A "Revista Municipal” do 3º trimestre de 1961, e antes da inauguração do “Parque Municipal de Turismo e Campismo de Monsanto”, referia acerca do campismo:
«O campismo como o nome indica,é o acampamento e prática de desportos ao ar livre, vivendo em barracas de lona, ou tendas, ou ainda em roulottes, estas deslocando-se atreladas a automóveis.
Em Portugal são considerados parques de campismo aqueles que apresentam certas condições mínimas; os melhores apetrechados são parques de turismo.
Os estabelecimentos de campismo possuem: lavabos, instalações sanitárias, duches, local para lavagem de roupa e secagem da mesma, bar, venda de víveres, telefone, luz eléctrica, correio, serviço de informações, vigilância, etc.»
Nas fotos seguintes uma roulotte (ou caravana) fabricada pela extinta “Sorefame - Sociedades Reunidas de Fabricações Metálicas Lda.” na Amadora, nos anos 60 do século XX. Nessa altura, o «caravanismo» estava na fase inicial de expansão.
Nesta altura as roulottes além de pesadas eram quentes no Verão, pois os materiais utilizados, - principalmente a carroçaria que era construída em chapa - eram os que existiam na época e não os de hoje muito mais sofisticados e leves à base de fibra de vidro e outros.
Roulotte de 1920 atrelada a um “Rolls Royce” de 1913
1956 1967
Entre 1962 e 1966 os meus pais, também aderiram ao campismo e tínhamos uma roulotte, que estava estacionada, durante o Inverno, no “Parque Municipal de Turismo e Campismo de Monsanto”. Chegámos a entrar no “1º Rali Caravanista Nacional” entre 16 e 18 de Abril de 1965, com partida do Entroncamento, e promovido pelo “CCL - Clube de Campismo de Lisboa” (fundado em 1941) .
Eu e minha mãe no Parque de Campismo de Monsanto em 1963 e no “1º Rali Caravanista Nacional” no Entroncamento
Nas fotos anteriores, o carro do meu pai, era um “Simca” Vedette Beaulieu de 1961.
O “Parque Municipal de Turismo Campismo de Monsanto” foi inaugurado em 27 de Julho de 1961, pelo Presidente da Câmara Municipal de Lisboa General França Borges, e, durante muitos anos, foi considerado um dos melhores da Europa, quer pela sua concepção - em parte devida à equipa dirigida pelo arquitecto Keil do Amaral -, quer pelo seu magnífico enquadramento ambiental, quer pelo conjunto de infra-estruturas de que dispunha.
Fotos do “Parque Municipal de Campismo de Monsanto”
Entrada Parqueamento de Roulottes
Supermercado e Restaurante
Piscina
Tanques para lavar roupa Balneários
O Parque com capacidade para 10.000 pessoas, estava preparado para albergar, inicialmente, 200 roulottes e 200 tendas de campismo.
Tabela de preços à data da inauguração:
4$00 diários, por pessoa (os menores de 10 nada pagavam), com direito a usar todas as instalações do campo
2$50 diários, por automóvel
5$00 diários, por cada roulotte
1$00 a 1$50 diários, por cada motoreta ou motocicleta
1$50 diários, por ligação directa da luz eléctrica a uma roulotte
4$00 diários, pela ligação directa de água a uma roulotte
Todas as taxas incluíam o consumo independentemente do seu volume.
Postal de 1973
Depois de muitos anos encerrado e votado ao abandonado, reabriu, por ocasião da “Expo 98”, no princípio de Maio de 1998.
Após sofrer uma profunda remodelação alargou o nome para “Lisboa Camping”, continuando a oferecer uns magníficos 40 hectares de parque florestal, surgindo acrescentado de equipamentos como 70 bungalows, 171 alvéolos normalizados, um anfiteatro para 400 pessoas, um polidesportivo, um mini-golfe com 18 aparelhos e apresenta uma reabilitação global com níveis de qualidade de 4 estrelas, recuperando o seu lugar de entre os melhores parques de campismo da Europa.
fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian, Arquivo Municipal de Lisboa
3 comentários:
Lindo o Simca, um dos meus carros perferidos dessa época.
Caro JP Ferreira
Esta marca e modelo eu tinha de saber ... :-)
O meu pai foi um bom cliente da desparecida SIMCA
Começou por um Simca Aronde, passando para o Simca Chambord, depois este Beaulieu, ao mesmo tempo um Simca 1000 (em 1966 creio) e terminando com um Simca 1301.
Depois passou para um Citröen «boca de sapo» passando de seguida para a Volvo onde se fidelizou.
Os meus cumprimentos
José Leite
Grande viagem pelo tempo! Muito interessante conhecer parte da história do Camping Lisboa, quantos estarão ainda abandonados por este país fora?
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explora
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