O “Cine Belgica”, localizado na Rua da Beneficência,175 do “Bairro da Belgica” (ao Rego), em Lisboa, com capacidade para 538 espectadores, abriu as suas portas em 25 de Julho de 1928. Foi mandado construir, por Gustavo Fernandes Pereira da Costa a partir de um barracão velho, sob a responsabilidade do construtor civil Domingos Pinto.
Planta Programação de 25 a 29 de Maio de 1929
24 de Dezembro de 1929
De referir que o “Bairro da Belgica”, localizado entre a Rua da Beneficência e a Estrada das Laranjeiras, também conhecido como “Bairro das Minhocas” ao Rego, viria a ser demolido por volta de 1940.
Conhecido por “Belgica-Cinema” a partir de 1931, viria a ser adaptado ao cinema sonoro de pois de em Janeiro de 1932, e depois de obras de beneficiação, ser instalada uma aparelhagem de reprodução sonora da marca “RCA Photophone”, que permitiria a exibição de filme sonoro.
27 de Fevereiro de 1932
Em 1937 o "Cinema Bélgica" passa a ser propriedade da nova empresa "Fragoso Fernandes, Lda.", altura em que são efectuadas melhoramentos significativos quanto ao conforto, comodidade e segurança na sala de projecção.
Em 1948, a propriedade seria passada a uma nova empresa de seu nome "António Brito & Costa, Lda." e em 31 de Dezembro de 1968 encerraria como "Cinema Bélgica" com a projecção do filme "A Ilha dos Delfins Azuis", para reabrir em 2 de Janeiro de 1969 como "Cinema Universitário" com a projecção do filme "Adeus Gringo". Esta sala de cinema viria ater uma programação criteriosa digna de um cineclube.
Com a nova designação de "Cinema Universal", reabre em 12 de Outubro de 1974 estreando o filme “Sambizanga”, passando a a ser explorado pela empresa distribuidora de filmes "Animatógrafo", sob a direcção do realizador e produtos António da Cunha Teles, tornando-se numa espécie de "templo" para filmes "revolucionários". Com a falência da empresa exploradora viria a encerrar definitivamente como sala de cinema em 12 de Outubro de 1977.
7 de Janeiro de 1977 Notícia de 12 de Outubro de 1977
Em 18 de Dezembro de 1980, reabriria como sala de espectáculos ao vivo sob a designação de “Rock Rendez-Vous”, com a actuação de Rui Veloso. O proprietário desta sala era Mário Guia, baterista de um grupo dos anos 60 do século XX chamado “Ekos”. Para entrar nesta sala era preciso pagar a módica quantia de 300 escudos com direito a música e 200 escudos sem música, mas com direito a parte do consumo.
Considerado um dos mais importantes espaços da música Rock em Portugal durante os anos 80 do século XX, durante 10 anos, o “Rock Rendez Vous” acolheu e lançou músicos e bandas como Xutos e Pontapés, UHF, Jafumega, GNR, Sitiados, Mão Morta, Peste & Sida, Táxi, Heróis do Mar, Radar Kadafi, Pop Dell'Arte, Ritual Tejo, Ornatos Violeta e tantos outros. The Chameleons, Echo & The Bunnymen e Teardrop Explodes foram também alguns dos nomes internacionais que passaram por esta sala de espectáculos, até ao seu encerramento definitivo em 27 de Julho de 1990.
O edifício seria demolido e no seu lugar construído um outro de habitação e em cuja loja alberga o Café chamado “Galão 2”, filial do conhecido “Galão” situado em Santo Amaro. Este Café mantém uma certa mística do local através de fotografias que contam a história do “Cine Bélgica”, “Cinema Universal” e do “Rock Rendez Vous”.
fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Rock em Portugal, Toxicidades
3 comentários:
Desconhecia !
Muito interessante.
Frequentei o Cinema Universal durante algum tempo. Há filmes que lá vi e de que não posso esquecer-me. Ex: a terra prometida, de Miguel Littin. Desconhecia o resto da história do edifício, aliás só soube da existência do Rck rendez vous recentemente. Nessa época não estive em Portugal. Gostei de saber. Obrigada aos autores do blog
FATAL eu vi alguns filmes nesse local ainda como cine belgica em 1966 o filme que recordo que vi foi Mundo Cao e Uma Viagem Fantastica
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