A casa de câmbios e venda de lotarias “Cambista Testa”, foi fundada em 1883 pelo membro republicano da elite financeira lisboeta José Rodrigues Testa, na Rua do Arsenal, nº 78 em Lisboa. Estaria “à testa” do seu negócio por vinte e seis anos, já que faleceria em 14 de Janeiro de 1909.
“Cambista Testa” em 1966
Muito próximo do “Cambista Testa”, nos números 56-64, um concorrente “de respeito” o cambista “Antonio Ignacio da Fonseca”, casa fundada em 1866.
10 de Julho de 1883
A primeira referência publicitária ao “Cambista Testa”, a que tive acesso, data de 22 de Junho de 1893. Os negócios faziam-se em réis (câmbios, títulos de crédito) e a sorte tentava-se na lotaria também em réis.
O “Cambista Testa” dentro da elipse desenhada e anúncio de 22 de Junho de 1893
Entretanto em 1897, o “Cambista Testa” abria a sua filial na Rua dos Capellistas, 136-140 em Lisboa.
Em 26 de Abril de 1900 o jornal "Folha de Lisboa" noticiava e publicitava:
«Acaba de ser brindado pela Santa Casa da Misericordia de Lisboa, o feliz cambista Testa, da rua dos Capellistas, 136 e 140, e rua do Arsenal, 78, com a bonita cifra de vinte contos de réis.
Este honrado cambista não querendo de modo algum arrecadar nos seus cofres tão importante quantia deliberou distribuil-a pelos seus numerosos freguezes, e foi assim que todos aquelles que tiveram a fortuna de possuir o nº 2725 se encontraram de um momento para o outro com as algibeiras cheias de bellas notas do banco.
Como este nosso amigo tivesse recebido aviso de que no dia 25 lhe mandavam nova remessa de 12 contos de réis, participa-o por este modo, e os que desejarem serem contemplados com cem mil réis, pelo menos, corram a comprar uma cautella da firma d'este feliz cambista.
Nós, pelo sim pelo não, vamos tratar de mandar comprar uma cautella. Emquanto ha vento é que se molha a véla.»
15 de Abril de 1900
E realmente o “Cambista Testa” era bafejado pela sorte, já que em 1 de Novembro do mesmo ano de 1900, nova notícia no mesmo jornal “A Folha de Lisboa”, e pelos mesmos motivos:
«Lá foi outra vez parar á casa d'este feliz cambista a sorte grande da loteria do dia 31 de outubro.
Nada menos que 12:000$000 foram distribuidos pelos frequentadores de tão acreditado estabelecimento.
Escusado será dizer que já ali se encontra á venda bilhetes e cautelas para a loteria do Natal, e que se espera dar a sorte grande.»
1908
Mas não foi só nos jornais que este cambista foi referido. No livro “Contos y Narrativo do Insólito” de Afonso Henriques Ferreira pode-se ler a seguinte passagem:
«Amâncio travou a charola. à montra do Cambista Testa parámos. Amâncio sabia do vício do meu avô: cinquenta anos a jogar o mesmo número. Um bilhete inteiro que o cambista, metódicamente, lhe enviava pelo correio. Se ganhou prémio chorudo nunca se soube, nem a minha avó se dera conta. Abancámos num boteco ao lado do cambista:
-Alguma vez jogou no Testa?
-Joguei. »
Após a morte do seu fundador José Rodrigues Testa, em 14 de Janeiro de 1909, a casa “Cambista Testa” mudou de proprietários por diversas vezes como os anúncios publicitários que a seguir publico o comprovam. Em 1913 pertencia à firma “António Duarte Xavier, Lda.” e em 1931 já era propriedade da firma “Castelo & Diniz, Lda.”. Actualmente pertence á firma “Casa Testa - Comércio de Lotarias e Numismática, Unipessoal, Lda.”.
1913
1931
E “Se quer festa …” , em 24 de Dezembro de 1959
Em 1966, inaugura as renovadas instalações da Rua do Arsenal, sob o traço do arquitecto Francisco da Conceição Silva (1922-1982).
“Casa Testa”, actualmente
fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian (Estúdio Mário Novais), Hemeroteca Municipal de Lisboa, Arquivo Municipal de Lisboa
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