Restos de Colecção: Antigas Instituições Financeiras de Portugal

1 de junho de 2010

Antigas Instituições Financeiras de Portugal

A actividade bancária e financeira poder-se-á dizer que começou 1751 , sendo o 1º instituição deste género criada por Marquês de Pombal com o nome de “Junta do Depósito Público de Lisboa”.

A “Junta do Depósito Público de Lisboa” remonta ao "Depósito da Cidade", criado em Lisboa em 1518, com a finalidade de proceder à recolha de objectos ou valores, por ordem da Justiça, e tendo como responsável o "depositário dos juízes da cidade", ou "depositário da cidade", "recebedor dos depósitos de Lisboa" ou, posteriormente, "tesoureiro dos depósitos”.

Na origem da Junta encontra-se, ainda, o Depósito da Corte e Casa da Suplicação, instituído por Carta Régia de 16 de Setembro de 1568 para os depósitos judiciais.
As referências às sucessivas irregularidades dos tesoureiros dos Depósitos da Corte e Cidade, apresentadas ao rei D. José, determinaram a extinção daqueles dois ofícios, tendo sido criada em sua substituição a Junta do Depósito Público de Lisboa em 1751.

Em 1796 foi criada a “Junta de Administração e Arrecadação de Fundos aplicados para os pagamentos de juros” que existiu até 1803 mudando de nome para “Junta da Administração dos Fundos e Juros dos Reaes Emprestimos” em 1821 muda mais uma vez de nome para “Junta dos Juros dos Novos Emprestimos”. Extinta em 1832 foi substituída pela “Comissão Interina da Junta do Credito” que exerceu actividade até 1837 ano em que se transformou na “Junta de Crédito Público”.

Em 10 de Abril de 1876 foi criada a “Caixa Geral de Depósitos”, administrada pela “Junta do Crédito Público” , no período 1876 a 1896. Em 1896 tornou-se autónoma.

                  Caderneta de Depósito de 1884                                 CDI da Junta de Crédito Público em 1942

 

Apesar de Portugal já ter experimentado por 3 vezes a bancarrota - no ano de 1828, e nos períodos 1837-1841, 1850-1856 - em 1892 existiam 44 instituições financeiras. Em Maio de 1891 foi decretada a suspensão da convertibilidade, e em Junho, seguiu-se o abandono do padrão-ouro. Falou-se de bancarrota e o público reagiu em pânico: entre Maio e Setembro de 1891 acorreu aos depósitos bancários e à conversão de notas. O Banco de Portugal ficou sem reservas e outros bancos acabaram por suspender pagamentos. Muitos bancos e casas bancárias faliram ou integraram-se noutras. Em 1901 restaram apenas 27 instituições financeiras e nem todas de portas abertas.

    Cheque de “O Banco Economia Portugueza”, e sua sede na Rua da Prata em no início do Séc. XX

 

Este banco foi fundado em 1897. Fechou na crise de 1925 em que o país mais uma vez esteve à beira da bancarrota, e que veio a propiciar o golpe de estado de 28 de Maio de 1926.

Em 1875 havia em Portugal 51 bancos, 21 do quais regionais, isto é, com sede fora de Lisboa e do Porto. Relativamente a esta “euforia” bancária : «Em 1875 chegou a Portugal a prática malsã da pletora bancária. Num curto período, exactamente de um ano, os estabelecimentos de crédito subiram de 26 para 51. Dir-se-ia que o dinheiro, seduzido por miragens de prosperidade fácil, corria, em marcha alucinada, apenas embrulhado numa única e suprema aspiração: fundar bancos sobre bancos»

Por sua vez, em 1889, o número de bancos havia baixado para 41, sobretudo os sediados em Lisboa e no Porto, dado que o número dos regionais só tinha descido para 18.

Em 1922 e 1923 existiam em Portugal 31 bancos, número que, em 1925, já havia diminuído para 24. Mesmo assim, tratava-se de um número exagerado, face ao evidente atraso do mecanismo económico e à defeituosa máquina bancária. Ainda nos anos 20 do século XX, certas casas bancárias transformaram-se em bancos, alguns dos quais, a partir de então, vieram a desempenhar um papel relevante na história bancária portuguesa, designadamente: Espírito Santos Silva & C.ª (1920); Pinto & Sotto Mayor (1925); Henry Burnay & C.ª (1926).

Não obstante se ter verificado um controle estatal mais rígido, com a Ditadura Militar (1926-1932) e com o Estado Novo (1933-1974), nos anos 30 do século XX o número de casas bancárias e banqueiros ainda ascendia a cerca de meia centena. Porém, pelos meados de 1950, já só havia, em Portugal continental, 18 bancos e 14 casas bancárias.

Para aceder a uma listagem da maioria das instituições bancárias portuguesas desde 1465, em Portugal, tão completa possível, consultar a página com o título “Instituições Bancárias (1465-2011)”, disponível na barra lateral do blogue.

                            Banco Burnay                                                   Cª. Geral do Crédito Predial Portuguez

 

                       Banco Totta Aliança                                                          Crédito Predial Português

                            
Fotos dos bancos in:
Arquivo Fotográfico da CML

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