O "Centro Philatelico Portuguez" foi fundado por Faustino Antonio Martins em 1867 - ano da inauguração da estátua a Luiz Vaz de Camões -, na Praça Luiz de Camões, nº 35, em Lisboa. Esta casa nas primeiras décadas da sua existência centrou a sua actividade quase exclusivamente na filatelia, além da venda de tabacos, tendo, alargado a sua actividade ao comércio de postais ilustrados, a partir de 1902.
Faustino Antonio Martins
"Faustino A. Martins" no nº 35, à direita neste postal editado pelo seu concorrente "Tabacaria Costa"
Estátua do poeta Luiz Vaz de Camões (c.1524-1580) inaugurada em 9 de Outubro de 1867 e a loja "Faustino A. Martins" à direita na gravura (primeiro toldo)
Logotipo inicial para postais ilustrados
Em 1 de Julho de 1853 foram colocados à venda os primeiros selos de correio portugueses. Tratava-se dos selos de 5 e 25 réis, com o busto, em perfil, da monarca, D. Maria II, num cunho aberto por Francisco de Borja Freire. O selo de 100 réis foi posto à venda no dia 2 e o de 50 réis só no dia 22 do mesmo mês e ano.
Começavam, de imediato, as publicações especializadas relacionadas com os selos, dedicadas aos seus coleccionadores, e o aparecimento de lojas onde se transaccionavam os mesmos. Álbuns e catálogos foram os primeiros, mas produzidos, editados e impressos no estrangeiro. Foi preciso esperar pelo ano de 1887, para aparecer a primeira publicação periódica, dirigida exlusivamente à filatelia portuguesa: "O Philatelista", orgão do "Centro Philatelico Portuguez", e era, igualmente propriedade de Faustino António Martins. Este pequeno jornal começou a ser publicado em Abril de 1887 em Lisboa. Com irregularidade, publicaram-se 4 séries, até Abril de 1896.
Jornal "O Philatelista". Nº 1 de Abril de 1887
"O Philatelista" no "Catalogue of the philatelic library of the Earl of Crawford, K.T.", publicado pela "The Philatelic Literature Society" de Londres, em 1911 Parte de album de selos de 1901 do "Centro Philatelico Portuguez" de Faustino A. Martins
Quanto às casas comerciais dedicadas à filatelia, em Portugal, eis uma lista divulgada pelo "Catalogue of the philatelic library of the Earl of Crawford, K.T.", publicado pela "The Philatelic Literature Society" de Londres, em 1911:
O Philatelista. Lisboa. Abr. 1887 - Abr. 1896.
Ami du Timbrophile. Lisboa. Fev. - Set. 1888.
Correio Luzitano. Lisboa. Set. 1888 - Mar. 1890.
Portugal Philatelico. Lisboa. Mai. 1893 - Jan. 1894.
Porto Philatelico. Porto. Jul. - Out. 1893.
Internacional. Villa Vicosa. Mar. 1894 - Set. 1897.
Portugal Philatelique. Aveiro. Jan. 1895 - Mai. 1896.
Evora Postal. Evora. Abr. 1895 - Abr. 1896.
Philatelie Portugaise. Lisboa. Jan. 1896 - Fev. 1897.
Philatelista do Occidente. Porto. Jan. 1898 - Jan. 1899.
Porto Philatelico. Porto. Abr. 1898 - Jan. 1902.
Annuncio Philatelico Portuguez. Lisboa. Mai. - Ago. 1898.
Philatelista Luzo-Africano. Porto. Jan. - Maio 1899.
Philatelista Annunciador. Porto. Abr. - Jul. 1900.
Philatelista de Guimaraes. Guimarães. Jun. - Ago. 1900.
Philatelico Aveirense. Aveiro. Jan. - Mar. 1901.
Revista Philatelica Portugueza. Porto. Jan. 1901 - Dec.1904.
Philatelico Elvense. Elvas. Abr. 1901 - Jan. 1902.
Braga Philatelica. Braga. Jul. 1901 -Jul. 1902.
Philatelia. Guimarães. Mai. - Nov. 1902.
Portugal Cartophile et Philatelique. Porto. Jan. 1904.
Portugal Cartophilo e Philatelico. Porto. Fev. 1904 - Nov. 1906.
3 de Dezembro de 1893
14 de Janeiro de 1894
17 de Fevereiro de 1894
O estabelecimento do filatelista Faustino António Martins, como já foi anteriormente mencionado, começou a editar, importar, exportar e vender postais ilustrados, a partir de 1902. As edições apresentam, inscritas, várias designações que a firma teve até cerca de 1916: "F.A. Martins"; "Faustino A. Martins"; "Ed. Martins" ou "Martins Editor"; e finalmente como "Martins & Silva", a partir de 1908 e até ao encerramento da sua loja em 1916. Usou monogramas como FAM ou MS.
1 de Outubro de 1902
A sua produção de bilhetes postais ilustrados retratou a vida publica e oficial da época, bem como aspectos do território, cidades, monumentos e povoações, da sociedade, das actividades económicas e culturais. Como muitos outros editores, cedeu
clichés ou direitos de uso, por acordo ou venda, a colegas, sobretudo, das cidade e vilas da província, e teve a colaboração dos melhores fotógrafos de Lisboa, Porto e de Coimbra, bem como de outros pontos da província e usou clichés cedidos por outros editores.
Todos os seus postais eram numerados por ordem crescente. Ficaram conhecidas as seguintes colecções de postais ilustrados:
"Portugal " e as sub-colecções; "Lisboa"; "Collection Portugaise" e " Collecção Portugueza"; "Collecção Relvas" ; "Nazareth"; "Lisboa Typos das Ruas" e colecções de Costumes entre outras .
Em 1908, aparecia anunciada a nova firma "Martins & Silva", para a edição, venda, importação e exportação de bilhetes postais ilustrados. A sociedade foi constituída com a entrada de Guilherme Marcello da Silva, como sócio de Faustino Martins.
1908
Ainda de referir que o primeiro postal da Nazareth, e que publico de seguida, foi editado pelo próprio Faustino António Martins e trata-se de um postal que mostra "ao ar livre, de pé, sobre uma banca de madeira um pescador a leiloar um congruo ou safio", tendo este sido reeditado com a legenda "Praia da Nazareth" ao invés do seu original cuja legenda é iniciada por "Costumes Portuguezes" e que se encontra reproduzido sob o nº 1404 no livro "Portugal no 1º quartel do seculo XX documentado pelo bilhete postal ilustrado". (este parágrafo foi baseado em texto publicado no site "Postais da Nazaré").
1915
A firma "Martins & Silva" encerrou, definitivamente, no primeiro semestre de 1917. Quanto à loja que ocupava no nº 35 foi alugada, a partir de 1 de Julho de 1917, pelo seu vizinho de sempre, a mercearia e armazém de víveres "José Affonso Vianna & C.ª " dos irmãos Carlos Affonso e José Affonso Vianna, que já ocupava as portas 33 e 34, desde 1862. Quanto à porta 36, tornou-se na tabacaria e lotarias "Casa Araújo". Nas portas 37, 38 e 39 funcionava o armador e estofador "Castanheiro & C.ª " dos irmãos Florindo e Bernardino Castanheiro, desde 1880.
O vizinho "José Affonso Vianna & C.ª ", em anúncio de 1908
O armazém de víveres "José Afonso Viana" e a tabacaria "Casa Araújo", em foto de 1961
6 comentários:
Filatelista como sou, desde os meus 9 anos, gostei bastante do poste.
Pena é que de tantas lojas filatélicas, drasticamente, elas tenham fechado quase todas. Só me lembro, de porta aberta: do Molder, na rua 1º de Dezembro, o Mercado Filatélico na rua do Crucifixo e outra na rua do Carmo.
Os melhores cumprimentos e votos de um bom Domingo!
Obrigado e igualmente para si.
Cumprimentos
Excelente trabalho de memoria sobre FA Martins !!
Cumprimentos
Muito grato pela sua avaliação.
Cumprimentos
Muito obrigado por esta preciosa informação que me permitiu chegar ao F. A. M. que editou alguns postais de Odemira com clichés de Francisco António Protásio. Sabe , por acaso, como funcionavam estes contratos entre o editor e os fotógrafos, amadores, neste caso de Odemira?
Cumprimentos
Não faço a mínima ideia do que me pergunta.
Cumprimentos
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