O Theatro Circo de Braga foi projectado pelo arquitecto Moura Coutinho, sendo construído em parte no espaço anteriormente ocupado pelo extinto Convento dos Remédios. As obras iniciaram-se em 1911 e terminaram três anos mais tarde em 1914. A sala principal, de estilo italiano e com uma capacidade de 1500 lugares, estava organizada em estrados para uma fácil adaptação entre os vários tipos de espectáculos. Dada a sua dimensão e arquitectura foi considerado um dos maiores e mais belos teatros de Portugal.
Theatro Circo de Braga
Notícia da inauguração na revista “Ilustração Portugueza”
O seu interior era composto por uma sala de planta circular (circo), com uma lotação de 1200 lugares distribuídos por plateia (446), de coxias longitudinais, e 3 balcões com guardas de ferro forjado sobre colunas de ferro fundido (1º balcão - 110 lugares + 10 camarotes; 2º balcão - 70 lugares + 20 camarotes; e 3º balcão - 28 camarotes). Palco à italiana, com boca de cena em arco ligeiramente abatido. Boca de cena debruada com decoração neo-barroca. Cobertura da sala em cúpula.
Sala de Espectáculos
Em 21 Abril de 1914 o Theatro Circo de Braga é inaugurado com a apresentação da opereta “Rainha das Rosas”, da Companhia de Teatro Éden de Lisboa, sob a direcção de Luiz Galhardo, sendo Palmira Bastos a actriz principal. E no dia seguinte, a 22 Abril, são descerradas duas placas de mármore em homenagem à actriz Palmira Bastos e ao Arquitecto Moura Coutinho, e em 27 Junho do mesmo ano é inaugurado o cinematógrafo com o filme “Aventuras de Catalina”.
Grand Foyer
Entre Agosto de 1919 e Fevereiro de 1920 o Theatro Circo encerra para obras destinadas à transformação da sala de espectáculos, e em 1922 cantou-se pela primeira vez ópera no Teatro Circo. Entre 1918 e 1925 o Theatro Circo é gerido pelo Teatro Sá da Bandeira. Neste período assiste-se a grandes espectáculos, como as óperas “Madame Butterfly” de Puccini e “Aida” de Verdi. É também tempo para revelações artísticas locais, como as estreias do Orfeão de Braga e da Orquestra Sinfónica de Braga. Durante a década de vinte foi criado no imóvel o Salão Nobre.
Grand Foyer Átrio
Na década de trinta, ao teatro, à revista, ao circo, ao cinema mudo e à música junta-se o cinema sonoro. Esta renovada arte marca um ponto de viragem no Theatro Circo. As exibições de filmes de Charlie Chaplin ou de Rudolfo Valentino ou de filmes nacionais como “Minha Noite de Núpcias”, provocam o declínio das então artes tradicionais. No ano de 1933 o Theatro Circo e o Cinema São Geraldo mudam de gerência, que é entregue a José Luís da Costa do Teatro Garrett da Póvoa de Varzim. A Sociedade Dramática Bracarense, em 1935, inicia-se aqui no mundo do espectáculo.
Publicidade de 1932, ao aparelho sonoro “Bauer” instalado no “Teatro-Circo de Braga”
Buffet Sala de Bilhar
Em 21 Abril de 1935 tem lugar as grandes festas comemorativas do 20º aniversário, e em 21 de Abril de 1940 a comemoração das bodas de prata dá-se com um espectáculo em que tomou parte, como tenor, D. Ascenso de Siqueira Freire. Entre os anos de 1943 e 1950 verifica-se o período em que a prosperidade do Teatro Circo atinge o auge, procedendo-se, em conformidade, a grandes obras de beneficiação e embelezamento.
Durante o período do Estado Novo, além das actuações culturais censuradas pelo Estado, o Theatro Circo é utilizado como palco de campanha e acções de propaganda. De salientar o dia 1 de Junho de 1958, quando os espectadores foram “convidados” a assistir da varanda do Salão Nobre à enorme violência exercida pela policia sobre o povo adepto da Oposição Democrática liderada pelo General Humberto Delgado.
Camarim Galeria
fotos in: Histórias por um Canudo
No ano de 1958 o relatório apresentado em Assembleia Geral do Teatro Circo de Braga, testemunha a existência de uma crise, em parte devida à instalação da TV nos cafés. A 5 de Outubro 1974 é inaugurada no Theatro Circo uma sala de cinema «Estúdio», No entanto, a abertura de novas salas de cinema na cidade e a ascensão da televisão em Portugal provocam o declínio económico do Teatro Circo. Na tentativa de recuperar alguma rentabilidade, foi vendido o Café Bristol (café situado na esquina do edifício) a uma instituição bancária, que aí instalou uma agência. Em Julho de 1984 instala-se, em Braga, a CENA, Companhia Profissional de Teatro de Braga, sendo em 1987 celebrado acordo para cedência a esta Companhia de Teatro do espaço do salão nobre do Teatro Circo.
Em 1988 a Câmara Municipal de Braga adquire o edifício do Teatro Circo pelo montante de 300.000 contos (1,5 milhões de euros) e no ano 2000 iniciam-se as obras, dirigidas pelo arquitecto Sérgio Borges, orçadas em 2 milhões e 600 mil contos (13 milhões de euros) que resultam da comparticipação de fundos da União Europeia e do Ministério da Cultura. Sob o referido pojecto foi traçado um plano de requalificação do edifício, que incidiu na recuperação da sua traça original (exteriores e interiores) e na requalificação do Salão Nobre, do Foyer e da sala principal (agora com 899 lugares).
Imagens do Teatro Circo de Braga, actualmente
Foram criadas duas novas salas, uma com 250 lugares e outra de ensaios, uma zona museológica, uma livraria de artes, um restaurante, um café-concerto e bares. A sala principal está dotada para todo tipo de artes realizadas em salas de espectáculos, tais como o teatro, a dança, a música, o cinema, a Ópera, entre outros, possuindo também um dos melhores sistemas de som da Europa.
A reabertura do “novo” Teatro Circo de Braga foi a 27 de Outubro de 2006, com um concerto da orquestra sinfónica Nacional Checa, com obras de Nino Rota sob a direcção de seu sobrinho Marcello Rota.
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