O "Crédit Franco-Portugais" foi criado em 27 de Fevereiro de 1895, pelo banco francês "Crédit Lyonnais" - fundado por Henri Germain em 1863 - com sede na Rua da Conceição com a Rua dos Sapateiros e Rua Augusta. Abriria uma agência no Porto, em 16 de Agosto de 1897, na esquina da Rua Sá da Bandeira com a Rua Dom Pedro.
Edifício-sede do “Crédit Franco-Portuguais”
O prestígio que o “Crédit Lyonnais”, instalado em Lisboa desde 12 de Janeiro de 1893, gozava no território português, e as suas afinidades com os sucessivos governos foram elementos fundamentais para a aprovação final da abertura da primeira agência, assinada por Henri Germain, em 27 de Dezembro de 1892, tendo a sua administração sido entregue a Eugène de Véricourt.
Dois anúncios, de 1893, do “Credit Lyonnais” no jornal “Folha de Lisboa”
1898
Cheque ainda em Réis
Os primeiros anos de actividade foram de alguma instabilidade, reflexo de alterações fiscais impostas por Decreto de 3 de Junho de 1894, cujas deliberações determinavam um aumento significativo dos impostos das filiais de empresas estrangeiras presentes em Portugal, com a base tributável a recair na proporção do capital da empresa-mãe. Em consequência, e querendo manter a sua representação em Portugal, o “Crédit Lyonnais”, mudou a sua nomenclatura para “Crédit Franco-Portuguais”, obtendo a respectiva autorização por parte do governo português em 27 de Fevereiro de 1895.
O período pós I Guerra Mundial, foi favorável às operações do "Crédit Franco-Portugais", tendo sido lucrativo ao longo dos anos 20 do século XX, altura em que as instalações do Porto foram ampliadas, no contexto da construção da Avenida dos Aliados. Em Portugal o "Crédit Franco-Portugais" desenvolvia as suas operações, que incluíam descontos, adiantamentos sobre títulos, operações cambiais e alugueres de cofres para valores.
1914
Conta Corrente do futuro 7º Presidente da República Portuguesa (entre 1923 e 1925), Manuel Teixeira Gomes
Foram seus presidentes durante a I República Auguste Cellérier, que esteve no cargo entre 1902 e 1917, e James Rossilli, que assumiu este cargo entre 1917 e 1930.
No que concerne à expansão dos balcões em Portugal, a cidade de Lisboa registou um aumento de agências durante os anos 60 do século XX. De referir as agências do Areeiro, Marquês de Pombal, Duque de Ávila e Restelo. As restantes a nível nacional localizaram-se no Porto, na Avenida dos Aliados, e em Matosinhos na Rua Brito Capelo.
Interior do edifício-sede na Rua da Conceição com a Rua dos Sapateiros e Rua Augusta, em Lisboa
Na onda das nacionalizações de Março de 1975, o "Crédit Franco-Portugais" - a exemplo dos "Bank Of London & South America" e o "Banco do Brasil" - permaneceu na iniciativa privada. No início da década de 80 do século XX abririam as agências de Queluz de Baixo, Cascais ambas em 1982, Campo Alegre/Boavista no Porto em 1984, Alvalade e Amoreiras em Lisboa em 1986, e nos distritos de Aveiro, Braga e Santarém em 1987.
Viria a manter a sua actividade em Portugal até 1989, com a sua designação própria. A partir deste ano de 1989, adoptaria a designação da casa-mãe, "Crédit Lyonnais Portugal", continuando a funcionar na nova sede construída em 1984 na Rua Camilo Castelo Branco.
Antigo edifício-sede do "Crédit Lyonnais Portugal", na Rua Camilo Castelo Branco, hoje propriedade da EDP
O "Crédit Lyonnais Portugal", nunca desempenharia um papel importante no panorama bancário português, embora tivesse aumentado, em 1990, a sua rede de agências no país, e instalado uma sucursal no offshore da Madeira, em 1991.
Agência do “Crédit Franco-Portugais”, na Rua Duarte Pacheco Pereira, em Lisboa
O "Crédit Lyonnais" abriu falência em 1993 e seria comprado pelo "Crédit Agricole", ficando as agências portuguesas a serem geridas pelo "BBVA - Banco Bilbau Viscaya Argentaria", que em 2000 adquire o capital do "Credit Lyonnais Portugal", que não era detido pelo "Credit Lyonnais Europe".
fotos in: Hemeroteca Digital, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian, APCPV
5 comentários:
Lonje vai o tempo em que eu com 14 anos entrei para esta casa, saído da velha Escola Francesa, no Pátio do Tijolo ( junto à rua D. Pedro V) devido ao falecimento de meu pai e não haver meios para continuar a estudar.
Naquela casa trabalhei em vários serviços desde paquete (andar a entregar cartas e papéis dentro do banco) durante 43 anos tendo-me reformado com 57 anos como sub-diretor de um departamento.
Hoje com 80 anos quando passo na Rua da Conceição ou no Marquês de Pombal recordo com nostalgia a minha vida e os colegas com quem privei uns ainda vivinhos, como eu, outros que à muito partiram.
António de Sousa
Caro bloguer,
Por lapso indica que as duas últimas fotografias retratam a sucursal da Duque de Ávila. Estou em crer que se trata da sucursal do Restelo, na Rua Duarte Pacheco Pereira.
Cumprimentos
AM
Caro AM
Muito obrigado pela correcção.
Baseei-me na legenda da Biblioteca de Arte da FCG ...
Já procedi à devida correcção.
Os meus cumprimentos
José Leite
Caríssimo,
Começo por agradecer partilha do artigo.
Estou a fazer um breve estudo sobre o edifício da Camilo Castelo Branco e não consigo encontrar fotos do interior para ver como era o átrio e zona de atendimento ao publico.
Questiono se por acaso tem alguma coisa ou saberá onde poderei encontrar.
obrigada
Marta falcão
Boa tarde,
Se não for a Biblioteca de Arte da FCG ou Arquivo da Torre do Tombo ... não estou a ver onde poderá obter essas fotos. Isto se conseguir ...
Os meus cumprimentos
José Leite
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