O actual “Colégio Académico”, tem origem no Colégio “O Académico” fundado em 1926, na Rua Nova do Almada, 53-3º pelo Padre Dr. Avelino Simões de Figueiredo e pelo Capitão João Pedro da Silva, ministrando instrução primária, cursos liceais e línguas. Um ano depois, em 1928, já se tinha mudado para a Praça D. Pedro IV (Rossio), com entrada pela Rua dos Correeiros, 327, sendo um «Instituto de ensino para ambos os sexos» com aulas diurnas e nocturnas.
Entretanto, já em Setembro de 1849 já tinha existido um Colégio com uma denominação quase igual, e cujo anúncio publicitário publico de seguida.
Entretanto, em 1904, D. Anna Roussel tinha encomendado ao arquitecto Alvaro Augusto Machado (1874-1944) o projecto para um palacete a ser construído no gaveto da, então, Avenida Ressano Garcia (actual Avenida da República) com a Avenida Duque d’Avila, em Lisboa, para aí instalar um colégio feminino para ensino primário feminino, a que viria a chamar “Collegio Anna Roussel”, do qual a a mesma viria a ser directora. Teve como co-fundador o Major João Pereira da Silva.
Major João Pereira da Silva, um dos fundadores
Foto gentilmente cedida pelo actual Diretor: Duarte Sucena Paiva
O edifício apalaçado a construir iria albergar 50 alunas, maioritariamente em regime de internato. A clientela deste colégio correspondia a famílias que procuravam um ensino de qualidade superior para as suas filhas e que não queriam colocá-las em escolas públicas.
A revista “A Construcção Moderna” de 10 de Maio de 1904 publicava os desenhos do projecto do edifício, da autoria do arquitecto Alvaro Machado, e a sua memória descritiva, que passo a transcrever:
«Este edifício que occupa a area de 666 m2 deve ser construído no angulo norte do lado poente formado pelas Avenidas Ressano Garcia e Duque d’Avila e é destinado a um estabelecimento de
educação para creanças do sexo feminino e a comportar 50 alumnas internas.
Compõe-se- de três partes perfeitamente distinctas para o regular funccionamento de serviços escolares : A primeira installada no rez-do-chão comprehende todos os serviços domésticos, como cosinha, deposito de roupas, casa de engommados, quartos de creados, arrecadações, lavandaria e recreio-abrigo ; a segunda no primeiro andar, contem
aulas, refeitório, cópa, salas de recepção, gabinetes de estudo e retretes ; a terceira no segundo andar, dormitorios das alumnas, das professoras e da directora, lavatórios, retretes e banhos.
Todos esses pavimentos tem as alturas precisas, como se vê pelos córtes e cumprem todos os requisitos hygienicos que exigem edifícios d'esta natureza.
A entrada do pateo pela Avenida Ressano Garcia, dá accesso ás dependencias destinadas aos serviços domésticos, que como acima se diz, são instalados no rez-do-chão e que é asstm distribuído :
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um vestíbulo coberto contêm as retretes dos creados, a pia de despejos e duas entradas, uma directamente para a cosinha e outra para o corredor, que dá ingresso aos quartos dos creados, arrecadações, casa de engommados, banho dos serviçaes, etc Parte deste pavimento é completamente aberto e destina-se para recreio-abrigo das creanças, havendo mais dois quartos, com serventia independente, destinados aos creados.
A entrada principal está na bissectriz do angulo formado pelas duas Avenidas acima referidas. No seu vestíbulo existem duas portas, uma no lado direito e outra no esquerdo que communicam respectivamente com a escada principal que dá accesso aos pavimentos superiores e com o vestiário das alumnas externas. No jardim do primeiro andar encontram-se três portas que dão entrada para a sala de visitas, salão de festas e para as aulas. Esta communicação é só destinada ás alumnas externas.
Na parede que separa o salão de festas da sala de dança, existe uma grande abertura destinada a permittir um proscênio, quando se deseje transformar estes salões num pequeno theatro. N’este pavimento encontram-se ainda gabinetes
para estudo de vários instrumentos musicaes.
O refeitório é servido pela copa onde estão montados elevadores que conduzem da cosinha installada no pavimento inferior, as comidas e louças. Neste pavimento existe a unica dependencia do edifício que é destinado a deposito de roupas, que não tem luz directa mas que a recebe duma grande abertura feita no tabique que separa esta casa do gabinete de estudo.
A meio do grande corredor são construídas as retretes que serão installadas com todas as precauções aconselhadas pela hygiene. Uma escada exterior põe em communicação este pavimento com o
jardim que tem a superfície de 540 m2 e que é destinado para recreio das alumnas.
No segundo andar completamente isolado da parte occupada pelas educandas, estão os aposentos da directora e familia.
A parte restante do pavimento é constituída pelos dormitorios para 5 o internatos, os quartos das professoras com as competentes vigias para que
possam exercer a vigilância necessária e por dependências destinadas a lavatórios, retretes, etc. Os lavatórios serão completamente ladrilhados e conterão lambriz de azulejo com dois metros de
altura. As retretes serão perfeitamente eguaes ás do pavimento inferior. Além da escada principal haverá uma outra, illuminada lateralmente como a primeira e destinada ao serviço exclusivamente interior; por ella servir-se-hão as alumnas internas, professoras, creados e demais pessoal, de fórma que a escada principal fica sómente para serviço das educandas e visitas do collegio.»
Exterior da entrada e vestíbulo
Salão de festas
A sua construção, que decorreu entre 1905 e 1906, ficou a cargo dos construtores civis e industriais “Vieillard & Touzet”. Os trabalhos de serralharia forma executados pela firma "Cardoso, Dargent & C.ª". Os trabalhos de cantaria e escultura ficaram a cargo da firma "Antonio Moreira Rato & Filhos.". Os azulejos da autoria do mestre Jose Antonio Jorge Pinto.
O “Collegio Anna Roussel”, daria lugar ao “Colegio Inglêz” que, por sua vez, viria a ser substituído pela “Escola Minerva” - fundada em 1920 na Praça José Fontana, em Lisboa - no ano lectivo de 1931/1932 inaugurado em 2 de Outubro de 1931.
29 de Setembro de 1928 2 de Outubro de 1931
27 de Outubro de 1931
Entre 1932 e 1934, são alterados os vãos do piso térreo para aluguer a estabelecimentos comerciais, segundo projecto do arquitecto Álvaro Machado.
Voltando ao Colégio “O Académico”, que como foi referido no início foi fundado em 1926, na Rua Nova do Almada, em Lisboa, viria a mudar de instalações, pela primeira vez, para a Praça D. Pedro IV (Rossio) com entrada pela Rua dos Correeiros.
Um dos fundadores de “O Académico”, o Padre Avelino Simões de Figueiredo (1877- ?)
6 de Outubro de 1927 8 de Outubro de 1930
À esquerda na foto da Rua Nova do Almada, o prédio onde no 3º andar seria fundado “O Académico” e na foto da direita, e dentro da elipse desenhada, “O Académico” já em novas instalações
“O Académico” no Rossio
Prédio onde funcionou a filial do Colégio “O Académico” no 1º andar do nº 86 da Rua de S. José (prédio junto aos automóveis). Nestas fotos já com a “Associação de Beneficência Luiz Braille” lá instalada
O Colégio “O Académico”, que já mantinha em 1930 uma filial na Rua de S. José, viria a mudar, mais uma vez, de instalações em 1932, para a Rua Álvaro Coutinho, no Bairro dos Anjos, até então ocupadas pelo “Collegio Francês”, que tinha sido fundado, nestas instalações em 1896 e posteriormente remodelado em 1930.
O edifício do “Collegio Francês” na Rua Álvaro Coutinho que viria a ser ocupado pelo Colégio “O Académico”
Em 1935, Colégio “O Académico” mudar-se-ia, e definitivamente, para o palacete da Avenida da República, até então, ocupado pela “Escola Minerva” (até ao final do ano lectivo de 1933/1934), iniciando, aqui, a sua actividade logo no ano lectivo 1935/1936. A secção masculina manter-se-ia no edifício da Rua Álvaro Coutinho, aos Anjos, até 1975.
1 de Outubro de 1931 - “Collegio Francês” ainda no edifício da Rua Alvaro Coutinho
Último ano lectivo (1933/1934) da “Escola Minerva” na Avenida da República, em anúncio de 28 de Setembro de 1933
Fotos dos interiores do Colégio “O Académico” na Avenida da República
Em 1938, o Colégio “O Académico” na Rua Álvaro Coutinho era dirigido pelos padres Avelino de Figueiredo e Sousa Monteiro, e pelo Major Simões Silva, e reunia um excelente leque de professores, alguns impedidos de exercer no ensino oficial, como Newton de Macedo (afastado da universidade) e Berta Mendes (a Bá), mulher do escritor Manuel Mendes.
“O Académico” em 24 de Junho de 1939 inauguraria, nas instalações da secção feminina na Avenida da República, uma exposição anual de trabalhos dos alunos, onde expôs pela primeira vez. A imprensa referiu-se-lhe especialmente:
«(…) de entre os desenhos, destaca-se a exposição de caricaturas do aluno Dias Coelho» (“O Século”, de 25 de Junho); «Dias Coelho, sem dúvida a maior revelação desta exposição (…). O seu lápis tem qualquer coisa de verídico. (…) grande sucesso lhe está reservado no futuro.» (“Diário de Notícias” de 30 de Junho).
Cadernos escolares e anúncio publicitário em 1972
Com a cedência do edifício da Rua Álvaro Coutinho, nos Anjos, ao Estado em 1975, o Colégio “O Académico” - sito na Avenida da República - e que entretanto adoptara o nome de "O Novo Académico", passou a ser misto.
Em 1981, o Colégio retomou a sua antiga designação (sem o artigo “O”) para “Colégio Académico", e …
«Com paralelismo pedagógico desde 1978 e autonomia pedagógica a partir de 1987, ao longo dos seus anos de existência, tem provas dadas quanto à qualidade de ensino que ministra e orgulha-se de ser responsável pela educação de muitos cidadãos portugueses.»
O “Colégio Académico” ministra os 2º e 3º ciclos de ensino, com a direcção a cargo de Duarte Sucena Paiva.
No passado dia 9 de Janeiro de 2018, foi aberto processo de classificação do seu edifício como “IM - Interesse Municipal”, conforme despacho da directora-geral do Património Cultural.
fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Revista “A Construcção Moderna”, Colégio Académico
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