Restos de Colecção: Eleições para a Assembleia Nacional em 1969

6 de junho de 2010

Eleições para a Assembleia Nacional em 1969

As eleições para a Assembleia Nacional, a 26 de Outubro de 1969, foram as primeiras realizadas após a saída do Prof. Dr. António de Oliveira Salazar da Presidência do Conselho, após ser vitimado por um hematoma craniano, que lhe causou danos cerebrais graves, depois de uma queda, quando passava férias no forte de S. António do Estoril. Já era 1º ministro interino o Prof. Dr. Marcelo Caetano.

Decorreram num clima de aparente abertura política, designado por Primavera Marcelista Realizaram-se no dia 26 de Outubro, tendo concorrido quatro listas: União Nacional, Comissão Eleitoral de Unidade Democrática, Comissão Democrática Eleitoral e Comissão Eleitoral Monárquica. Pela 1ª vez as mulheres puderam votar. Eleição para a Assembleia Nacional contou com: 1 809 780 eleitores inscritos, 1.114 846 votantes (61,6%), 694 934 abstenções. A oposição registou 133.101 votos (12%).

União Nacional, foi fundada em 30 de Julho de 1930, constituída para apoiar a criação e a manutenção do regime político que se estabeleceu em Portugal com a aprovação da Constituição de 1933 - o Estado Novo. Deu origem, por simples renomeação em 1970, à Acção Nacional Popular (ANP). UN obtém 986.800 votos (86%) e elege a totalidade dos 120 deputados à Assembleia Nacional.

 

CEUD – Comissão Eleitoral de Unidade Democrática, foi uma formação eleitoral oposicionista que disputou estas eleições nos círculos de Lisboa, Porto e Braga, tendo sido rejeitada pelas autoridades a candidatura por Moçambique. Nesta colónia portuguesa a oposição não chegou a acordo para estabelecer listas unitárias, sobretudo em virtude das disputas entre socialistas e comunistas. A CEUD obtém 5,2% dos votos em Lisboa e obtém 7,8% no Porto. Na totalidade dos 3 distritos que concorreu: 20.654 votos (1,8%)

Além do grupo político liderado por Mário Soares, a Acção Socialista Portuguesa (ASP), as candidaturas da CEUD incluíam ainda algumas personalidades católicas, como Francisco Sousa Tavares e Sophia de Mello Breyner Andresen, e monárquicas, nomeadamente o arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles. A formação da CEUD visava sobretudo chamar a atenção do país para a existência dos socialistas, demarcando-se do Partido Comunista Português.

 

                                         

CDE – Comissão Democrática Eleitoral, foi formada por elementos da oposição democrática ao regime do Estado Novo, para disputar as eleições legislativas de 1969. CDE obtém em Setúbal 34,7% dos votos; em Lisboa, 18,5%; no Porto, 5,1%. Na totalidade dos 19 distritos que concorreu : 111.095 votos (10%).

Personalidades como Pereira de Moura, Lindley Cintra, Jorge Sampaio e Mário Sottomayor Cardia envolveram-se na campanha da CDE de Lisboa, que recorreu a cartazes (com o "slogan" "O Voto do Povo"), sessões públicas (com grande afluência de público) e à divulgação de um programa eleitoral que se evidenciava ao criticar duramente a Guerra Colonial e o próprio fenómeno do colonialismo. A negociação com os movimentos independentistas africanos seria, para a CDE, a via para a paz.

Cortes da censura, limitações à difusão de propaganda e até agressões físicas a candidatos realizadas por elementos da Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE) e da Legião Portuguesa marcaram a campanha da CDE, que não elegeria qualquer deputado no escrutínio realizado no dia 26 de Outubro de 1969.

 

                                           

CEM – Comissão Eleitoral Monárquica, formada em 1969 para concorrer apenas pelo círculo de Lisboa às eleições legislativas para a Assembleia Nacional de 26 de Outubro de 1969, obterá, nesta eleições, apenas 1352 votos, correspondentes a 0,1% do total registado no círculo de Lisboa.

A divisão da direita relativamente à atitude perante a ditadura portuguesa fazia-se sentir no campo monárquico. Embora a maior parte dos monárquicos tenha sido integrada no Estado Novo ou manifestado tolerância para com a política de Salazar, alguns dos fundadores do Integralismo Lusitano, como Almeida Braga e José Hipólito Raposo, criticaram este regime autoritário, e aproximaram-se várias vezes da oposição republicana.

Inaugurada a X Legislatura da Assembleia Nacional, a 25 de Novembro de 1969, vai surgir, a partir de um grupo de 30 deputados, eleitos pela União Nacional, que ficou conhecida pela “Ala Liberal” , de onde sobressaem nomes como, José Pedro Pinto Leite, Sá Carneiro, Mota Amaral, Pinto Balsemão, (estes 4 pela mesma ordem na foto abaixo), Magalhães Mota, Miller Guerra … a 1 de Dezembro de 1969.

                                            

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