A "Casa Gouveia Machado", foi fundada em 1914, pelo afinador de pianos Guilherme Gouveia Machado, na Rua de S. José 152, em Lisboa. No início além da reparação e afinações de pianos, comercializava, músicas, pianos, pianolas, orgãos, harmónios, instrumentos de corda e acessórios.
Antiga "Casa Gouveia Machado", na Rua de S. José, já como "VS - Instrumentos Musicais"
Gouveia Machado abriria em 1954, uma discoteca da "Casa Gouveia Machado", na Avenida de Roma, em Lisboa. Em 1968, trespassaria à firma de ferragens de Campo de Ourique "R. Santos Moreira, Lda.", que a manteve no mesmo ramo da música, mudando o nome para "Sinfonia". Ainda hoje funciona como discoteca, papelaria e livraria.
"Sinfonia" actualmente
No início dos anos 60 do século XX, já seu filho, António Gouveia Machado geria, juntamente com seu pai, a "Casa Gouveia Machado", tendo iniciado a importação exclusiva das guitarras eléctricas "Eko", numa altura em que Portugal assistia ao boom da música rock. Era a alternativa mais popular às grandes guitarras americanas, que apareciam por cá em pequenas quantidades, já que o mercado nacional era reduzido, pois que tinham uma variedade enorme de modelos e de preços.
15 de Outubro de 1968 na revista "Plateia"
Quanto a António Bacelar Gouveia e a sua "Casa Gouveia Machado", nada melhor que transcrever uma síntese de dois apontamentos de Daniel Bacelar, em 9 de Dezembro de 2008, aquando do falecimento de Gouveia Machado em 3 de Dezembro do mesmo ano, em Miami, no belíssimo blog "IÉ-IÉ" de Luís Pinheiro de Almeida:
Nota: Daniel Bacelar foi apelidado de primeiro rocker português «e a expressão tem razão de ser. Quando em 1960 um EP de quatro canções chamado "Caloiros da Canção" anunciava a nova era, dois nomes novos dividiam as canções: duas eram pelos Conchas; as outras duas dele, e por ele, Daniel Bacelar» in: IÉ-IÉ. Faleceu em 29 de Setembro de 2017.
Este Homem, foi mais que pai para toda aquela rapaziada roqueira, cheia ilusões e aspirações, facilitando sempre tudo vendendo o seu material a prestações a perder de vista, acompanhando tudo com aquele seu sorriso (como se pode ver na fotografia em que me encontro ao seu lado e rodeados pelos Shadows quando da sua única actuação com Cliff Richard no saudoso Império)
Gouveia Machado era o representante da Fender para Portugal, por isso recebeu a visita na sua loja na Rua de S. José destes famosos músicos e grandes idolos da juventude daquela época.
Não me envergonho em dizer que neste momento é com dificuldade que retenho as lágrimas, pois este Homem, era um verdadeiro amigo do seu amigo, nunca o interesse comercial ficou acima de tantos e tantos músicos que se equiparam somente porque a sua amizade pelas pessoas não conhecia limites.
O Quinteto Académico, como tantos outros grupos, deve-lhe muito. Sabia da nossa pretensão de termos sempre as últimas novidades.
O Sr. Gouveia Machado (assim o tratámos sempre, com a veneração inerente aos nossos 19 ou 20 anos) aceitava o material anterior (nunca muito usado) e facilitava os pagamentos do novo, lisonjeando-nos o ego dizendo: "Levem, que convosco não tenho problemas: em dois bailes pagam-me isto."
A "Casa Gouveia Machado", encerraria definitivamente em 1976. Reabriria pelas mãos dum antigo funcionário Victor Silva, com a designação de "VS Instrumentos Musicais". Como já foi referido, António Gouveia Machado foi viver para o Brasil e mais tarde para Maimi, onde faleceria em 9 de Dezembro de 2008.
A casa "VS Instrumentos Musicais", também já não existe desde 2020.
fotos in: Hemeroteca Digital de Lisboa, IÉ-IÉ, Ilustração Portuguesa
Sem comentários:
Enviar um comentário