A "Padaria Ingleza" ou mais oficialmente "English Bakery", foi fundada cerca de Dezembro de 1878, pelo inglês Jonh Broomfield na Travessa do Caes do Tojo, 15, ao Conde Barão em Lisboa. Mantinha igualmente um depósito (ou loja) na Rua Nova do Carmo, 104 e 106. Por essa altura comercializava pão fino, bolos, biscoitos, vinhos, conservas, chás e cafés, etc.
22 de Dezembro de 1878
Em 1898, esta casa já era propriedade da viúva de John Broomfield, Mary Ann Broomfield, ano em que solicita em 28 de Outubro, o registo na Propriedade Industrial das marcas "Padaria Ingleza" e "English Bakery". Este pedido viria a ser aprovado em 14 de Agosto de 1900.
14 de Agosto de 1900
No início do século XX a "Padaria Ingleza, Lda." amplia as suas instalações na Rua do Caes do Tojo (ao Conde Barão) ao prédio vizinho, vindo a ocupar sucessivamente todas as lojas do mesmo. Nelas tinham funcionado os seguintes estabelecimentos: do nº 17 a 21, a estância e madeiras de Adolpho Arbués Ferreira Marques, que coabitava com a fábrica de carpintaria de Bernardino Filho & Ribeiro nos 19 a 21: no nº 25 a estância de carvão de João Coelho & Luiz Coelho.
Instalações da "Padaria Ingleza, Lda.", na já Rua Vasco da Gama (ex-Rua Caes do Tojo) ao Conde Barão
Esta loja foi mencionada por Fernando Pessoa numa carta datada de 2 Agosto de 1920, dirigida à sua amada Ofélia :
Olha: estarei no Conde Barão, mas no recanto da Padaria Ingleza entre as duas horas citadas, que, creio, te serão convenientes» in: Cartas de Amor. Fernando Pessoa - Ática (1994).
Entretanto em 1905 o depósito/loja que a "Padaria Ingleza" mantinha na Rua Nova do Carmo, é trespassada a Joaquim Gonçalves da Costa "Fornecedor da Casa Real". Além de se intitular uma «Casa especial em café, chá, chocolates e outros generos» continuou a comercializar «Bolos, biscoitos e doces de fructas da Padaria Ingleza, vinhos finos, cognacs e licores». Por lá ficou uns anos.
20 de Dezembro de 1905
Em 1907 já era proprietário o capitalista e negociante inglês George Payne, que solicita, em 10 de Julho de 1907 o registo da marca "Broomfield English Bakeries", pedido este que viria a ser recusado em 11 de Agosto de 1908. Esta recusa não o impediu de utilizar a pretendida marca, como poderemos atestar pelos anúncios seguintes ...
Entretanto a "Padaria Ingleza" monta uma loja no Largo de São Julião, 8 e 9 , em Lisboa e que inaugurou por altura do Natal de 1907. A sua fachada e interior foram profundamente alterados, com a mesma em ferro e apresentando vitrais no mesmo estilo, ao nível do 1º piso, tendo seguido o estilo "Art Noveau" sob projecto do arquitecto Claudio Martins (1879-1919). As obras ficaram a cargo do construtor Carlos Mestre Rodrigues.
Lembro que a "Padaria Ingleza" manteve uma filial na cidade do Porto, na Rua da Constituição, inicialmente num pequena loja térrea e nos anos 30 do século XX essa loja viria a ser demolida para dar lugar a um edifício onde a "Padaria Ingleza (filial)" se instalou.
Em 1931 ainda existia e pertencia a António José Antunes, mas já atravessando alguns problemas, sendo executada em dois processos: num processo movido pela empresa "Sociedade de Moagem Carcavelos, Lda." e noutro movido pela "Moagens da Província, Lda.". Viria a declarar falência no ano de 1933.
A loja da "Padaria Ingleza" do Largo de São Julião viria a ser comprada, mais tarde, para filial do "Banco Borges & Irmão", que ao ser adquirido pelo BPI em 1991, se tornaria agência deste. Depois de encerrada por uns anos, esta loja tornou-se na "Loja Lisboa" da Câmara Municipal de Lisboa.
Antigas instalações da "Padaria Ingleza, Lda." na Rua Vasco da Gama ao Conde Barão (ver 3ª foto deste artigo)
fotos in: Hemeroteca Digital de Lisboa, Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca Nacional Digital, Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Garfadas on line
2 comentários:
Caro José Leite
Referindo a primeira foto, nos anos 40/50 pelo menos, onde se vê a English Bakery, era um posto de Recepção e suponho que também de Entrega de encomendas da CP. Na esquina, onde se vê uma loja da Singer era, então, uma loja de ferragens.
Cumprimentos,
João Celorico
Caro João Celorico,
Grato pela informação adicional.
Cumprimentos
José Leite
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