na cidade do Porto

1963

 

Terminal de “Gás Mobil” no rio Douro

Mais recentemente, a “Mobil” foi líder na instalação de uma rede de postos de abastecimento no estilo “self-service”, oferecendo aos consumidores uma gama integrada de lubrificantes sintéticos para o automóvel, aviação, marinha e indústria. Foi esta empresa também a primeira a abrir uma “Área de Serviço” em auto-estradas portuguesas, mais concretamente na Mealhada. Nos anos 80 do século XX volta a ser pioneira e lança no nosso mercado a gasolina sem chumbo.

Postos de abastecimento “Mobil”

                               Sobral de Monte Agraço em 1961                                                      Pedrouços em 1957

 

                                      Setúbal em 1957                                                           Ramalhão (Sintra) em 1957

 

                                   Montijo em 1958                                                  Avenida Almirante Gago Coutinho  em 1961

 

Em 1960, a “Mobil Oil Portuguesa” e a “Shell” iniciam a comercialização do gás doméstico e industrial, utilizando o “GPL - gases de petróleo liquefeitos” produzidos na refinaria da “Sacor” em Cabo Ruivo, que tinha arrancado com a produção de GPL em Outubro de 1958, a partir da unidade de “cracking catalítico”. Seguira-se-lhes a “BP” em 1964 e a “Esso” em 1968.

A “Mobil Oil Portuguesa” foi a primeira petrolífera a obter a certificação do “Instituto Português da Qualidade”, em Fevereiro de 2004, garantindo, assim, uma maior credibilidade aos produtos que apresenta nos mercados, nacional e estrangeiro.

No ano 2000 a “BP Portuguesa” compra a “Mobil Oil Portuguesa”, com a qual em 1996 havia estabelecido uma «joint-venture». Desta aquisição ficaram excluídos a marca “Mobil” bem como os negócios de Aviação e Marinha, todos absorvidos pela “Esso Portuguesa”. Alguns meses antes a “Exxon” e a “Mobil” haviam-se fundido, a nível mundial, criando a gigante “ExxonMobil”  inviabilizando a continuação da anterior «joint-venture» entre a “Mobil” e a “BP”.

Nova sede da “Mobil Portuguesa” em construção na Rua Castilho em Lisboa

Em 29 de Julho de 1971 é inaugurada a nova sede da “Mobil Portuguesa”

    

Mais tarde em 2008, a “Galp” assinaria um acordo com a “ExxonMobil” para a compra dos negócios da “Esso” em Portugal e Espanha, e com a italiana “Agip” para aquisição da sua rede de postos de abastecimento, também na Península Ibérica.

fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian, Arquivo Municipal de Lisboa, Hemeroteca Digital, Bic Laranja, Arquelologia Industrial, Biblioteca Nacional Digital, Rua dos Dias que Voam

10 comentários:

Ricardo Duarte disse...

Boa tarde,

Antes de mais gostaria de lhe dar os parabéns pela extrema utilidade que constitui este blogue e que resulta do seu trabalho. Gostaria de lhe perguntar qual a fonte das fotos que anunciam os postos de abastecimento em certas localidades. Julgo que apareciam nas revistas do ACP não?

Cumprimentos,

Ricardo Duarte.

José Leite disse...

Caro Ricardo Duarte

Muito grato pelas suas amáveis palavras em relação ao meu blog.

As fotos, ou antes anúncios publicitários, foram baixados do blog "Rua dos Dias que Voam" indicado no final do artigo em conjunto com outras fontes utilizadas.

Também penso que deveriam ter sido publicados nas revistas do ACP.

Os meus cumprimentos

João Reis disse...

Caro José Leite,

Dou-lhe os Parabéns pela excelente compilação que fez da História da Mobil em Portugal. Como ex-colaborador da Companhia tem para mim um valor muito especial.

Obrigado e Cumprimentos

João Reis

Anónimo disse...

Adorei adorei adorei, como sempre e dou-lhe também os meus parabéns. O estranho é eu ter em mãos um relatório da Caixa de Abono de Família do Pessoal da Socony-Vacuum Oil Company, de 1944 (na cota P-A-3988), o que não bate certo com as suas datas (esta designação deveria ser apenas até 1931). Mistério... Adriano Silva (BPMP)

José Leite disse...

Caro Adriano Silva,

Muito grato pelo seu comentário.

Quanto às datas .... sempre o problema das datações ... :)

Os meus cumprimentos
José Leite

Anónimo disse...

Como estou a escrever uma história sobre as queijadas da Casa do Preto foi excelente ter encontrado aqui um cartaz do posto de combustível da Mobil no Ramalhão que fica muito perto e onde esta casa de queijadas chegou a vender o seu produto. Interessante também foi constatar que a foto deste posto de combustível foi tirada no ano do meu nascimento. Vou aproveitar a fot deste posto para complementar a históiri, fazemndo referênco ao seu blogue.
Vagueando

França disse...

Manuel França

O meu pai, já falecido há muitos anos, foi Administrador da da Mobil Oil: Hercílio da Conceição Gouveia de França. A maioria dos registos da sua passagem pela "Companhia",como se dizia à época, a perderam-se. Gostava de saber onde poderei encontrar e pesquisar exemplares da GAZETA da MOBIL.
PS: Tenho uma imagem de uma bomba de gasolina da Vacuum, uma foto tirada no norte de Angola no ano de 1974

AJOSEFA disse...

Bom Dia

O meu Pai trabalhou toda a sua vida na Mobil Oil Portuguesa em Rossio Ao Sul do Tejo-Abrantes. Morreu já á muitos anos. Acontece que ele sempre me falou de um seguro de vida que existia para todos os trabalhadores.Como poderei eu saber da existência ou não de tal seguro? Obrigado
Nome do meu Pai:- Manuel Lopes

Unknown disse...

Boa noite
Gostei bastante deste resumo histórico que nos enquadra na evolução do abastecimento petrolífero em Portugal. No entanto não vi nenhum referência ao terminal de Leixões, em instalações na cidade com acesso ferroviário, local onde o meu avô trabalhou 26 anos dos quais tem um Certificado de Apreciação da Socony Vacuum Oil Company Incorporated no ano de 1951.
É a primeira vez que faço um comentário porque não tenho facebook nem sigo nenhum blog mas estava interessada em promover uma resenha histórica sobre a presença desta companhia e da vinda do meu avô de propósito de Lisboa para a integrar.
Obrigada pela sua atenção. Se me puder fornecer informação suplementar ficarei agradecida.
Luísa Ramos -

José Leite disse...

Bom dia,

Grato pelo seu comentário.
Não tenho mais nenhuma informação adicional.
Tratou-se apenas de um apontamento histórico, assim como todos os artigos aqui publicados.

Os meus cumprimentos
José Leite