A "Joalharia Lory", propriedade da firma "Joaquim J. Lory", foi fundada em 1902 na Praça D. Pedro IV (Rossio), 40 em Lisboa, pelo ourives Joaquim Justino Lory, tendo sido um dos mais importantes estabelecimentos na seu género. Foi ocupar as antigas instalações da "Chapellaria Roxo".
"Chapellaria Roxo" (futura "Joalharia Lory"), dentro da elipse desenhada
Já havia muitos anos que o pai de Joaquim Lory era proprietário de grandes oficinas de ourivesaria e joalharia que forneciam as casa comerciais que se dedicavam a esse ramo.
No "Almanaque Palhares" de 1904
Em 1903 a "Joalharia Lory", como outras ourivesarias, casa de câmbio, foram alvo de uma quadrilha de gatunos espanhola, que a revista "A Paródia", de 24 de Setembro de 1903, dava conta ...
Pouco tempo depois, é formada a firma "J. Lory & C.ª", formada por Joaquim Justino Lory e seu irmão Carlos Lory, que passa a ser a proprietária da loja e oficinas, instaladas no 2º andar do mesmo edifício nº 40.
Na revista "Construcção Moderna" de 5 de Agosto de 1912 e gravura do interior da "Joalharia Lory" em "A Capital"
Em Agosto de 1916 o jornal "A Capital", descrevia a actividade da "Joalharia Lory" ...
«Os objectos sahidos das officinas Lory eram requintadamente artisticos de uma solidez e elegancia inexcediveis, e, indubitavelmente, impunha-se a abertura de um estabelecimento que os mostrasse ao publico e onde se vendessem. Effectivamente Joaquim Lory, sendo o sucessor de seu pae, que ha cerca de trinta annos trabalhava n'essa delicada industria, correspondeu com a sua admiravel iniciativa a esta necessidade, abrindo este estabelecimento, que se tornou um verdadeiro acontecimento, não só pelo bom gosto e variedade de objectos que apresenta, como ainda pela elegancia que havia presidido aos trabalhos de installação.»
Joaquim Lory tinha trabalhado nas principais ourivesarias parisienses, sendo uma delas a "Maison Savard", na rua S. Gilles e que empregava, então, cerca de 600 operários, tendo-se «ahi feito o insigne artista que é e que sem favor se reconhece.»
«Podemos affirmar, sem o receio de um desmentido, que o fabrico da casa Lory rivalisa com o que do melhor, de mais perfeito, e de mais caprichoso se encontra nas grandes cidades europeias. Tem sempre as mais recentes novidades em joias, pratas e relogios, possuindo desenhos interessantissimospara montagem e transformações de joias.»
1926
Em 1915, a "Joalharia Lory" concorreu a um concurso aberto pelo Governo Português, para a venda de uma grande quantidade de platina existente na "Casa da Moeda", «os industriaes Lory adquiriram essa platina pela importância de 43 contos, para o que apresentaram uma proposta superior em 13 contos á dos concorrentes.»
E, "A Capital" ao terminar o artigo ... «O seu pessoal é habilissimo, sendo parte dos seus technicos e dos seus desenhadores de nacionalidade estrangeira que com os artifices nacionaes apresentam essa delicadissima industria tão cheia de arte e deslumbramento.»
Em 30 de Julho de 1929, esta joalharia seria alvo, e desta vez com sucesso, de um assalto perpetrado a partir do soalho da loja. Desta vez, a revista "Sempre Fixe" relatava, em tom jucoso, o sucedido ...
O julgamento dos dois assaltantes, em 23 de Janeiro de 1931
Em 1949, a "Joalharia Lory" já era representante da famosa marca francesa de joalharia "Boucheron", fundada em Paris em 1858.
1949
A "Joalharia Lory" terá encerrado definitivamente, no início da década de 60 do século XX. Na foto seguinte, datada de Março de 1965, já um estabelecimento de souvenirs estava no seu lugar. No 2º andar mantinham-se os néons da oficina ... mas creio que também já teriam encerrado.
fotos in: Hemeroteca Digital de Lisboa, Biblioteca Nacional Digital, Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian, Arquivo Nacional da Torre do Tombo
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