Restos de Colecção: A Pátria - Sociedade Alentejana de Seguros

28 de outubro de 2015

A Pátria - Sociedade Alentejana de Seguros

" A Pátria - Sociedade Alentejana de Seguros", - inicialmente denominada "Sociedade Alemtejana de Seguros" - foi fundada em 27 de Novembro de 1915, em Évora, com um capital social de 50 contos com a finalidade de «efectuar seguros contra fogo, risco marítimo e em geral contra riscos de qualquer espécie e natureza». Conforme consta do “Livro de Actas”, da sua comissão organizadora e executiva: «nascida no coração do Alentejo, visa principalmente, servir, sob os princípios da previdência, a vasta e rica província de que Évora daí que a sua principal vocação inicial tivessem sido os seguros ligados aos ramos agrícolas».

           

Com 200 acções, o máximo permitido legalmente, ficaram: D. Inácia Angélica Fernandes Ramalho de Barahona, João Lopes Aleixo, Joaquim Simões, José António Fernandes Potes, José Rebolado Formozinho, José Joaquim de Oliveira e Júlio Rodolfo Fernandes Potes. José Gomes Severino arrebata 150, Alfredo Augusto Cunhal Júnior 110 e Luís Sangremann Proença 105. É este grupo de homens, entre os quais se notam alguns republicanos, que constituirão o núcleo duro de um total de 837 accionistas, na sua maioria lavradores, grandes proprietários fundiários, comerciantes e industrias da região alentejana. Só em 1926, "A Pátria" realizou 420 contos de capital social e chegou, no ano seguinte, aos 500 contos a que se propusera realizar em 1916.

De referir que antes desta seguradora ser fundada, já existiam em Évora, e todas na Rua de Aviz, agências das seguintes seguradoras: “Portugal”, “Portuense”, “Portugal Previdente” e “La Union e Fénix Espanhola” .

1931

Desde logo, a “Sociedade Alemtejana de Seguros”, com sede na Praça de Giraldo, 24-25, em Évora,  e com vocação principal para seguros da lavoura, tentou, através de negociações com outras seguradoras, centralizar o seguro agrícola em Évora. Não o conseguiu, rejeitando integrar um consórcio que entretanto se tinha formado, na altura, por 13 companhias, para explorar este ramo.

"A Pátria" arrancou a sua actividade com filiais em Lisboa (Rua Augusta), Porto e Elvas. Em 1924 criou 80 novas agências no Norte do país, numa tentativa de alargar a sua rede de implantação, ao mesmo tempo que estabeleceu em Évora, Montemor-o-Novo, Lisboa, e noutros pontos do país, postos médicos para os seus segurados de forma a reduzir as suas despesas.

Até 1926 a esmagadora atividade desta seguradora centrou-se no ramo “Agrícola”, destacando-se os riscos cobertos sobre searas de trigo, de aveia e de cevada, sobre arvoredo (sobreiros) e sobre máquinas. Na actividade intermédia fazia seguros sobre palhas, cortiça, centeio, pastagem, feno, fava, lenhas, etc.

Filial de “A Pátria” num 1º andar da Rua Augusta, em Lisboa, em foto de 18 de Fevereiro de 1957, aquando da visita da Rainha Isabel II de Inglaterra a Portugal

 

 

A distribuição geográfica dos segurados no ramo “Agrícola” apesar da sua predominância ser no distrito de Évora, estendia-se, por ordem da sua importância, aos distritos de Beja, Portalegre, Leiria, Santarém, Castelo Branco, Coimbra, Faro Funchal e Viseu.

A partir de 1920, além do ramo “Agrícola”, a “A Pátria - Sociedade Alentejana de Seguros” estendeu a sua actividade ao efectuar seguros de transportes sobre barcos e mercadorias, sobre a propriedade urbana, furto e roubo e cristal.

Em 1926 quando adquiriu a “Europa” - Companhia de Seguros, "A Pátria" apresentava já uma estrutura mais diversificada das receitas. Em 1929 e no conjunto, o ramo "Automóvel" representava tanto como o ramo "Agrícola" (30%), os quais eram seguidos pelo "Incêndio" (17%), "Desastres de Trabalho" (11%), "Responsabilidade Civil" (8%) e "Vida" (4,5%).

Comemorações das bodas de prata de “A Patria”

1941

 
gentilmente cedidos por Carlos Caria

Em 18 de Outubro de 1952 adquire o "Palácio Barahona" em Évora, onde instalaria a sua sede

Ao longo dos anos 60 do século XX, "A Pátria" beneficiou do crescimento económico do país, traduzindo-se no regular crescimento das suas receitas que, em 1970, ultrapassava os 50.000 contos. Contudo, os resultados financeiros e o crescimento no activo até 1973, expressavam sobretudo a valorização da sua carteira de títulos, distribuídos por bancos e obrigações do Estado, na sua quase totalidade, e nas vésperas de 25 de Abril de 1974 a sua carteira de activos valia 480.000 contos.

          

A evolução dos acontecimentos pós 25 de Abril de 1974, afectou profundamente esta seguradora, fruto, também, da estreita ligação de “A Pátria” ao “Banco da Agricultura” (fundado em 1928) do qual era accionista de referência, desde 1962.

Em 31 de Dezembro de 1979, ”A Pátria” - Sociedade Alentejana de Seguros”, desparece, por decreto-lei, resultado da fusão entre a “Mundial Confiança” e “A Pátria”, mantendo nome de “Mundial Confiança”.

fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian, Arquivo Municipal de Lisboa, Chapas Clube Chapas

2 comentários:

Anónimo disse...

Adorei esta página e até referi o V. site na minha catalogação, uma vez que não tinha a data de fundação nem a data final da companhia. Tenho muitos relatórios e contas desta companhia na cota P-A-5883, na BPMP. Obrigado de novo, A.

MC disse...

Bom dia
gostaria de fazer uma correcção ao v. artigo sobre a Companhia de Seguros "A Pátria" - Companhia Alentejana de Seguros. O nome da primeira accionista está, erradamente, como Inácio Fernandes Ramalho Barahona, mas tratava-se, de facto, de uma senhora: D. Inácia Angélica Fernandes Ramalho de Barahona. Agradeço a correcção.
Se tiver informação sobre os administradores da Companhia de Seguros em questão, agradecia que me indicasse onde a posso encontrar.
Os meus cumprimentos
Maria do Carmo Caldeira