A Galeria "UP" foi inaugurada em 6 de Março de 1933, rua Serpa Pinto, 28-30, em Lisboa. Foi fruto da sociedade, constituída em Dezembro de 1932, por António Pedro (1909-1966) e António Júlio de Castro Fernandes (1903-1975), e o seu projecto de arquitectura e decoração ficou a cargo do arquitecto Jorge de Almeida Segurado (1898-1990).
António Pedro nasceu na cidade da Praia, Cabo Verde, em 1909. Foi artista plástico, crítico de arte, encenador, escritor, jornalista, poeta, novelista, escultor, dramaturgo.
Expôs regularmente a partir de 1930, individualmente e em grupo, em Portugal, Londres, Paris, Rio de Janeiro e São Paulo. O seu percurso artístico foi igualmente distinguido em várias exposições retrospectivas ou antológicas. Subscreveu o "Manifeste du dimensionniste" (Paris, 1934), foi co-fundador e membro do "Grupo Surrealista de Lisboa" em 1947 e participou na "1.ª Exposição Surrealista" em 1949, e coorganizou o "1.º Salão dos Independentes" em 1930 em Lisboa.
A Galeria "UP" foi a primeira galeria de arte comercial e privada em Portugal, tendo sido inaugurada em 6 de Março de 1933. Ergueu-se como forma de reação ao regime político em vigor e à falta de liberdade artística, bem como à escassez de apoios e locais de exposição, providenciando suporte a artistas nacionais e estrangeiros que viviam em Portugal.
Constituída em Dezembro de 1932 por António Pedro e António Castro Fernandes, a "UP" esteve em atividade durante três anos. Em Junho de 1934 com a saída de Castro Fernandes da sociedade, entra Thomaz de Mello (1906-1990) - conhecido por "Tom" -, artista gráfico e caricaturista, com estilo modernista O espaço disponibilizava serviços de tipografia, tabacaria (Revistas e Jornais), livraria, galeria de arte, e artigos para decoração. A Galeria "UP" e o "Salão Bobone" do fotógrafo Augusto Bobone (1825-1910) coexistiram na mesma rua Serpa Pinto.
Thomaz de Mello (1906-1990)
"Salão Bobone" em 15 de Janeiro de 1929
Galeria "UP", no edifíco da mui conhecida "Photographia Vasques" aqui instalada desde 1907
Numa primeira fase, a Galeria "UP" esteve associada ao "Movimento Nacional Sindicalista", com a impressão e publicação de manifestos do político conservador e monárquico Rolão Preto, e obras como o texto da conferência "Direcção Única" de Almada Negreiros (1893-1970), que se incompatibilizara com as propostas do "SPN.- Secretariado da Propaganda Nacional" (1933-1945) Os seus dirigentes revelavam-se bastante ecléticos, chegando também a imprimir catálogos para a "SNBA - Sociedade Nacional de Belas Artes" (cat. UP, 1933). Distinguiu-se por iniciativas como a publicação de uma revista – a revista "UP", «de divulgação e cultura de bom gosto», de que apenas foram publicados dois números, o primeiro, de 25 de Dezembro de 1933, com capa de Almada Negreiros.
Maio de 1933
Mais tarde, surgiriam os cinco números da revista "Cartaz", de Fevereiro a Outubro de 1936. A galeria apoiou a carreira de vários artistas, mantendo obras em consignação como Almada Negreiros, Jorge Barradas, Ofélia Marques, Bernardo Marques, Mário Eloy, Carlos Botelho, Sarah Afonso, Abel Manta, Diogo de Macedo, Hein Semke, Emanuel Altberg e Gameiro. Mais tarde, em 1935, realizou uma sucessão de exposições individuais – de Álvaro Perdigão, Carlos Botelho (1932), Tom (1933), Jorge Barradas (1935), Javier Aracena (1935), Pamela Boden, Arpad Szenes e Maria Helena Vieira da Silva (1935).
Como foi referido anteriormente, a Galeria "UP" teve vida curta, tendo encerrado no final de 1935.
No seu lugar um antiquário, nos anos 60 do século XX. O edifício já contava com mais um piso
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