O "Grande Hotel Guadiana", propriedade do industrial conserveiro Manuel Ramirez, foi inaugurado na Avenida da República, em Vila Real de Santo António a 21 de Março de 1926. O seu projecto ficou a cargo do arquitecto Ernesto Korrodi (1870-1944) e datado de 1918, com a designação inicial de "Hotel de Turismo".
Para a construção do hotel, demoliu-se a cooperativa de pescas de dois andares planeada pelo Marquês de Pombal. E porque pelo Marquês? ... Vide o excerto que publico a seguir, sobre o nascimento de Vila Real de Santo António, assim como o postal que indica o edifício em questão.
Com o título "Algarve tem desde ontem um grande hotel", o jornal "Diario de Lisbôa" noticiava em 22 de Março de 1926 a inauguração:
«Foi ontem inaugurado, em Vila Real de Santo António, um explendido hotel, que representa, além dum grande melhoramento, uma altíssima realização de beleza e de arte, digna de ser admirada não só por todos os algarvioa, como por todos os turistas.
Notícia da inauguração na revista "Ilustração Portuguesa" de 16 de Abril de 1926
O Grande Hotel Guadiana é, sem favor, um dos nossos mais confortaveis hoteis. Tem três andares, belos quartos, com lavatorios fixos e agua encanada, bastantes casas de banho com agua quente e fria. Todos os quartos têm janelas, donde se disfruta uma linda vista do mar. É uma obra que honra o seu proprietarios sr. Manuel Ramirez, a quem os habitantes de Vila Real prestaram uma justa e merecida homenagem.
Para comemorar a inauguração do Grande Hotel do Guadiana, foi oferecido um banquete aos representantes dos jornais de Lisboa e de Sevilha. Ao "toast", usaram da palavra, para enaltecer a obra do sr. Manuel Ramirez, os srs. Roldan e Pego; Manuel de Sousa Coutinho, que demonstrou a necessidade de se repararem as nossas estradas para assim atraírmos os turistas; (...) Jorge Noronha de Oliveira, consul de Portugal em Sevilha, que afirmou que a inauguração do Grande Hotel Guadiana o veiu tirar de embaraços, quando qualquer espanhol lhe perguntava onde havia um hotel bom.»
A gerência do hotel foi entregue ao hoteleiro alemão Conrad Wissmann (1859-1947). Devido à participação de Portugal na Primeira Grande Guerra Mundial (1914-1918), Conrad Wissmann foi expulso do país e todos os seus bens, que incluíam 5 hotéis, foram confiscados pelo governo português que os administrou ruinosamente. No início do século XX o “Grand Hotel Central” era sua propriedade que foi membro honorário da “Sociedade de Propaganda de Portugal”. Era, também, proprietário e gerente do “Grande Hotel da Curia”, coadjuvado por seus sobrinhos hoteleiros no “Grand Hotel do Bussaco”, e também proprietário do “Grande Hotel Avenida”, em Vila do Conde.
Após o final da Guerra, Conrad regressou a Portugal sem que lhe fossem devolvidos seus bens e arrendou ao Estado o "Grande Hotel da Curia" que fora seu. Terá sido Ernesto Korrodi (responsável pela ampliação deste hotel iniciada em 1925) que o recomendou a Manuel Ramirez, que não tinha experiência hoteleira para gerir esta nova unidade hoteleira.
Segundo notícia do jornal "Correio do Sul" de 24 de Julho de 1927 o "Grande Hotel Guadiana", com os seus 50 quartos, já se encontrava em pleno funcionamento assim como o seu sucursal o Casino-Restaurante "Peninsular" em Monte Gordo. Este Casino viria a dar lugar ao "Casino Oceano" em 1934.
Casino - Restaurante "Peninsular" de Monte Gordo
Segundo o guia "Hoteis e Pensões de Portugal" de 1939, a seguinte referência ao "Grande Hotel Guadiana" :
«O melhor e o mais confortável do Sul do País. Hotel de primeira ordem, em edifício construído para êsse fim. Situado na Avenida marginal do Rio Guadiana e defronte de Ayamonte (Espanha). Quartos com todo o confôrto moderno, tendo alguns com quarto de banho privativo. Quarto de banho em todos os andares, com água quente e fria. Descontos especiais para Famílias, Hóspedes permanentes e viajantes comerciais. Director: C. Wissmann
Almoço: 12$50
Jantar: 15$00
Diária: Minimum: 25$00 Maximum: 60$00»
O mesmo guia referia a outra oferta hoteleira em Vila Real de Santo António:
"Estalagem 5 de Outubro"
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