O “Ascensor da Gloria” mais conhecido por “Elevador da Glória” que liga a Avenida da Liberdade à Rua de São Pedro de Alcântara, através da Calçada da Glória, foi projectado pelo engenheiro Raoul Mesnier du Ponsard, e Inaugurado em 24 de Outubro de 1885.
“Ascensor da Gloria” na sua inauguração
Términus, na Avenida da Liberdade, junto ao animatographo “Salão Central”
Calçada da Glória e terminus na Rua de São Pedro de Alcântara
Notícia da inauguração do “Diario Illustrado”
Notícia na revista “Occidente” de 11 de Novembro de 1885
Este ascensor do tipo funicular, foi o segundo de uma série de cinco a serem construídos pela “Nova Companhia dos Ascensores Mechanicos de Lisboa” fundada em 1882, e todos da autoria do engenheiro portuense Raoul Mesnier du Ponsard (1848-1914). O primeiro a ser construído tinha sido o “Ascensor do Lavra”, e inaugurado em 19 de Abril de 1884, e os que seguiram seriam os seguintes: “Ascensor da Gloria” , inaugurado em 24 de Outubro de 1885; “Ascensor Camões-Estrella”, inaugurado em 14 de Agosto de 1890; “Ascensor da Bica”, inaugurado em 28 de Junho de 1892; “Ascensor da Graça”, inaugurado em 27 de Fevereiro de 1893; “Ascensor de São Sebastião”, inaugurado em 15 de Janeiro de 1899. Elevadores não do tipo funiculares, seriam construídos os seguintes: “Elevador de São Julião”, também conhecido por “Ascensor Municipio-Bibliotheca”, inaugurado em 12 de Janeiro de 1897 e o “Elevador de Santa Justa-Carmo” inaugurado em 10 de Julho de 1902.
O engenheiro portuense, de origem francesa, Raoul Mesnier du Ponsard, ficou amplamente conhecido pela construção de todos os outros elevadores em Lisboa, assim como de outros funiculares em vários pontos do país como : “Elevador do Bom Jesus”, em Braga; ”Funicular dos Guindais”, primeira versão, no Porto; “Comboio do Monte”, no Funchal; “Elevador da Nazaré”, na Nazaré.
Raoul Mesnier du Ponsard (1849-1914)
As unidades do “Ascensor da Gloria” eram construídos em mogno, além de possuir dois pisos, sendo que uma das particularidades únicas do ascensor residia no facto de os dois longos bancos corridos colocados em cada um deles se encontrarem, de costas voltadas para a rua, no piso inferior, e de frente para a rua, no superior (ao qual se acedia por escada em caracol situada na plataforma), possibilitando, deste modo, a quem o utilizasse, uma maior opção de visão relativamente à paisagem envolvente, ao mesmo tempo que proporcionava um tipo de contacto social assaz diferenciado.
Quanto ao mecanismo de funcionamento, ele consistia no sistema de cremalheira e cabo por contrapeso de água, ou seja, os dois carros, interligados por cabos, continham reservatórios de água que se esvaziavam assim que chegavam aos Restauradores, para serem enchidos na Rua da Misericórdia. Uma especificidade que condicionava o seu andamento com maior frequência do que a, certamente, desejada pelos seus utilizadores, uma vez que os constantes cortes no abastecimento de água em Lisboa obrigavam à sua interrupção. Foi, precisamente, este contratempo que motivou a substituição do sistema original, optando-se por comprar à reconhecida firma alemã “Maschinenfabrick” (Esslingen) uma máquina a vapor para movimentação do cabo, até que, em 1912, em plena “Primeira República”, o novo contrato de concessão do elevador com a autarquia permitiu a electrificação da linha, após firmar acordo com a “Lisbon Electric Tramways Limited”.
Em 1914, iniciaram-se as obras para a electrificação das linhas dos três ascensores, sendo o fornecimento de energia assegurado pela “Central Eléctrica de Santos”, propriedade da “Carris”. Os trabalhos prolongaram-se por mais de um ano. Os novos carros pesavam cerca de 10 toneladas e funcionavam por meio de dois motores eléctricos de 25 cavalos cada, ligados em série, de modo que só se podiam pôr em andamento com a manobra conjunta dos seus guarda-freios, bastando, contudo, a intervenção de um só para os imobilizar. Estavam equipados com dois tipos de travão, um de garra, ainda em funcionamento, que actua apertando os carris centrais entre duas sapatas, e outro por pressão sobre os carris. A cremalheira desapareceu após a electrificação. A transmissão de corrente aos motores era feita através de pantógrafos instalados no tejadilho. Em 1915 seria inaugurada a transmissão eléctrica.
A “Nova Companhia dos Ascensores Mecânicos de Lisboa”, foi, entretanto, dissolvida em 1926, transferindo-se, então, a exploração dos ascensores de Lisboa para a “Companhia Carris de Ferro de Lisboa”, construindo-se para este “Elevador da Glória”, desde logo, um abrigo para o ascensor e passageiros junto aos Restauradores, ainda que fosse retirado logo em 1934, em resultado das crescentes críticas negativas que mereceu por parte de um amplo sector da opinião pública, mantendo-se, no entanto, a nova cor escolhida, o amarelo.
Abrigo para o Ascensor e passageiros e “Central Cinema”, em foto de 1931
Calçada da Glória e Ascensor, em fotos de 1964
Ascensor no terminus de São Pedro de Alcântara
Interior do Ascensor e foto de 1985
Actualmente, o “Elevador da Glória”, considerado Monumento Nacional desde 2002 e a par com o “Elevador da Bica”, “Elevador do Lavra” e do “Elevador de Santa Justa”, é constituído por dois carros que sobem e descem alternada e simultaneamente ao longo de duas vias paralelas de carris de ferro, assim como por uma cabina tricompartimentada distribuída pelas áreas de condução, propriamente ditas, e a do público, na zona central do corpo, onde se encontram dois bancos fronteiros e corridos.
“Elevador da Glória”, actualmente
Fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian, Hemeroteca Digital
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